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Ícone do movimento negro em Olimpíadas, John Carlos escreve carta pedindo o fim da Regra 50 do COI


O ex-velocista John Carlos escreveu uma carta em conjunto com um influente grupo de atletas do Comitê Olímpico e Paralímpico dos Estados Unidos (USOPC) pedindo que o Comitê Olímpico Internacional (COI) coloque fim à Regra 50 da Carta Olímpica, que proíbe qualquer forma de protesto durante os Jogos Olímpicos, incluindo ajoelhar-se, levantar o punho ou recusar-se a seguir o protocolo nas cerimônias de medalhas.

Carlos ficou famoso por erguer o punho durante o pódio dos 200m rasos dos Jogos Olímpicos da Cidade do México em 1968, juntamente com o Tommie Smith. O gesto dos norte-americanos, ouro e bronze na ocasião, foi um protesto contra a discriminação racial vivida pelos Estados Unidos à época. 

"Carlos e Smith arriscaram tudo para defender os direitos humanos e o que eles acreditavam, e continuam inspirando geração após geração a fazer o mesmo", diz um trecho da carta, enviada para os Comitês Olímpico (COI) e Paralímpico (IPC) Internacionais neste sábado. "É hora do Movimento Olímpico e Paralímpico honrar sua bravura em ver de denunciar suas ações".

"Os atletas não serão mais silenciados", continua a carta. "Estamos agora em uma encruzilhada. O COI e o IPC não podem continuar no caminho de punir ou remover atletas que defendem o que acreditam, especialmente quando essas crenças exemplificam os objetivos do Olimpismo".


Carlos e Smith são considerados ícones para a causa negra, mas foram punidos e afastados da delegação norte-americana logo em seguida aos protestos. Isto porque o COI não tolera qualquer tipo de manifestação política durante seus eventos - expresso na Regra 50 -, mas está sendo pressionado a mudar sua postura quanto ao assunto.

Recentemente, o movimento antirracista ganhou força no mundo, e principalmente nos Estados Unidos, com a morte de George Floyd. Diversos atletas se manifestaram e participaram de protestos e inúmeras entidades esportivas publicaram mensagens em prol do Black Lives Matter (Vidas Negras Importam). A regra do COI, então, entrou em pauta mais uma vez.

Apesar de já ter expresso seu desejo de revistar o item, a entidade que comanda o Movimento Olímpico permanece conservadora. Há três semanas, o presidente Thomas Bach disse que os atletas poderiam "explorar diferentes maneiras" de expressas opiniões durante os Jogos Olímpicos, enquanto "respeitam o espírito olímpico".

Além dos atletas da USOPC, diversas outras entidades também pedem o fim das punições, como a Global Athlete. Nesta semana, o chefe Associação Caribenha de Comitês Olímpicos Nacionais também disse que estaria a favor da reformulação da regra, justificando que esporte e política se misturam naturalmente, sendo impossível dissociá-los, e o próprio COI participa desse processo.

"Pense nos esforços louváveis ​​em relação às Coréias do Norte e do Sul", escreveu Brian Lewis. "Pense no alinhamento com as Nações Unidas. O esporte não pode, no entanto, escolher apenas as questões e campanhas políticas de que possa gostar".

Surte + Relembre o caso de Gwen Berry, punida por repetir o gesto de Carlos e Smith, no Pan de Lima. Ela falou de forma exclusiva com o Surto Olímpico.

Foto: The Associated Press

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