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Maior campeã olímpica no hóquei, Índia conquistou sua primeira medalha em 40 anos. Por quê?

Reuters / Bernadett Szabo

Em uma partida cheia de viradas, a Índia derrotou a Alemanha por 5 a 4 na disputa da medalha de bronze no hóquei na grama masculino dos Jogos Olímpicos. Após 41 anos, a maior campeã da modalidade em Olimpíadas, voltou a subir ao pódio. Mas por que a equipe que conquistou oito medalhas de ouro - e 11 no total - no esporte ficou tanto tempo sem figurar entre os vencedores? 


Para entendermos o que aconteceu, antes precisamos contextualizar como o hóquei na grama se tornou uma paixão na Índia. Criação britânica, assim como o futebol e rugby, a modalidade como conhecemos atualmente foi difundida pela Grã Bretanha ao final do século XIX e começo do XX. Por ter características parecidas com os "primos", também era disputada em campo de grama ou similares.

Com o neocolonialismo em curso, várias nações conheceram o taco e a bolinha. Além de levar o esportes às suas colônias, trabalhadores trocaram experiências em países onde havia grande presença de empresas inglesas. Daí a explicação, também, para a Argentina ser uma potência no hóquei, rugby e futebol, por exemplo.

Índia e Paquistão, então sob domínio do "Império onde o sol nunca se põe", logo passaram a jogá-lo. Bem como o críquete, que teve assimilação nestes países pelo mesmo motivo. Popular, era facilmente jogado nas ruas e escolas. O que levou às gerações fantásticas do esporte indiano. 

Entre as Olimpíadas de 1928 e 1956, a Índia conquistou todas as medalhas de ouro no torneio masculino. Seis seguidas! Em 1960 foi a vez dos vizinhos paquistaneses. Quatro anos depois, novamente os indianos, que em 1968 viram o Paquistão subir ao lugar mais alto do pódio. E a partir daí começaram os problemas.

Por conta da evolução esportiva, transmissões televisivas e a necessidade de aprimoramentos, o hóquei na grama sofreu diversas intervenções durante os anos 70. Desde as regras até a mais importante mudança de todas: o tipo de gramado. Saiu o natural e entrou o artificial. Mais resistente e de manutenção cara, os países com condições financeiras mais precárias não conseguiram acompanhar estas modernizações.

Ao contrário dos pisos artificiais de futebol society, populares no Brasil, o do hóquei tem características próprias. Além das dimensões bem maiores, o gramado precisa ser molhado constantemente para dar velocidade e o jogo fluir de forma satisfatória. Além disso, o material utilizado é mais caro e específico

Desta maneira, Índia e Paquistão não conseguiram se manter no panteão das potências do esporte dos tacos. Não apenas a velocidade do jogo aumentou, mas também dribles e regras que antes eles desconheciam. O impacto foi imediato. 

Ainda com resquícios das grandes gerações, os indianos conquistaram a última medalha de ouro em Olimpíadas em Moscou 1980, graças ao boicote à URSS. Foi neste ano que o torneio feminino entrou. Sem nunca ter levado para ambos países uma medalha. Quatro anos depois, os paquistaneses subiram ao lugar mais alto do pódio pela última vez. 


Desde então, nunca mais os dois ex-campeões conseguiram voltar ao menos a uma final. O Paquistão ainda ganhou bronze em Barcelona em 1992 e foi derrotado na disputa dele em Sydney 2000. O domínio mudou e foi para diversos países. Principalmente europeus. No masculino, Alemanha, Países Baixos e Grã Bretanha passaram a conquistar os títulos. Mais recentemente, a Argentina também.

Já no feminino, a coisa ficou um pouco mais democrática. Os Países Baixos passaram a ser os maiores campeões com oito medalhas olímpicas, sendo três de ouro. Austrália também. Com a mesma quantidade de conquistas douradas. Mas a Argentina, além de apresentar ao mundo a maior jogadora de todos os tempos, Luciana Aymar, é a segunda com mais medalhas: quatro. São duas pratas e dois bronzes.

Nesta sexta-feira (6), Países Baixos e Argentina aumentarão suas coleções entre as mulheres. Os dois países decidem o ouro em Tóquio 2020. Já as indianas tentarão a primeira medalha no feminino, contra a Grã Bretanha. Entretanto, entre os homens, a volta da Índia ao pódio é uma doce lembrança de um tempo esquecido do hóquei na grama nas Olimpíadas. E alimenta a esperança para Paris 2024.



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