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Brasil, 100 anos olímpicos - Londres 2012




Na terceira visita dos Jogos Olímpicos a Londres na história, o Brasil ia para capital britânica em busca de um resultado tão bom ou melhor do que em Pequim, apesar da delegação menor que levou em relação à capital chinesa. Por outro lado, o nível do investimento foi o maior da história, já visando às Olimpíadas de 2016 que seriam realizadas no Brasil. Após duas candidaturas mal-sucedidas para os Jogos de 2004 e 2012, enfim o Rio de Janeiro fora escolhido como sede pelo COI em 2009.
O número de ouros foi o mesmo de 2008: Três. E desses três, um bicampeonato A Seleção de vôlei feminino defendeu sua hegemonia e conseguiu um inédito bicampeonato olímpico. Bi que quase não veio, após uma péssima primeira fase que o fez Brasil se classificar em quarto em uma combinação de resultados, e um jogo memorável contra Rússia nas quartas de final, em que a seleção salvou nove match points para vencer o jogo no tie break, em uma das partidas de vôlei mais espetaculares da história olímpica. 

Foto: Washington Alves/AGIF/COB

Na final, os Estados Unidos queriam revanche por Pequim, mas foram atropeladas novamente por 3 sets a 1 (11-25,25-17,25-20 e 25-17), consagrando Sheilla, Thaisa, Jaqueline, Fabi Alvim, Fabiana e Paula Pequeno como bicampeãs olímpicas, assim como Adhemar Ferreira da Silva, Giovane, Maurício, Robert Scheidt, Torben Grael e Marcelo Ferreira. Já José Roberto Guimarães se sagrava tricampeão olímpico - feito inédito para um técnico brasileiro - e entrava de vez no panteão de maiores técnicos da história do vôlei.

O segundo ouro surpreendeu, sendo inédito: O jovem ginasta Arthur Zanetti era cotado na briga por medalhas por ter sido medalha de prata no Mundial de Ginástica. Mas após o quarto lugar na fase de classificação das argolas, prova que é sua especialidade, Zanetti fez uma atuação magnífica na final e superou o favorito e campeão olímpico em Pequim Chen Yibing (CHN) por 0.100 pontos - diferença esta graças ao nível de dificuldade da série de Zanetti. O chinês reclamou bastante, por acreditar que o brasileiro teve a nota inflada, mas não adiantou. Arthur Zanetti conquistou a primeira medalha olímpica da ginástica brasileira na história e ela foi logo de ouro, marcando seu nome na história olímpica brasileira aos 22 anos.

Foto: Alaor Filho/AGIF/COB
O terceiro ouro também foi inédito e também podemos dizer que foi uma surpresa, já que a judoca Sarah Menezes, bronze no mundial em 2011, era cotada pelo pódio na categoria até 48Kg. Mas assim como Zanetti, Sarah fez uma competição perfeita e na final venceu a campeã olímpica em Pequim e favorita Alina Dumitru (ROU) para se tornar a primeira judoca brasileira campeã olímpica da história, ao 22 anos.

Foto: Daniel Ramalho/AGIF/COB

Já a seleção de vôlei masculino comandada por Bernardinho teve mais uma chance de conquistar um ouro olímpico, pois chegou a sua terceira final olímpica seguida, dessa vez contra a Rússia. E parecia que o final seria diferente de 2008, já que o Brasil controlava o jogo e vencia os russos por 2 sets a 0 e rumava para fechar o terceiro set com tranquilidade. Mas uma alteração tática dos russos, com o meio de rede Musersky indo para posição de oposto, mudou totalmente a partida, fazendo a Rússia virar o jogo de forma inacreditável no tie-break e deixando o Brasil com mais uma prata, essa bem mais amarga do que a de 2008.

Foto: Daniel Ramalho/AGIF/COB

Outra prata agridoce foi no boxe. Esquiva Falcão quebrava um jejum de 44 anos sem medalhas do Brasil na modalidade e ele ainda fez mais, sendo o primeiro brasileiro a chegar em uma final olímpica na história. Mas seu confronto pelo ouro da categoria médio contra Ryota Murata (JPN) foi bastante equilibrado e controverso, e terminou com vitória do japonês por 14 a 13; Esquiva, filho do lendário boxeador capixaba Touro Moreno, teve que se contentar com a prata. Uma punição no último round que lhe tirou dois pontos foi alvo de polêmica e Esquiva até hoje considera ter sido prejudicado por essa punição. Atualmente, ambos são profissionais e segundo Esquiva, Murata vem há tempos fugindo de uma revanche contra ele.

