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Brasil, 100 anos olímpicos - Montreal 1976



Brasil foi aos Jogos de Montreal – onde os canadenses bateram o recorde de segurança por conta do trauma do ataque terrorista de 1972 - com um grande candidato a medalha olímpica e estrela dos Jogos: João Carlos de Oliveira, ou simplesmente João ‘do Pulo’.

O triplista foi para o Canadá com extremo favoritismo após aniquilar o recorde mundial com a marca de 17,89m no Pan da Cidade do México, em 1975. Esta é a décima segunda melhor marca da história do salto triplo, até o momento desta postagem.

Dono de uma técnica de salto que beirava a perfeição segundo especialistas, João do Pulo liderou as eliminatórias, mas na final, por não estar no auge da forma por conta de uma dor ciática, não foi tão bem quanto o esperado. João conseguiu apenas a marca de 16,90m, ficando com o bronze. Foi a quinta medalha olímpica do Brasil na prova. Victor Saneyev, mais uma vez, brilhou e levou o tri olímpico na prova, que também teve a despedida de Nélson Prudêncio das Olimpíadas, terminando em décimo quarto e não indo para final. 

João do Pulo ainda disputou o salto em distância e também foi à final - que foi um dia antes da final do salto triplo.  Acabou terminando em quinto, com a marca de 8,00m, a dois centímetros da medalha de bronze. Com apenas 22 anos na época, a expectativa era de que após superado o nervosismo da primeira Olimpíada, João seguiria (ou até mesmo superaria) os passos gloriosos de Adhemar Ferreira da Silva nos anos 50.


A outra medalha do Brasil nos Jogos também foi de bronze e foi na vela. Reinaldo Conrad e Peter Ficker conquistaram a medalha na Flying Dutchman, a segunda medalha olímpica de Conrad. Por apenas 0.4 pontos, a dupla brasileira não conquistou a medalha de prata, que ficou com Rodney Pattison e Julian Broke (GBR). Os brasileiros ficaram em terceiro na regata final, uma posição abaixo da necessária para ficar com a segunda colocação.

Na trave!

Cláudio Biekarck, hoje em dia um veterano velejador que ainda compete na classe Soiling – não é olímpica - e já com dez Pans disputados, bateu na trave na classe Finn, ficando em quarto lugar. O décimo primeiro lugar na regata final acabou matando suas chances de medalha.


Outro quarto lugar, esse mais alentador, foi o do futebol masculino. Finalmente os jogadores brasileiros mostraram um pouco do seu potencial. Comandados pelo técnico Cláudio Coutinho, que comandaria o Brasil na Copa do Mundo de 1978, e com jovens que se destacariam no futebol futuramente como o goleiro Carlos, o zagueiro Edinho, o lateral Júnior (foto), o meia Batista e o atacante Marinho, conseguiram chegar a semifinal. Mas perderam para a Polônia - que tinha quase o mesmo time de ‘amadores’ que venceu o Brasil na decisão do terceiro lugar da Copa de 1974 - e depois na disputa do bronze, perderam para União Soviética, outra seleção de jogadores ‘amadores’.

Djan Madruga foi outro nome que ficou em quarto lugar. E duas vezes! Nos 400m livre, foi o primeiro a quebrar o recorde olímpico nas eliminatórias (que foi quebrado mais três vezes por outros nadadores depois). Na final, o nadador de 17 anos não conseguiu chegar perto do pódio, ficando na quarta posição. Nos 1500m livre, mesmo roteiro. Classificação na final e boa atuação, mas sem chegar aos atletas que foram ao pódio. Mas para um garoto, foram dois grandes resultados muito animadores e que enchiam de esperança por um medalha na natação que não vinha desde 1960.

No atletismo, o velocista carioca Rui da Silva terminou em quinto lugar na final dos 200m com o tempo de 20s84, a quatro segundos da medalha de bronze. Rui quebrou um jejum de 20 anos sem a presença de um brasileiro na final dos 200m - José Telles da conceição foi finalista da prova em 1956.

Arbitragem polêmica contra o Brasil

O boxe é uma modalidade em que as decisões de seus árbitros sempre causaram dúvidas em pelo menos uma edição de Olimpíada. E em 1976, foi a vez do Brasil sofrer com isso. O peso médio Fernando Martins chegou às quartas de final totalmente descansado, pois tinha folgado na primeira rodada, ganho uma luta por WO na segunda rodada, e não disputou à terceira rodada, avançando direto para as quartas de final em um confronto com Alex Nastac (ROU). Muitos que assistiram afirmam que a luta foi toda do brasileiro, mas a decisão dos árbitros foi 3 a 2 para o romeno, o que causou revolta e suspeita, pois Fernando garantiria no mínimo o bronze com a vitória.

O pupilo

O vôlei masculino mais uma vez também não conseguiu bons resultados em Olimpíadas, mas viu ali a estreia do então levantador José Roberto Guimarães, reserva de Bebeto de Freitas nos Jogos. Dezesseis anos depois ele seria o primeiro dos discípulos de Bebeto como treinador a ser campeão olímpico. Também estreavam em Jogos Olímpicos: Bernard, Fernandão e Willian, futuros astros da geração de prata nos anos 80.

Ausência sentida

O basquete brasileiro, tão tradicional nos Jogos, acabou ficando de fora da edição de Montreal. A equipe que passava por uma renovação não tinha ido bem no pré-olímpico, perdendo a vaga para o México. O basquete feminino fez sua estreia em Olimpíadas em Montreal-1976, mas o Brasil também não conseguiu classificação. Era apenas uma vaga para as Américas e ela ficou com os Estados Unidos.

Quadro de medalhas

Assim como em Munique, o Brasil conquistou duas medalhas de bronze e ficou na trigésima sétima posição entre quarenta e uma nações que conquistaram medalha em Montreal.



Fotos: Acervo da revista Veja, divulgação e acervo jornal 'o Globo'


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