Aos 21 anos, João Carlos de Oliveira desembarcava na Cidade do México como promessa do atletismo brasileiro na disputa dos Jogos Pan-americanos. Ele começou a ser conhecido no mundo do esporte quando bateu o recorde mundial júnior aos 19 anos e vinha para manter a tradição brasileira de triplistas viva, após Adhemar Ferreira da Silva e Nélson Prudêncio brilharem nos anos 50,60 e início dos 70.
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Já procurado pela imprensa brasileira no México, e lá se deu o apelido que marcaria a vida de João Carlos. Segundo o seu técnico 'Pedrão', um repórter procurando por João perguntou a um atleta que respondeu: "Ah, o João do Pulo?"
Mas convenhamos que o apelido não pegaria tão bem se João não tivesse uma atuação de gala nesse Pan. Ele brilhou: Foi medalha de ouro no Salto em distância, com 8,19m e no dia 15 de outubro, ele faria história, saltando a incríveis 17,89m, novo recorde mundial, 45 centímetros acima da antiga marca, feita pelo lendário carrasco Viktor Saneyev.
O feito de João do Pulo foi tão incrível, que ele automaticamente virou uma celebridade nacional quando voltou ao Brasil, a maior do esporte amador em 1975 e nos anos seguintes. Conquistou o bronze em 76, e em 1979 ele voltaria a dominar as duas provas no Pan de San Juan, Porto Rico.
João do Pulo ainda foi tri mundial em 77,79 e 81 e foi bronze novamente em Moscou - em uma decisão bem controversa, pois muitos dizem que ele teve saltos bons anulados só para os soviéticos vencerem - e um acidente de carro no fim de 1981 acabou tirando a chance do mundo ver João do Pulo conquistar o tri pan-americano e o sonhado ouro olímpico em 84. Nove meses depois do acidente, João teve que amputar a perna encerrou a carreira. Virou deputado estadual em São Paulo, mas no fim da vida, a depressão o fez cair na bebida e uma cirrose hepática o matou, aos 45 anos.
Seu recorde mundial de 17,89m levou 10 anos para ser superado; ele permaneceu como recorde brasileiro e sul-americano por 32 anos; Até hoje é o recorde pan-americano e a marca continua como uma das vinte melhores marcas da história do salto triplo.
foto: J.França/Folhapress
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