Um detalhe interessante é que o outro filho de Touro Moreno e irmão de Esquiva, Yamaguchi Falcão também conquistou sua medalha olímpica, um bronze na categoria leve ao ser derrotado por Ekon Mehkontsev (RUS), mostrando que a 'mão pesada' é herança de família.

O boxe brasileiro completaria a melhor participação da sua história logo na estreia da modalidade feminina. A baiana Adriana Araújo perdeu na semifinal da categoria leve para Sofya Ochigava (RUS), mas levou a medalha de bronze, a primeira medalha olímpica do boxe feminino brasileiro.

Foto: Alaor Filho/AGIF/COB

Mais uma vez a seleção de futebol masculino vinha com o favoritismo. Tendo jovens promessas como Neymar, Oscar, Paulo Henrique Ganso, Alexandre Pato e Leandro Damião junto de nomes consagrados da seleção principal como Thiago Silva, Marcelo e Hulk, o Brasil chegou a sua terceira final olímpica, dessa vez contra o México. 

Mas assim como em 1984 e 1988, saiu derrotado, com o agravante do México ter feito na decisão o gol mais rápido da história das Olimpíadas com Peralta aos 29 segundos de jogo. Ele ainda marcaria mais outro e Hulk descontaria no fim da partida.  De consolação ficou a medalha de prata - que custaria o cargo do técnico Mano Menezes meses depois - a artilharia do campeonato,com os seis gols de Leandro Damião. 

Foto: Valterci Santos/AGIF/COB

A dupla Alisson e Emanuel era outra aposta ao ouro e conseguiu chegar até a final olímpica, mas em um confronto equilibradíssimo, a dupla brasileira foi derrotada por Brinck/Reckermann (GER) por 2 sets a 1 (21-23,21-16 e 14-16). Emanuel, assim como Ricardo, encerrou sua participação olímpica com três medalhas olímpicas: uma de ouro, uma de prata e uma de bronze. Inclusive os dois tentaram reeditar a dupla para encerrarem a carreira nos Jogos do Rio, mas infelizmente, não conseguiram.

Foto: Valterci Santos/AGIF/COB

Já uma medalha de prata muito comemorada foi a de Thiago Pereira. Pois essa medalha veio na prova que não era sua preferida - os 400m medley -  e foi uma atuação espetacular superando Kasuke Hagino (JPN) - bronze -  e Michael Phelps (USA) - quarto lugar - em uma briga braçada a braçada, que lhe deu o tempo de 4m08s86, recorde sul-americano,  para comemorar a tão sonhada medalha olímpica que não veio em Pequim.

Além do ouro de Sarah Menezes, o judô ainda faturaria mais três medalhas de bronze em Londres: Felipe Kitadai, que venceu Elio Verde (ITA)  na categoria até 60kg; Mayra Aguiar, que venceu Marhinde Verkerk (NED) na categoria até 78kg e Rafael Silva ‘Baby’, que venceu Kim Sung Min (KOR) na categoria acima de 100 kg. As quatro medalhas conquistadas pelo judô brasileiro foi um recorde em Jogos Olímpicos.

Cesar Cielo, badalado pelo bicampeonato mundial dos 50m livre e querendo igualar Alexander Popov (RUS) e Gary Hall Jr. (USA)  bi olímpicos da prova,  não conseguiu repetir o feito de 2008,  mas terminou na terceira posição, levando o bronze com 21s59, tempo 0s05 pior do que o da semifinal. Aos repórteres após a prova, Cielo alegou que o cansaço pela disputa dos 100m livre, onde terminou em sexto, influenciou no seu tempo. Essa foi a terceira  e - até o momento - última medalha olímpica da sua carreira.

