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Quatro anos da Rio 2016: as trajetórias da geração campeã olímpica de futebol


Única conquista ausente na recheada galeria de troféus do futebol brasileiro até então, o ouro em Jogos Olímpicos veio na primeira edição do evento em solo nacional, após três pratas (Los Angeles 1984, Seul 1988 e Londres 2012) e dois bronzes (Atlanta 1996 e Pequim 2008). A dramática decisão contra a Alemanha em pleno Maracanã, que consagrou Neymar, Weverton e uma geração de jovens atletas, completa quatro anos neste dia 20 de agosto.

O tão aguardado título na Rio 2016, porém, veio com dificuldades. A seleção brasileira estreou com dois resultados ruins - empates em 0 a 0 contra África do Sul e Iraque. Pressionada, a equipe chegou para a última rodada da fase de grupos não apenas precisando vencer, mas, também, convencer. Conseguiu: o técnico Rogério Micale mexeu no time, e as mudanças contribuíram para a goleada por 4 a 0 sobre a Dinamarca.

A vitória encheu a equipe de confiança. Na sequência, o Brasil passou sem sustos por Colômbia (2 a 0, quartas) e Honduras (6 a 0, semifinal), chegando à decisão no Maracanã sem sofrer um gol sequer. O problema seria justamente o rival na decisão: o time da Alemanha, que dois anos antes, com a seleção principal, aplicou magistrais 7 a 1 sobre a equipe canarinho em Belo Horizonte.

Após um gol para cada lado no tempo normal - o da Seleção, marcado por Neymar, cobrando falta - e nenhum na prorrogação, a partida mais importante do futebol olímpico brasileiro se encaminhou para a disputa de pênaltis. As quatro primeiras cobranças de cada lado encontraram a rede, mas o alemão Petersen, artilheiro dos Jogos, esbarrou no goleiro Weverton. Como um capricho do destino, restou a Neymar, único remanescente da prata em Londres 2012, a oportunidade de selar a vitória e conquistar a inédita medalha de ouro olímpica para o futebol brasileiro, fazendo a torcida no Maracanã explodir em alegria e alívio.

Neymar converteu o pênalti decisivo e se emocionou com o ouro inédito (Foto: Reprodução/El País)

Eternizados na história olímpica, os campeões da Rio 2016 seguiram diferentes trajetórias após o ouro. Enquanto alguns atletas já estavam consolidados no cenário futebolístico, como Neymar, Renato Augusto e Marquinhos, outros se destacaram a partir dos Jogos Olímpicos, a exemplo de Gabriel Jesus. Um terceiro grupo, porém, não conseguiu se aproveitar da vitrine das Olimpíadas e perdeu espaço.

Para relembrar um pouco mais os personagens da campanha dourada, o Surto Olímpico descreveu como está carreira de cada um dos 18 jogadores campeões e do treinador após os Jogos do Rio de Janeiro (em parênteses, a idade e o clube dos atletas DURANTE as Olimpíadas):

Weverton (28 anos - Athletico Paranaense)

O goleiro Weverton foi convocado às pressas para o lugar de Fernando Prass, que se lesionou às vésperas do torneio olímpico. Nos Jogos do Rio, sofreu apenas um gol em seis partidas e brilhou na disputa de pênaltis contra a Alemanha na final. Weverton se destacou no Furacão nas temporadas seguintes e foi contratado pelo Palmeiras em 2018, onde é titular até hoje. Tem figurado como terceiro goleiro da seleção principal em várias oportunidades desde então, atrás de Alisson e Éderson na fila.

Weverton defendeu a última cobrança alemã na disputa de pênaltis da grande decisão (Foto: AFP)

Uilson (22 anos - Atlético Mineiro)

Uilson era o segundo goleiro na campanha do ouro olímpico e não chegou a ser utilizado pelo técnico Rogério Micale. O atleta defendia o Atlético Mineiro, seu clube de formação, onde também era reserva. Em 2020, deixou o Galo e assumiu o gol do Coimbra, de Contagem-MG, pelo qual jogou o Módulo I do Campeonato Mineiro.

Zeca (22 anos - Santos)

Zeca atuou como lateral-direito titular nos seis jogos da Rio 2016. Considerado promissor, deixou o Santos em 2018 e foi para o Internacional. Após duas temporadas sem muito destaque no clube gaúcho, foi emprestado ao Bahia em 2020.

