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Parada das Nações Tóquio 2020 - Antígua e Barbuda



A Antígua e Barbuda é um país independente desde o dia 1º de novembro de 1981. No entanto, antes mesmo de ganhar essa ‘autonomia’, eles tiveram a oportunidade de participar de uma edição da Olimpíada. Mas antes de falar sobre a trajetória olímpica, precisamos passear um pouco pela história desta nação.

Antígua e Barbuda é formada por 37 ilhas localizadas entre o Mar do Caribe e o Oceano Atlântico, mas de todos esses pedaços de terra no meio de tanta água, dois são os principais e dão nome ao país: ilha de Antígua e ilha de Barbuda. Dos 35 territórios restantes, apenas seis são habitados: Great Bird, Green, Guinea, Long, Maiden e York.

Os primeiros habitantes surgiram há quase 4,5 mil anos, muito antes do território ganhar notoriedade. Em 1493, Cristóvão Colombo ‘avistou’ as ilhas e promoveu a colonização em nome do reino espanhol. Até que em 1632, um grupo de ingleses, liderados por Edward Warner, partiram de São Cristóvão e Névis e desembarcaram no sul da ilha de Antígua, reivindicando o arquipélago para a Inglaterra.

E como toda colônia, Antígua e Barbuda foi por muitos anos usada como recurso mercantil, ganhando destaque na produção de açúcar, o que mudou drasticamente a economia do conjunto de ilhas.

Mas além do avanço, os ingleses levaram escravidão à colônia. Esse era o principal meio para obtenção de mão de obra para as plantações de cana de açúcar no conjunto de ilhas. Até que em 1834, tal barbárie foi abolida.

Durante quatro anos (1958-1962), Antígua e Barbuda passou a fazer parte da Federação das Índias Ocidentais (grave este nome), um grupo de territórios no Caribe (com Barbados, Jamaica, Trinidad e Tobago, entre outros) que tentou criar uma unidade política independente da Grã-Bretanha, assim como a Austrália, por exemplo.

Mas as declarações de independência da Jamaica (6 de agosto de 1962) e de Trinidad e Tobago (31 de agosto de 1962) fizeram a Federação deixar de existir. Até que finalmente, em 1981, Antígua e Barbuda obteve sua própria independência.

No entanto, vale ressaltar: Antígua e Barbuda ainda tem ligação com a Grã-Bretanha. Isso porque o país é um Reino da Commonwealth (Comunidade das Nações Britânicas). Apesar de não estarem mais unidos aos seus colonizadores, eles participam desta organização intergovernamental e têm em seu país um representante da rainha Elizabeth II (denominado Governador-Geral).

Porém, isso não significa que os governos sejam dependentes. Cada um dos países da desta ‘Comunidade’ tem seu próprio primeiro-ministro, assim como Antígua e Barbuda.

A história olímpica

Antígua e Barbuda formaram um Comitê Olímpico Nacional em 1965, demonstrando suas intenções de participar dos Jogos da Comunidade Britânica do ano seguinte. Após ajustes em seu estatuto, o país foi reconhecido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), que permitiu sua participação na Olimpíada de Montreal, em 1976.

Desde então, Antígua e Barbuda participou de todas as edições dos Jogos Olímpicos, com exceção à Olimpíada de Moscou, em 1980. Isso porque a nação foi uma das participantes do boicote ao megaevento, liderado pelos Estados Unidos. Você pode relembrar esse caso nesta edição de Surto História sobre o tema.

Apesar das dez participações olímpicas, o país nunca conquistou uma medalha no evento, assim como também nunca foi medalhista nos Jogos da Comunidade Britânica. É importante ressaltar ainda, que a nação nunca participou dos Jogos Olímpicos de Inverno.


Em Montreal 1976, dez atletas antiguanos, todos homens, em duas modalidades (atletismo e ciclismo) representaram o país em sua primeira Olimpíada. Um dos pioneiros foi Calvin Greenaway. Polivalente, o atleta, que estudou na Inglaterra, pela University Of East London, competiu como velocista e foi capitão do time de vôlei da instituição.

Na volta à Antigua, Greenaway reiniciou o trabalho da Associação Nacional de Voleibol do país e ajudou a formar uma liga local. Em sua trajetória olímpica, ele competiu duas provas: o revezamento 4x100 e o salto em distância. Um dos seus melhores resultados na carreira foi a oitava colocação conquistada nos Jogos Pan-americanos de 1979, em San Juan, Porto Rico.

Apenas em Los Angeles-1984, as primeiras mulheres antiguanas puderam representar a nação em uma edição de Olimpíada. Jocelyn Joseph, Laverne Bryan, Monica Stevens e Ruperta Charles fizeram história ao competirem na prova de revezamento 4x400. Charles esteve presente ainda na prova dos 100m rasos, Joseph participou nos 400m e Bryan fez as provas de meio-fundo, 800m e 1.500m.