Os velejadores Robert Scheidt e Bruno Prada foram outros favoritos que ficaram com o bronze na classe star após ficarem em sétimo na regata da medalha, frustrando as chances do tri olímpico de Scheidt. Essa acabou sendo a quinta medalha dele em cinco Olimpíadas consecutivas, igualando Torben Grael. E pensar que esse foi o pior resultado de Scheidt em Olimpíadas até então...

Juliana e Larissa puderam enfim competir juntas em uma olimpíada – em 2008 Juliana se contundiu e foi substituída por Ana Paula – e a dupla brasileira acabou perdendo na semifinal de virada para Kessy/Ross (USA) (21-15,19-21 e 12-15), uma derrota dolorida para quem esperava a final contra Walsh/May (USA). Na disputa do bronze, Juliana e Larissa venceram Xue/Zhang (CHN) por 2 sets a 1 (11-21,21-19 e 15-12) para ficar com o bronze.


O último bronze acabou vindo no último dia dos jogos e em um esporte em que o Brasil não tem nenhuma tradição. Yane Marques surpreendeu as adversárias no Pentatlo Moderno para fechar com 5340 pontos e ficar com uma inédita medalha de bronze - a primeira latino-americana a ganhar uma medalha olímpica no Pentatlo. Como recompensa por seu grande feito, a atleta pernambucana viria como porta-bandeira do Brasil nos jogos Rio 2016

Na trave!

Na época considerado sucessor de Cesar Cielo nas piscinas, Bruno Fratus já quis pegar o bastão com o brasileiro nos 50m livre, mas no fim ele foi superado por apenas 0s02 e ficou na quarta posição enquanto Cielo foi bronze. Outro nadador que bateu na trave foi Thiago Pereira, que assim como em Pequim ficou em quarto lugar nos 200m medley, a 0s52 de Lazlo Cseh (HUN), medalha de bronze.

Em sua segunda e última participação olímpica, o lutador Diogo Silva bateu na trave mais uma vez no Taekwondo. Assim como em Atenas, o Brasileiro chegou na disputa do bronze, mas saiu derrotado, dessa vez por Terrence Jennings (USA) por 8 a 5.


Marilson dos Santos, duas vezes vencedor da maratona de Nova York, foi o grande nome do Brasil na maratona e conseguiu um bom quinto lugar. Paulo Roberto Paula terminou em oitavo e Franck Caldeira foi o décimo terceiro, em uma ótima atuação brasileira em Londres.

Robenílson de Jesus quase garantiu a quarta medalha do boxe brasileiro, caindo nas quartas de final para Lázaro Alvaréz (CUB) por 16 a 11 no peso mosca.

Tiago Camilo e Maria Suelen Althmann também tiveram a chance de aumentar o número de medalhas do judô. Camilo poderia ter se isolado como o maior medalhista da história do judô, mas acabou derrotado por Ilia Iliadis (GRE) na disputa do bronze enquanto Maria Suelen perdeu a chance de pegar sua primeira medalha para Tong Wen (CHN), também na disputa do terceiro lugar.


Estreias

O Brasil enviou representantes pela primeira vez para o ciclismo BMX. Renato Rezende e Squel Stein disputaram a competição masculina e feminina respectivamente, com Squel ficando com o melhor resultado, ficando na semifinal.

A volta do basquete masculino

Depois de três Olimpíadas ausente, o basquete masculino do Brasil voltou em Londres comandado por Ruben Magnano, que foi campeão olímpico com a Argentina em Atenas 2004. O Brasil fez boa campanha na primeira fase, mas os futuros campeões da NBA Leandrinho, Tiago Spliter e Anderson Varejão caíram para a Argentina de Manu Ginóbili, Luis Scola e cia nas quartas de final por 82 a 77, terminando em quinto lugar.

A prévia do handebol feminino

Foto:Washington Alves/ AGIF/COB
A Seleção feminina de Handebol, comandada pelo dinamarquês Morten Soubak fez grande campanha em Londres, terminando em primeiro em um grupo com fortíssimas seleções como Croácia e Rússia. Mas nas quartas de final, a seleção não conseguiu definir o jogo contra a Noruega e foi eliminada na quartas de final, ao perder de 21 a 19. De consolo, um ano depois de Londres, a base daquele time se tornou campeão mundial de handebol feminino na Sérvia, um título inédito para o Brasil.