Rodrigo Caio (22 anos - São Paulo)

Rodrigo Caio foi uma peça importante da defesa brasileira na Rio 2016. O jogador foi revelado pelo São Paulo e defendeu o time até 2018. Contestado pela torcida do Tricolor Paulista, o zagueiro foi vendido ao Flamengo, onde brilhou na temporada passada sob o comando de Jorge Jesus, sendo campeão carioca, brasileiro, da Libertadores e vice-campeão do Mundial de Clubes. Em 2020, seguiu como titular incontestável e venceu novamente o Carioca, além da Recopa Sul-Americana e da Supercopa do Brasil.

Marquinhos (22 anos - Paris Saint-Germain - FRA)

Xerife da defesa brasileira nas Olimpíadas e autor de um dos seis gols na semifinal contra Honduras, Marquinhos já era considerado um grande zagueiro em 2016. Revelado pelo Corinthians, foi contratado pela Roma em 2013 e, no mesmo ano, despertou o interesse do Paris Saint-Germain, que o adquiriu. Marquinhos se tornou uma peça fundamental do clube francês desde então e, atuando como volante, marcou dois gols no mata-mata dessa edição da Champions League. Além disso, figura na seleção brasileira principal desde 2013 e foi convocado para a Copa do Mundo de 2018, na Rússia.

Marquinhos foi um dos pilares defensivos do Brasil na campanha do ouro olímpico (Foto: Lucas Figueiredo/MoWA Press)

Douglas Santos (22 anos - Atlético Mineiro)

O lateral-esquerdo Douglas Santos foi revelado pelo Náutico e estava emprestado ao Atlético Mineiro. O atleta disputou todos os jogos na Rio 2016 e deu duas assistências na partida contra a Dinamarca, na fase de grupos. Após passagens por Udinese (Itália) e Hamburgo (Alemanha), atualmente defende o Zenit, da Rússia.

Luan Garcia (23 anos - Vasco da Gama)

Luan Garcia era o zagueiro reserva na campanha do ouro olímpico e entrou em campo no segundo tempo das partidas contra Dinamarca (primeira fase) e Honduras (semifinal). Foi transferido do Vasco para o Palmeiras em 2017 e, no ano seguinte, foi campeão brasileiro pelo clube alviverde, que defende até hoje.

William (21 anos - Internacional)

Outro defensor reserva, William entrou no final das três primeiras partidas do Brasil nas Olimpíadas. Revelado pelo Internacional, deixou o Colorado em 2017 rumo ao Wolfsburg, da Alemanha. Nesta temporada, o lateral-direito disputou 17 partidas na Bundesliga e anotou um gol.

Walace (21 anos - Grêmio)

Reserva nas duas primeiras partidas, o volante Walace ganhou a posição no jogo decisivo contra a Dinamarca e não saiu mais do time titular. O baiano foi mais um jogador campeão olímpico a ir para Europa em 2017. O volante se transferiu do Grêmio para o Hamburgo, da Alemanha, e passou também pelo Hannover 96 antes de mudar de país e atuar pela Udinese, da Itália, a partir de 2019.

Rodrigo Dourado (22 anos - Internacional)

O volante Rodrigo Dourado entrou apenas no segundo tempo da partida contra a Dinamarca. No Internacional, por sua vez, foi bem mais aproveitado, assumindo a titularidade da equipe desde 2015. No ano passado, porém, uma lesão grave o afastou dos gramados, e, em recuperação, Rodrigo Dourado ainda não voltou a atuar pelo time de Porto Alegre desde então. É um dos três únicos campeões olímpicos que permaneceram no mesmo clube de 2016 até hoje, junto a Marquinhos e Renato Augusto.

Thiago Maia (19 anos - Santos)

Um dos mais jovens atletas do elenco campeão, o meia Thiago Maia era o titular da seleção olímpica até perder a posição para Walace no jogo contra a Dinamarca. Negociado com o Lille, da França, em 2017, Maia passou duas temporadas e meia na Europa. Neste ano, foi emprestado ao Flamengo.

Renato Augusto (28 anos - Beijing Guoan - CHN)

Mais velho entre os medalhistas de ouro, Renato Augusto foi chamado para liderar o meio-campo recheado de jovens e cumpriu esse papel com maestria. Após fazer história no Corinthians, havia sido vendido ao Beijing Guoan, da China, em janeiro de 2016, clube que defende até hoje. Homem de confiança de Tite, foi convocado para a Copa do Mundo de 2018 e marcou o gol de honra do Brasil na derrota para a Bélgica pelas quartas-de-final.

