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Isaquias Queiroz vê vantagem em não ter parado treinamentos na pandemia: "Na canoagem, perder um período de treinamento afeta muito"


Uma das estrelas dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, Isaquias Queiroz, acabou ganhando uma vantagem com a pandemia de coronavírus. Enquanto ele manteve os treinamentos no CT da canoagem velocidade em Lagoa Santa, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte (MG), seus adversários europeus e asiáticos pararam e só estão retomando aos treinamentos por agora. Em entrevista exclusiva ao Surto Olímpico, ele garante que este pode ser um diferencial para daqui a um ano, nos Jogos de Tóquio.

"Eu tive essa vantagem de continuar treinando durante esse ano de 2020, reduzindo um pouco os treinamentos, mas mantendo a qualidade. Como os europeus e asiáticos pararam, pode ser que esse período dê uma vantagem pra gente lá na frente, porque na canoagem, se perder um período de treinamento, afeta muito nosso ritmo", contou.

Isaquias usou como exemplo para ilustrar seu argumento a sua preparação nesse ciclo olímpico. "Comparando comigo, em 2017 eu não fui tão bem porque era um ano 'muito leve'. Então, em 2018, eu senti muito a carga, porque a gente começa a fazer um trabalho forte e acaba sentindo. Em 2019, me senti bem melhor", avaliou.

Agora, o canoísta de 26 anos quer manter essa vantagem e toma todo o cuidado possível para não se infectar com o vírus da Covid-19. "Conseguimos manter nossos treinamentos durante essa pandemia enquanto eles pararam, mas fica essa preocupação de pegar o coronavírus agora e ficar um ou dois meses parado, a gente não sabe", disse.

"O cuidado é total para não pegar essa doença, principalmente agora que eu vou entrar de férias em agosto. Mas é continuar tomando cuidado, porque diz nos jornais que está 'estável no Brasil', mas 'estável' que eles dizem é mil mortes por dia, 30 mil infectados por dia... e isso não é um 'estável' bom. O Brasil e as Américas estão sofrendo essa parte ruim da pandemia", completou.

Isaquias pode se igualar a Torben Grael e Robert Scheidt com cinco medalhas olímpicas caso suba no pódio nas duas provas que participará, C-1 1.000m e C-2 1.000m. Ele foi prata em ambas as provas no Rio e comentou sobre o seu amigo e rival Sebastian Brendel, da Alemanha, ter desfeito sua parceria com Jan Vandrey, que conquistou o ouro no C-2 1.000m na ocasião.

"Nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro eles surpreenderam, né? A gente sabe quem é o Brendel, mas ele fazer um C2 e ganhar a medalha de ouro surpreendeu porque a única prova que ele e o Vandrey remaram bem foi na Olimpíada. Mas a gente já sabia que talvez ele iria mudar a parceria para tentar classificar no C2 para Tóquio", confessou.

"(Agora) Ele vai remar com um cara que esteve no Mundial Sub-23, mas acho pouco provável que ele se classifique para Olimpíada, já que tem outros barcos na Alemanha melhores do que ele no momento. E pela idade do Brendel, vai ser difícil fazer em alto nível o C1 e o C2 para se classificar em Tóquio", concluiu o baiano de Ubaitaba.

Ainda sobre Tóquio, Isaquias revelou que não está nem um pouco preocupado com o possível calor e a umidade baixa na capital japonesa durante os Jogos Olímpicos. Ele, inclusive, vê isso como um trunfo para todos os canoístas brasileiros que treinam sob a forte temperatura do Brasil.

"Eu espero que esteja uns 40 graus lá em Tóquio, entendeu? (risos) Porque isso vai estar ao meu favor e não por ser baiano, mas pela temperatura que eu vivo no Brasil. Quando faz calor aqui (Lagoa Santa) é tão forte que a lagoa chega a secar. Com o calor eu tô muito acostumado", comentou, para completar, relembrando seu título mundial em 2019:

"No Mundial da Hungria, no ano passado, tava muito quente também e isso foi algo favorável. Se estiver no Japão o mesmo calor que teve lá vai ser um fator favorável pra mim e todos os atletas do Brasil que treinam nessa temperatura daqui. Pro pessoal da Europa, que treina no frio, ir pra um calor forte que estão esperando para o Japão vai ser uma desvantagem pra eles".

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Mesmo não tendo treinado com o nível de intensidade durante esse ano, muito por conta do adiamento dos Jogos Olímpicos, Isaquias se demonstrou bastante satisfeito com o seu rendimento atual, comprovando que a famosa expressão "quantidade não significa qualidade" está certa.

"Nessa reta final, a gente começou fazer uns comparativos de tempo em relação a 2016. Eu, a principio, não piorei. Ao contrário, tô melhor do que em 2016 e 2019, mesmo não treinando 100%. As vezes, a questão é mudar o jeito de remar, melhorar a técnica da remada, o desenvolvimento do barco e isso acaba ajudando bastante, você nem precisa treinar tanto", avaliou.

Isaquias revelou que está mais veloz do que nunca na expectativa pelos Jogos de Tóquio: "Hoje [quarta-feira] fiz um teste remando 800 metros e esse foi o tempo mais rápido que eu fiz desde que estou aqui em Lagoa Santa. Era um tempo que se eu continuasse indo eu teria batido o recorde mundial dos 1000 metros [Nota: Esse recorde atualmente é 3min42s385, do tcheco Martin Fuksa, feito em 2018]. E sem muito vento, porque o recorde mundial foi batido com muito vento nas costas. Mesmo com a gente não estando no parâmetro ideal pra competir hoje, porque eu tinha que estar treinando um pouco mais, com o que a gente teve de treinamento esse ano, eu estou bem satisfeito." concluiu.

foto:Divulgação/CBCa

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