Um dos atletas antiguanos de maior destaque nos Jogos Olímpicos é o velocista Daniel Bailey. Ele conta com quatro participações entre 2004 e 2016, sendo o porta-bandeiras nas cerimônias de abertura de Atenas 2004, Londres 2012 e Rio de Janeiro 2016.

Durante suas participações olímpicas, antiguanos estiveram presentes em oito modalidades. Além do seu carro-chefe, o atletismo, eles competiram também no boxe, canoagem de velocidade, mountain bike, ciclismo de estrada, ciclismo de pista, vela e natação. De olho nos jogos Olímpicos de Tóquio, neste ano, Antígua e Barbuda ainda não tem atletas classificados para o evento.


O sucesso antiguano no Pan e o ouro em terras brasileiras


A Antígua e Barbuda, de forma independente, passou a disputar os Jogos Pan-americanos em San Juan-1979. Como abordamos anteriormente, o país fez parte da Federação das Índias Ocidentais, que disputaram o evento na edição de Chicago-1959.

Com isso, é correto afirmar que o primeiro antiguano a conquistar uma medalha pan-americana foi o ex-primeiro-ministro Lester Bird. Antes de entrar no ramo da política, ele era atleta e participou da prova de salto em distância em Chicago-1959, ficando com o bronze. No entanto, vale ressaltar que o feito foi realizado sob a bandeira da Federação das Índias Ocidentais.

A velocista Heather Samuel foi responsável pela primeira medalha pan-americana conquistada por um atleta antiguano, sob a bandeira de seu próprio país. Ela ficou com o bronze na prova dos 100m rasos em Mar del Plata-1995.

Em 11 participações no Pan, Antígua e Barbuda obteve apenas uma medalha de ouro. E foi justamente na edição do Rio de Janeiro, em 2007. O velocista Brendan Christian venceu a prova dos 200m rasos, marcando o tempo de 20s37, ficando apenas 0,01 na frente do jamaicano Marvin Anderson, que chegou em segundo.

Christian chegou à semifinal dos 200m rasos no Mundial de Berlim em 2009. Foto: Alcheron

Graças ao ótimo desempenho, Christian ganhou mais uma medalha no Pan do Rio-2007. Ele foi medalhista de bronze nos 100m rasos, com a marca de 10s26, ficando atrás apenas de Churandy Martina, das Antilhas Neerlandesas e Darvis Patton, dos Estados Unidos.

Nos Jogos de Lima-2019, o país esteve presente em três pódios. A melhor atleta antiguana no evento foi Priscilla Frederick, medalhista de prata no salto em altura. As outras medalhas vieram no boxe, com Alston Ryan (bronze nos 64 kg) e no atletismo, com Cejhae Greene (bronze nos 100m rasos).

Onze medalhas, mas nenhum ouro nos Jogos da América Central e Caribe


Outro evento continental/regional no qual Antígua e Barbuda participa são os Jogos Centro-americanos e do Caribe, que também conta com alguns países da América do Sul, como Colômbia e Venezuela.

Foram 11 medalhas antiguanas, sendo cinco de prata e seis de bronze. Lembra da Heather Samuel, responsável pela primeira medalha pan-americana do país? Ela também ganhou duas das três primeiras medalhas nos Jogos Centro-americanos e do Caribe.

Ela obteve a prata nos 100m rasos e o bronze nos 200m rasos, na edição disputada na Cidade do México-1990. Ainda nesta edição do evento, Dale Jones foi vice-campeão nos 800m.

A última medalha do país nos Jogos foi conquistada na edição mais recente, realizada em Barranquilla, Colômbia, em 2018, pelo velocista Cejhae Greene, bronze na prova de 100m rasos, mantendo a tradição de Antígua e Barbuda em competições de velocidade no atletismo.

Greene foi bronze nos 100m rasos nos Jogos Centro-americanos e do Caribe de 2018 e no Pan de 2019. Foto: ABS Radio Antigua


Esportes populares em terras antiguanas


+ Críquete


Este é o esporte mais popular em Antígua e Barbuda. Em nível internacional, o país é representado pela seleção das Índias Ocidentais, que tem uma das equipes mais fortes do mundo. Ela é a oitava colocada no ranking do T20 masculino e a sexta no T20 feminino. Você pode saber mais sobre a modalidade clicando aqui e depois aqui.

As Índias Ocidentais conquistaram dois títulos da Copa do Mundo de T20 masculino, sendo a atual campeã do evento. No feminino, o triunfo foi alcançado em 2016, quando as atletas das diversas ilhas do Caribe impediram o tetracampeonato das australianas.

Antígua e Barbuda conta com um estádio para críquete, com capacidade para 10 mil pessoas e que está localizado na região de North Sound. É o Sir Vivian Richards Stadium, que sediou partidas da Copa do Mundo de Críquete de 2007. O nome da arena foi escolhido em homenagem a um dos maiores jogadores antiguanos da história.

Richards foi nomeado Sir em 1999. Foto: Super Deportistas


Vivian Richards é considerado por muitos, um dos melhores rebatedores de todos os tempos no críquete. Ele foi eleito um dos cinco melhores jogadores do século, num painel composto por 100 especialistas na modalidade, estabelecido em 2000.

