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Auditoria interna do Pinheiros aponta assédio moral e racismo contra ginastas do clube



O programa Esporte Espetacular, da TV Globo, tornou público neste domingo (23) uma auditoria interna do Clube Pinheiros, tradicional clube paulista de esportes olímpicos, que apurou denúncias de assédio moral, abuso de poder e racismo dentro de sua ginástica artística.

A reportagem mostrou diversos relatos de atletas, que revelaram anonimamente que sofreram maus tratos, com gritos, insultos, pressão para se manter no peso, entre outros. "Foi comprovado por meio das audiências com os atletas da Ginástica Olímpica, inclusive corroborado por atletas das outras categorias que ocorrem casos frequentes de assédio moral e abuso de poder por parte da equipe técnica, em particular os técnicos que trabalham com crianças menores com idades de 06 a 14 anos",  analisou a auditoria.

Cinco técnicos são acusados pela auditoria por maus-tratos: Hilton Dichelli, Cristiano Albino, Lourenço Ritli, e, em menor grau Felipe Polaco e Danilo Bornea. Eles admitiram "gritar para garantir a execução dos movimentos" e, à auditoria, confirmaram que as cobranças aos atletas militantes eram "bem mais intensa do que aos atletas associados". Eles ainda solicitaram auxílio para lidar melhor com os atletas e estabelecer limites para evitar assédio ou injúria.

Dois casos foram ressaltados pela reportagem: O primeiro foi da ginasta Jackelyne Silva, que faleceu aos 17 anos de infecção por conta de uma pneumonia um mês após ser demitida do Pinheiros e que os seus pais denunciaram que a menina sofria abusos morais de seus treinadores e que buscam uma indenização por danos morais ao clube.

O segundo caso é de Ângelo Assumpção, que em 2015, sofreu um caso de racismo em um video em que outros ginastas Felipe Arakawa, Henrique Flores e Arthur Nory, medalhista olímpico e atual campeão mundial na barra fixa, fazem piadas com falas racistas sobre ele. Os ginastas postaram um pedido de desculpas, mas foram suspensos por 30 dias. Já Ângelo, que sofreu por dois anos com contusões, tinha voltado a se destacar em 2019, mas foi suspenso por um mês e demitido do clube quando a suspensão acabou, em novembro do mesmo ano.

"Foi humilhante. Você recebe uma demissão, e eu fui acompanhado até a porta como um marginal. Eles me acompanharam até a porta como um marginal: 'Amigão, vai embora daqui'", disse Ângelo à reportagem.

Em documento interno, o responsável pela ginástica do Pinheiros, Raimundo Blanco, explicou que suspendeu Ângelo "porque o atleta não respeitou a hierarquia ao levar reclamação para a gerência de esporte". Já Ângelo também acusa o Pinheiros de racismo por conta de ter feito tranças em seu cabelo: "Eu sempre fui um cara que anualmente estive presente dentro da equipe, mas ouvi discurso que aquilo atrapalhava o meu desempenho. A minha trança atrapalhava o meu desempenho. Eu escutei isso dentro do Pinheiros, entendeu?"

Em resposta a esse caso, também por nota, o Pinheiros disse que "repudia e se posiciona conta qualquer atitude racista e que todos os relatos recebidos pelo clube são averiguados e documentados. Quanto ao caso citado, não há evidências fáticas que o referido atleta tenha sofrido qualquer ato discriminatório nas dependências do clube ou fora delas".

O clube afirma também que há registros documentais de prática constante de indisciplina e que "diversos fatores levaram ao rompimento do contrato, dentre eles: calendário desportivo, desempenho técnico e comportamento disciplinar". Ângelo nega ter tido uma conduta de indisciplina durante sua carreira no Pinheiros.

Apesar das denúncias apuradas pela auditoria, a conclusão do relatório do clube minimiza os relatos dos atletas e diz que "ficou evidente que houve movimentos direcionados para arranhar a imagem da modalidade ao relatar somente fatos que trouxessem a ótica negativa".

Em nota, o clube afirmou que "tomou ações corretivas e que também foram realizadas ações de melhorias em processos e políticas". No entanto, não especificou quais foram essas medidas. Nenhum dos citados recebeu até o momento algum tipo de punição. Apenas Ângelo, que fez denúncias ao clube e foi demitido, estando sem clube desde então.

Com informações de globoesporte.com e Olhar Olímpico
Foto:Ricardo Bufolin/ECP

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