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Técnico de Ana Marcela Cunha revela segredo para o sucesso na maratona aquática: "fazer sempre algo diferente"


Eleita seis vezes a melhor atleta do mundo de águas abertas pela Fina (Federação Internacional de Natação), Ana Marcela Cunha detém um currículo recheado de conquistas.  Indo de Mundiais até Jogos Militares, a baiana subiu no pódio em praticamente todas as competições que disputou na última temporada, assim como aconteceu em 2018, em 2017... E qual é o segredo para se manter no topo por tanto tempo? Seu próprio treinador responde: "fazer sempre algo diferente".

Em live realizada no Instagram da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) nesta quarta-feira, 13, Fernando Possenti falou que a receita para a maratona aquática é inovar. Ele destacou a imprevisibilidade da modalidade, que requer inúmeras estratégias diferentes durante as provas, que podem ser obtidas com treinos diferenciados.

"Tem treinadores e dirigentes que tremem só de ouvir. 'Você já fez isso e deu certo. Você não vai repetir?' Não, não vou. A receita em maratona é fazer sempre algo diferente. Você prepara o atleta pra qualquer coisa diferente que venha a acontecer. E aí, sim, ele pode chegar numa prova e dizer: 'não importa o que aconteça, o que o outro faça, eu tô preparado pra reagir da melhor maneira possível'", pontuou o técnico.

Ele deu o exemplo das Olimpíadas, uma das poucas competições das quais Ana não subiu no pódio, que possui apenas 25 atletas, muito diferente dos quase 80 de outras provas internacionais.  A brasileira quer riscar a competição de sua lista em Tóquio, no próximo ano, depois de experiências frustradas em Pequim-2008 (5ª colocada) e na Rio-2016 (10ª).

"O que nós temos que ter é uma preparação estratégica pra mais de uma opção. Ter plano A e plano B. Cada um desses 25 atletas pode querer imprimir uma estratégia diferente e você tem que estar preparado pra todas elas", avalia Possenti.

Ana foi campeã dos 10km no Pan de Lima (Foto: Wander Roberto/COB)

Ana tornou-se tetracampeã mundial nos 25km, foi campeã nos 5km e levou o ouro nos Jogos Pan-Americanos. Tudo isso no ano passado. Além das grandes conquistas, triunfos também vieram nos Jogos Mundiais Militares e nos Jogos Mundiais de Praia e em cinco das sete etapas do Circuito que disputou.

"A gente chegou num ponto de que toda competição é importante. A gente encara da mesma forma, quer vencer o que quer que venha pela frente. Se não é tão importante, então não precisa ir. Esse é um aspecto com que eu acho que ela fez com que se mantesse no alto nível", norteia o técnico.

Apesar da gordurosa galeria de medalhas, Possenti destacou a "eterna insatisfação", de sempre achar algo que nunca ganhou, como um método para buscar novas conquistas. "Tira você da sua zona de conforto, essa vontade de buscar o que a gente não tem".


Preparação para o pós-pandemia

Depois do ano espetacular de 2019, Ana chegaria com total garra para buscar a tão almejada medalha olímpica nos Jogos de Tóquio neste verão, mas a pandemia do coronavírus adiou seu sonho por um ano. Na visão de Possenti, a mudança de datas dos Jogos não afeta muito os planos da comissão brasileira, mas um bom tempo longe das piscinas pode gerar prejuízos.

"Ficar fora d'agua é ainda pior do que postergar a Olimpíada. Eu acho que o que vai determinar o impacto disso no resultado deles é realmente quantas semanas vão ser fora d'agua", disse o treinador.

Grande parte dos países europeus retomou seus treinamentos nos últimos dias, depois de mais de nove semanas com os atletas parados. "Se a gente voltar pra piscina uma semana, duas semanas depois deles, a gente tira isso, até porque a gente parou de frequentar a piscina depois deles. Então, a gente consegue tirar essa 'desvantagem'. Mas se demorar mais do que isso, pode complicar", observou Possenti.



Fernando mora no mesmo prédio que Ana Marcela e Allan do Carmo, que também é atleta da maratona e é tutelado por Possenti. O treinador tentou manter seus atletas ativos, solicitando ao síndico a utilização da piscina do condomínio, mas teve o pedido negado. Mesmo sem água, o treinador acredita que o fato de serem veteranos é um ponto positivo nesse momento.

"Falando especificamente da Ana, tínhamos problemas de oscilação de peso muito frequentes. Hoje, ela consegue ter um controle muito maior sobre isso, porque ela se conhece melhor. O atleta quando se mantém focado, o impacto de adiar a Olimpíada não vai ser tão grande", elogiou.


Allan do Carmo e o sonho de ir a Tóquio

Se Ana já está classificada para a Olimpíada do próximo ano, Allan ainda corre atrás desse objetivo. Em setembro do ano passado, o baiano trocou sua terra natal pelo Rio de Janeiro, na intenção de que Possenti o instruísse e o ajudasse a alcançar sua meta. Sua tarefa, no entanto é muito difícil.

O experiente nadador, de 30 anos, terá que disputar uma seletiva interna, na qual os dois melhores garantirão vaga no Pré-Olímpico Mundial, que será disputado em Fukuoka, em maio do próximo ano, e dará nove vagas olímpicas.

"O objetivo do Allan não é um objetivo simples. Ele teve momentos de altos e baixos na carreira e chegou num momento que ele não tava conseguindo render o que ele poderia render. Tem toda uma reerguida de colocá-lo onde ele quer chegar. Foi um desafio, mas extremamente prazeroso", afirmou o treinador, que destacou o profissionalismo e o foco do atleta em busca de sua terceira Olimpíada.

Foto: Wander Roberto/COB


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