Como capitão da seleção das Índias Ocidentais, ele venceu 27 de suas 50 partidas e contabilizou apenas oito derrotas. Em 2009, Richards foi introduzido no Hall da Fama do Conselho Internacional de Críquete (ICC). Hoje, aos 69 anos, a lenda deste esporte tão amado em Antígua e Barbuda aparece as vezes na televisão, atuando como comentarista, além de ser mentor de equipe.


+ Netbol


Esse esporte que é similar ao basquete, tem muita popularidade em Antígua e Barbuda. A seleção nacional ocupa a 31ª colocação no ranking mundial da Federação Internacional de Netbol, que conta atualmente com 44 países (sendo a 8ª melhor entre países do Caribe).

Das 15 edições da Copa do Mundo de Netbol, que ocorre desde 1963, as atletas antiguanas participaram de quatro: 1979 (12ª posição), 1983 (9ª), 1995 (12ª) e 2003 (17ª). O evento é amplamente dominado pela Austrália, que sempre chegou à final e soma 11 títulos.

Uma das principais jogadoras da história do país, Karen Joseph, é a atual presidente da Associação de Netbol de Antígua e Barbuda. Ela está no comando da entidade há quatro anos e nesse período a seleção voltou a evoluir e ganhou posições no ranking mundial.

Veja abaixo um pouquinho do 'clássico' caribenho de netbol: Antígua e Barbuda x Santa Lúcia.




+ Futebol

Filiada à Federação Internacional de Futebol (FIFA) desde 1970, a seleção de Antígua e Barbuda disputou sua primeira partida oficial em 1972, quando enfrentaram Trinidad e Tobago fora de casa. Foi uma ‘sova’ de 11 a 1 para os anfitriões, o que não desanimou o time antiguano.

Entre 2011 e 2012, a seleção de futebol masculino de Antígua e Barbuda fez uma campanha histórica nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil. Entrando diretamente na segunda fase do evento de classificação da América Central e do Norte, os antiguanos venceram cinco de seis partidas, num grupo que contava com equipes de mesmo nível, como Haiti, Curaçao e Ilhas Virgens Americanas.

O desempenho antiguano resultou na inédita ida do país à terceira fase das eliminatórias da América Central e do Norte. Desta vez, em seis jogos o time conquistou um empate, contra a Jamaica e cinco derrotas, duas delas para os Estados Unidos (com direito a gol do atacante Peter Byers, jogador que disputou mais partidas pela seleção).

Byers jogou entre 2008 e 2010 no Montreal Impact, ex-clube da Major League Soccer. Foto: Antigua Observer

Hoje, Antígua e Barbuda ocupa a 126ª posição no ranking FIFA de seleções masculinas e a 137ª colocação no ranking de seleções femininas.

A seleção antiguana de futebol feminino também nunca obteve grandes resultados. Sua estreia ocorreu em 2004, na capital, Saint John, com uma vitória diante Anguilla por 1 a 0. A pior derrota do país ocorreu três anos depois, um 12 a 0 contra a Jamaica, em partida disputada em casa.

A melhor vitória da seleção antiguana de futebol feminino é recente. Em 2018 elas encararam o time de Curaçao e venceram por 3 a 0.

Atletas de destaque

Daniel Bailey (atletismo): 

Um dos principais velocistas da história de seu país, Bailey é dono de uma medalha de bronze na prova dos 60m, no Mundial de Atletismo Indoor de Doha, em 2010. Essa é uma prova não-olímpica, porém, tornou-se uma importante conquista para Antígua e Barbuda.

Uma de suas melhores marcas na carreira, dentro dos 100m rasos, ocorreu no Mundial de Atletismo de 2009, disputado em Berlim. Em pleno Olympiastadion, palco de grandes momentos do esporte, o protagonista da prova foi Usain Bolt, claro, que quebrou o recorde mundial que dura até hoje (9s58).

Mas Bailey também teve um forte desempenho, ficando com a quarta colocação, graças a sua marca de 9s93, ficando atrás apenas de Bolt, Tyson Gay e Asafa Powell.

Bailey esteve presente em quatro edições dos Jogos Olímpicos e seu melhor desempenho foi alcançado em Londres-2012, quando foi à semifinal, ficando em sexto lugar, fora da grande final.


Karin Clashing O'Reilly (natação): 

Uma das três nadadoras antiguanas que foram aos Jogos Olímpicos, Karin nasceu em San Jose, na Costa Rica. Em Londres-2012, ela competiu na prova de 50m livre, marcando o tempo de 30s02, vencendo sua bateria, mas ficando de fora da próxima rodada. Ela terminou o evento na 55ª posição.

A família de Karin é muito envolvida com a natação e sua mãe, Edith, é responsável por seus treinamentos. Além disso, a irmã de Karin, Christal, também foi nadadora olímpica e participou dos Jogos Olímpicos de Atenas-2004, ficando com a 67ª colocação nos 50m livre.

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