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Surto em Tóquio #14: no Centro de Imprensa, 'A Rotina tem Seu Encanto'


Boa noite pessoal! Depois de uma reflexão mais séria publicada nesta manhã brasileira, vou falar um pouquinho do dia a dia aqui. Como é minha primeira olimpíada, para mim é impossível comparar como era antigamente, mas pelo que o pessoal fala é completamente diferente. Com restrições no deslocamento, o ambiente no Centro de Imprensa tem sido um dos destaques destes primeiros dias em Tóquio.

Para começar, tem uma sensação de que tudo ou quase tudo está sendo feito online. Tradicionalmente poderíamos acompanhar os treinos, visitar as bases, entrevistar e interagir com atletas e dirigentes, levar personagens para pontos famosos da cidade, ou entrevistar locais. Tudo isso está proibido ou muito limitado

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Por enquanto, o Centro de Imprensa está bem vazio, mas repleto de brasileiros. Na terça-feira, o pessoal do Inside the Games chegou com seus uniformes e mochilas pretos e personalizados com o nome de cada um, assim como o computador todo plastificado de verde com a logo deles. Aos poucos, o pessoal do Sistema Olímpico de Transmissão (OBS em inglês) sempre com suas camisas e bermudas entre o bege e o câqui vai enchendo o entorno de suas mesas de equipamentos e aos poucos deixando o MPC com mais cara de english-speaking do que Nihongo ou Português.

As mesas são longas e tem umas separações de acrílico que mais atrapalham do que ajudam porque são meio bambas mas pelo menos passam segurança de covid-19. Aquele café meio ruim típico de redação tá sempre ali nos esperando, como a coca-cola caríssima da máquina. Às vezes dá sorte de ter café fresco numa garrafinha térmica, e meus olhos brilham. O chá verde e chocolate é liberado, para nossa alegria.

Muitos repórteres japoneses não podem entrar no Centro de Imprensa por não terem credenciais e ficam trabalhando do lado de fora. O número de brasileiros é tão grande que está chamando a atenção. Ontem mesmo, estavam atrás de algum jornalista da nossa delegação para dar entrevista à uma TV local. André Rossi, do Olimpíada Todo Dia foi lá representar o "Time Brasil", e apareceu na telinha japonesa a noite.

Para quem não via mais do que três pessoas juntas há um ano e meio é sensacional trabalhar com tanta gente, e o dia-a-dia ajuda a gente a terminar todas as tarefas, tirar alguma dúvida específica mais rápido ou mesmo se inspirar e ser inspirado. Como diz o título brasileiro do último filme do mestre japonês Ozu Yasujiro, "A Rotina tem Seu Encanto".

O problema é que o transporte dos hoteis para o centro de imprensa é a coisa mais desorganizada por enquanto da impecável organização apresentada. Daí tem que se programar direitinho para não perder mais tempo na espera e trânsito. E alguns dias, aproveito ainda a privacidade do quarto de hotel para focar mais quando necessário. Porque é claro que rola muita resenha lá no Centro de Imprensa também.

Não existe um quadro de horários estritamente confiável e o trânsito de Tóquio não ajuda. Ontem esperei mais de uma hora e meia para pegar o ônibus. Daí o ideal é sempre ir cedinho para pegar o horário de pico. Agora teremos disponíveis alguns vouchers de táxi, o que já ajuda e muito. Uma das coisas que mais vemos por aqui, inclusive são os táxis pretos todos adesivados com os logos da Tóquio 2020.


comida japonesa
Minha comida favorita por enquanto.

Sobre a alimentação, tenho tentado equilibrar os pacotes baratinhos de noodles, comidas conhecidas e a descoberta de iguarias que parecem típicas. Dia desses eu comi finalmente uma enguia muito gostosa. O nome do prato em ingles é Fresh tuna & Chopped fatty tuna with scallion rice bowl, numa tradução livre atum fresco com otoro e arroz e cebolinha verde, mas tem uns peixinhos - mortos, claro - com olhões que podem intimidar alguns. 

Pelo que me falaram, é bem difícil a vida de vegetariano aqui, já que a culinária é bem baseada em frutos do mar. Eu particularmente adoro peixes e tou aproveitando ao máximo, especialmente quando pudermos sair das áreas designadas e explorar a cidade.

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