Renato Augusto se valeu da experiência e contribuiu para o ouro da Seleção (Foto: Fernando Ferrão/Agência Olímpica)

Rafinha Alcântara (23 anos - Barcelona - ESP)

Enquanto seu irmão mais velho, Thiago, optou por defender a Espanha, Rafinha preferiu jogar pelo Brasil e foi reserva na campanha do ouro olímpico, tendo participado em cinco das seis partidas. Revelado pelas categorias de base do Barcelona, o passe do jogador pertence ao clube catalão, mas o meia foi emprestado para a Inter de Milão (Itália) e o Celta de Vigo (Espanha) nas últimas temporadas.

Gabriel Barbosa (19 anos - Santos)

Antes de ser o grande nome do Flamengo em 2019, marcando gols em final de Libertadores e sendo o artilheiro do Brasileirão, Gabriel Barbosa - o “Gabigol” - foi titular na campanha do ouro do Brasil na Rio 2016. O atacante marcou dois gols contra a Dinamarca na última rodada da Primeira Fase - o primeiro deles, aos 26 minutos, tirou a “zica” do ataque da seleção, que não havia marcado nos primeiros dois jogos. Após o ouro, teve passagens frustradas por Inter de Milão (Itália) e Benfica (Portugal) até assinar com o rubronegro.

Luan Guilherme (23 anos - Grêmio)

Luan foi uma das peças fundamentais para o sucesso do Brasil no Rio de Janeiro. Começou como reserva e, assim como Walace, assumiu a titularidade contra a Dinamarca. O atacante marcou três gols (um em cada partida contra dinamarqueses, colombianos e hondurenhos). Com moral após a medalha, Luan foi a estrela do Grêmio no título da Libertadores de 2017, sendo eleito o melhor jogador do continente na ocasião. Nas temporadas seguintes, porém, não repetiu as boas atuações. Foi vendido para o Corinthians em janeiro de 2020.

Luan mudou a maneira de jogar do Brasil e foi fundamental para a conquista da medalha (Foto: Lucas Figueiredo / MoWA Sports)

Neymar (24 anos - Barcelona - ESP)

Craque que é craque dispensa apresentações. Neymar foi convocado para a Rio 2016 para afastar o fantasma da prata em Londres 2012, e foi brilhante. Marcou 4 gols, incluindo o mais rápido da história olímpica, contra Honduras; e um tento de falta na decisão contra a Alemanha. Ainda teve a chance de marcar o pênalti decisivo e não conteve as lágrimas no gramado do Maracanã. Foi vendido para o PSG, da França, em 2017, na maior transação da história do futebol até então. Agora, o brasileiro busca levar o clube francês ao primeiro título de Liga dos Campeões e, quem sabe, ser eleito, enfim, o melhor jogador do mundo.

Gabriel Jesus (19 anos - Palmeiras)

Mais jovem campeão olímpico da história do Brasil, Gabriel Jesus anotou três gols na campanha do ouro - um contra a Dinamarca e dois contra Honduras. Após ser campeão do Brasileirão de 2016, sendo eleito o craque do torneio, Jesus deixou o Palmeiras rumo ao Manchester City, da Inglaterra. Apesar da frustrante atuação na Copa do Mundo da Rússia em 2018, o brasileiro se reergueu e é, hoje, o centroavante titular dos Citizens.

Felipe Anderson (23 anos - Lazio - ITA)

Felipe Anderson foi titular nos jogos contra África do Sul e Iraque, até perder a posição para Luan. Entrando nas substituições, Felipe contribuiu com uma assistência no jogo contra Honduras. O atacante deixou a Lazio em 2018 rumo ao futebol inglês, sendo um dos destaques do West Ham United na atualidade.

Rogério Micale (47 anos)

O treinador do Brasil na Rio 2016 ficou no cargo até o ano seguinte, quando foi desligado após falhar em classificar a seleção sub-20 para a Copa do Mundo da categoria. Desde então, Rogério Micale passou por Atlético Mineiro, Paraná e Figueirense. Atualmente, aos 51 anos, está no Cruzeiro, trabalhando com o sub-20 do clube na Toca da Raposa.

Micale foi o técnico do Brasil na Rio 2016 (Foto: Lucas Figueiredo / MoWA Sports)

Inspirados pela geração de ouro do Brasil, a reformulada seleção olímpica conquistou vaga para Tóquio 2020 pelo Pré-Olímpico Sul-Americano e vai em busca do bicampeonato. O time, comandado por André Jardine, tem nomes como Matheus Cunha, Paulinho e Bruno Guimarães, além de poder contar com Gabriel Jesus, Vinícius Junior, Rodrygo, entre outros, caso seus clubes os liberem em julho do ano que vem.


Foto de capa: Fernando Frazão/Agência Olímpica

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