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Arthur Nory admite erro em ato racista em 2015 e afirma busca para se desconstruir: "Errei e quero me tornar melhor"


O ginasta Arthur Nory falou falou abertamente após cinco anos do caso de racismo em que ele foi um dos protagonistas. Ele diz se envergonhar da brincadeira racista que fez a Ângelo Assumpção, junto com os ginastas Felipe Arakawa e Henrique Flores. Ele, que sempre evitou o assunto publicamente, falou em suas redes sociais que se sentiu envergonhado pela brincadeira e triste por ter perdido a amizade de Ângelo, que era seu amigo desde criança:



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Há 5 anos, eu trazia à tona através de uma rede social uma imbecilidade, achando que era uma simples brincadeira engraçada. A rotina de anos, coloca a gente numa bolha. Numa maldita bolha. A gente acaba sendo “educado” a coisas sem perceber. Expus um amigo, uma amizade de 15 anos numa total falta de noção. Os anos passaram, e a falta de entendimento junto a ideia do “é melhor ficar calado”, andaram um tempo comigo. As vezes a gente demora pra fazer muita coisa na vida. Tô aqui porque já passou da hora de me expor pelas minhas próprias palavras, que não são as melhores, mas são as que eu to construindo. Ou melhor, desconstruindo. Um ato de preconceito só precisa de uma oportunidade pra acontecer. Enquanto a gente tiver medo de assumir a ignorância, qualquer um de nós pode estar machucando alguém, mesmo sem perceber. Passo a passo, eu quero ser um cara melhor.
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"Estou aqui para quebrar o silêncio para um assunto que tem de ser tratado com atenção. Eu me envergonho bastante. Tinha duas escolhas: continuar achando que era uma brincadeira ou buscar aprender com aquilo. Isso não pode se repetir, principalmente no esporte, onde você acaba se tornando uma referência para os outros. É importante você ser um exemplo bom. E que esse exemplo que aconteceu comigo lá atrás não seja para ser seguido, seja um exemplo para ser olhado, tratado e orientado para desconstruir tudo isso que existe nessas bolhas. A primeira coisa é reconhecer. Foi quando entendi a gravidade. Procurei o Ângelo em três momentos para pedir perdão. É direito dele me perdoar ou não, e é obrigação minha aprender com meu erro, buscar conhecimento, me tornar uma pessoa melhor e principalmente me desconstruir" disse Arthur, em um vídeo postado em suas redes sociais.
Em 2015, Ângelo, Nory, Felipe e Henrique estavam treinando com a seleção brasileira em Portugal quando vazou o vídeo da brincadeira racista:  "Seu celular quebrou: a tela quando funciona é branca… Quando ele estraga é de que cor? (risos)”, pergunta Arthur Nory, com Ângelo constrangido próximo a ele. “Preto!”, respondem os outros. “O saquinho do supermercado é branco. E o do lixo? É preto!”. Por conta da repercussão, os ginastas postaram um vídeo se desculpando com Ângelo e os três foram suspensos por 30 dias pela CBG (Confederação Brasileira de Ginástica)

O caso retornou às manchetes por conta da demissão de Ângelo Assumpção do clube Pinheiros, onde Nory também atua. Ângelo acusou o clube de racismo- não relacionado ao caso de Nory - além de denunciar abusos morais cometidos pelos técnicos do clube. 

"Não foi uma brincadeira. Foi uma atitude repugnante inaceitável que hoje não pode acontecer mais. A gente não pode ser conivente com uma situação como essa." Disse Arthur ao programa 'Esporte Espetacular', que veiculou a denúncia sobre o Pinheiros.

Por ter sido o único do quarteto que despontou e inclusive se tornou medalhista olímpico -bronze no solo na Rio 2016 - Nory foi quem sofreu os maiores críticas e ataques ao atleta surgem sempre quando ele vira notícia por conta de seus resultados. Atual Campeão mundial da barra fixa, Nory é uma das esperanças de medalha em Tóquio no ano que vem e até lá espera continuar a se desconstruir e se despir de preconceitos para ser uma pessoa melhor:

"Errei e quero me tornar melhor. Há 5 anos, eu trazia à tona através de uma rede social uma imbecilidade, achando que era uma simples brincadeira engraçada. A rotina de anos, coloca a gente numa bolha. Numa maldita bolha. A gente acaba sendo “educado” a coisas sem perceber. Expus um amigo, uma amizade de 15 anos numa total falta de noção. Os anos passaram, e a falta de entendimento junto à ideia do “é melhor ficar calado”, andaram um tempo comigo. Às vezes a gente demora pra fazer muita coisa na vida. Tô aqui porque já passou da hora de me expor pelas minhas próprias palavras, que não são as melhores, mas são as que eu tô construindo. Ou melhor, desconstruindo. Um ato de preconceito só precisa de uma oportunidade pra acontecer. Enquanto a gente tiver medo de assumir a ignorância, qualquer um de nós pode estar machucando alguém, mesmo sem perceber. Passo a passo, eu quero ser um cara melhor." concluiu.

Com informações de globoesporte.com
foto: Reprodução/instagram

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