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Quatro anos da Rio 2016: Poliana Okimoto e a luta pela voz dos atletas


Com três medalhas olímpicas, o dia 15 de agosto de 2016 foi memorável para o esporte brasileiro. Talvez as conquistas do ouro de Thiago Braz e da prata de Arthur Zanetti ofusquem o brilho do bronze de Poliana Okimoto, mas aquele pódio foi um dos mais importantes da história olímpica nacional, sendo o primeiro de uma nadadora brasileira. Encerrando as comemorações de lembranças daquela segunda-feira, o Surto Olímpico revirou - mais uma vez - seu arquivo digital para vivenciar os detalhes da conquista, bem como lembrar do ciclo olímpico seguinte da medalhista. 

Depois de ir a Londres-2012 como uma das favoritas e ter abandonado a prova pela metade, Poliana Okimoto chegou ao Rio com certo olhar de desconfiança, mas ainda assim na briga pelo pódio. "O Brasil tinha uma favorita na prova da maratona aquática, que era Ana Marcela Cunha, mas foi Poliana Okimoto quem conseguiu uma medalha olímpica", como disse Marcos Antônio à época. 

Ana e Poliana, aliás, se mantiveram no pelotão dianteiro durante o primeiro quarto da prova. A francesa Aurelie Muller tomou a ponta até a metade da prova, quando a neerlandesa Sharon van Rowendaal assumiu a liderança e assim a manteve até o final. As brasileiras seguiam na frente, mas Ana começou a ficar pra trás na reta final da prova (vindo a terminar na décima posição).

Apesar de manter-se focada e com um forte ritmo no nado, ela não terminou entre as três primeiras colocadas, finalizando na quarta colocação. A sua frente, van Rowendaal, Muller e a italiana Rachelle Bruni, nessa ordem. Seu resultado já a deixaria com o melhor desempenho de uma nadadora brasileira na história das Olimpíadas, mas mal ela sabia que uma medalha ainda aguardava por ela.

Ao final da prova, os juízes revisaram o vídeo da chegada e perceberam uma atitude antidesportiva de Muller. No sprint final, ela se apoiou em Bruni para bater na tábua de chegada, o que é ilegal. Assim, foi desclassificada da competição e Poliana herdou o bronze, para festa dos brasileiros na praia de Copacabana, que pularam nas areias e no mar, em comemoração, como relatou Erik Cardoso, um de nossos antigos membros que esteve presente in loco como torcedor.

"Deus é brasileiro, deixou o mar tranquilo, com uma água boa. Fiz a melhor prova da minha vida. No fim eu estava morta, mas dei um gás no sprint. Eu não sabia sobre a medalha, e enquanto não saiu o resultado oficial... aí que descarrega, que vem o choro", disse ela ao canal SporTV, logo após a medalha. Confira todos os detalhes da prova olímpica aqui.

Pós-medalha

 
Poliana Okimoto competiu pouco mais de um ano após a medalha olímpica antes de se aposentar (Divulgação/Rio 2016)

Poucos meses depois, a medalhista ficou com o vice-campeonato do circuito da Copa do Mundo de Maratona Aquática, após conquistar o bronze na última etapa da competição, em Hong Kong. Ainda no final do ano olímpico, a brasileira não pensava em se aposentar e chegou a falar das dificuldades para o ciclo olímpico de Tóquio, em entrevista ao Estadão. Ela também tinha como foco o Mundial de Esportes Aquáticos de 2017, que não viria a disputar.

Manteve o alto nível do ano anterior, Poliana iniciou 2017 com a prata na primeira etapa da Copa do Mundo da temporada, em Viedma, na Argentina. No entanto, foi mal na etapa seguinte, em Abu Dhabi, encerrando na 24ª colocação. No Troféu Maria Lenk daquele ano, foi prata nos 800m e 1.500m livre e bronze nos 400m livre do Maria Lenk de 2017.

Em março, a nadadora iniciou sua caminhada tendo maior voz no esporte. Ela foi eleita para a Comissão de Atletas do Comitê Olímpico Brasileiro (CACOB). Pouco tempo mais tarde, assinou uma carta aberta - que envolveu todos os medalhistas olímpicos da natação - após a prisão do ex-presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Coaracy Nunes, se mostrando preocupada com a situação do esporte nacional.

Menos de um ano depois da conquista olímpica, em julho de 2017, Poliana lançou sua biografia, contando a trajetória pessoal e esportiva, "desde o surgimento como um fenômeno das piscinas na juventude, passando ao ingresso nas provas de águas abertas em uma época em que já considerava a aposentadoria do esporte, a ascensão meteórica na nova modalidade com conquistas de nível internacional, a depressão após uma frustração olímpica, a volta por cima ao ser escolhida a melhor atleta da modalidade do planeta, a rotina de sacrifícios e privações, e, claro, os detalhes da histórica conquista da medalha de bronze na praia de Copacabana na prova de 10 km nos Jogos Olímpicos de 2016", como detalhou Regys Silva.

Talvez tenha sido este o grande destaque dos momento finais de sua carreira. Quatro meses mais tarde, anunciou a aposentadoria das competições profissionais, encerrando a vitoriosa carreira de um bronze olímpico e seis medalhas olímpicas, incluindo um título em 2013. Em dezembro, ela ainda participou do Desafio Rei e Rainha do Mar, e venceu, ao lado de Ana Marcela Cunha e Allan do Carmo.

Em abril do ano seguinte, ela entrou para o Hall da Fama das Maratonas Aquáticas, da Federação Internacional de Natação (FINA), tornando-se a primeira brasileira a adentrar no seleto grupo

Mais recentemente, Poliana foi uma das líderes do grupo que defendeu a volta segura das competições de maratonas aquáticas pós-pandemia. Ela também iniciou um movimento para questionar a CBDA pela presença de apenas uma nadadora mulher na Missão Europa, do COB.
Hoje, ela é pré-candidata à reeleição do CACOB, em votação que será iniciada no dia 24 de agosto

Foto de capa: Agência O Globo

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