O vento

Fabiana Murer mais uma vez pintou como favorita a medalha em Londres, e dessa vez não sumiu nenhuma vara, mas o problema foi o forte vento que pintou na hora da prova e fez a atleta desistir da prova. Depois, Fabiana assumiu a culpa por não ter conseguido se adaptar às condições da prova.

As despedidas

Maurren Maggi já não era uma das favoritas em Londres, mas tinha a expectativa de que ela ao menos chegasse a mais uma final. Mas com apenas 6,37m a brasileira foi eliminada ainda nas eliminatórias do salto em distância e deu adeus aos jogos olímpicos.

Daiane dos Santos – que já não era a mesma após as contusões no joelho – comandou, ao lado de Daniele Hypólito, a equipe brasileira na competição de ginástica por equipes, mas o Brasil não se classificou para final, terminando em décimo segundo. Jade Barbosa, em litígio com a CBG, não competiu e foi um grande desfalque.

Natália Falavigna acabou perdendo na sua primeira luta para Lee In Jong (KOR). Sua derrota veio por conta de uma fratura no tornozelo direito. Mas ela lutou até o final perdendo por 13 a 9.

O brilho de Sasaki


O ginasta Sergio Sasaki disputou a final do individual geral na ginástica artística e teve uma grande atuação, ficando na décima posição com 88.965 pontos, com direito a quinta melhor nota no salto. Foi a melhor posição de um brasileiro na final do individual geral da ginástica artística até então.

A queda de Diego 

Mais uma vez esperança de medalha no solo, Diego Hypólito sofreu uma nova queda, agora na fase de classificação e ficou de fora da final com a baixa nota de 13.766: "Só tenho que pedir, mais uma vez, desculpas pelo meu fracasso. Essa não era a imagem que eu queria passar. Quero pedir desculpas aos patrocinadores, à Conferederação, a todos que torceram por mim. Não competi bem por erros meus, pode ser que eu não mereça me classificar para a final. Não tenho muito o que falar. Sofri a queda logo de cara, dobrei meu joelho, não sei se entrei desconcentrado, estou muito decepcionado." disse ao canal SporTV após sua eliminação

A sexta (e última) de Hugo Hoyama

Foto: Alaor Filho/AGIF/COB

Hugo Hoyama disputou sua sexta e última Olimpíada em Londres, aos 43 anos. Ele perdeu logo na sua estreia para o chinês naturalizado polonês Wang Zengyi por 4 a 3 e na competição por equipes perdeu para Hong Kong ao lado de Thiago Monteiro e Gustavo Tusboi. Hoyama ainda é o recordista brasileiro de participações olímpicas de verão, ao lado de Rodrigo Pessoa, Robert Scheidt e Formiga 

Doping no remo

Kissya Cataldo tinha se classificado para a final C do remo no single sculls, mas foi pega em um exame antidoping em um campeonato pré-olímpico em julho de 2012  com EPO e foi suspensa preventivamente, ficando de fora da final. Foi a primeira vez que uma atleta brasileira foi retirada de uma competição olímpica por conta de doping.

Polêmica no basquete feminino

Às vésperas dos jogos de Londres, a ala Iziane, uma das principais jogadoras de basquete do Brasil, foi afastada do grupo por indisciplina, por ter levado seu namorado a concentração sem autorização da comissão técnica. Pelo afastamento ter sido após a data limite para convocar outra jogadora, o Brasil disputou o torneio olímpico com 11 atletas, ficando na primeira fase com apenas uma vitória em cinco jogos.

 O brilho dos halterofilistas brasileiros

O Levantamento de peso brilhou em Londres, com Fernando Reis terminando em décimo segundo na categoria + de 105kg e Jaqueline Ferreira em oitavo na categoria até 75kg. Com exclusões de atletas após reanálises de exames antidoping, Fernando subiu para décimo primeiro lugar e Jaqueline subiu para a quinta colocação – até o momento da realização deste texto.


Quadro de medalhas

Com três medalhas de ouro, cinco de prata e nove de bronze, o Brasil terminou na vigésima segunda colocação dentre oitenta e cinco nações que conquistaram medalha em Londres.




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