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Atleta do time de refugiados, Oitmane Nait-Hammou mira Jogos Olímpicos e afirma: "Estou positivo e otimista"


Oitmane Nait-Hammou é um dos maiores expoentes do time olímpico de refugiados na atualidade. Especialista na prova dos 3.000 metros com obstáculos do atletismo, Nait-Hammou se prepara para os primeiros Jogos Olímpicos de sua carreira.

Em entrevista ao site da World Athletics, entidade que regulamenta o atletismo mundial, o corredor relatou que a pandemia afetou seu planejamento de treinamentos, mas que segue confiante em um bom desempenho.

“Para ser sincero, eu estava deprimido no começo", contou Nait-Hammou. "Não pude fazer meu programa de treinamento conforme o planejado, e não consegui me reunir com meus amigos. Então era uma situação difícil. Mas a experiência do atletismo me deu paciência para lidar com esse momento.”

"Honestamente, estou acostumado a sofrer. Para mim, um ano não é nada. É só um ano. Será uma boa temporada com o Campeonato Mundial de Indoor no próximo ano e depois as Olimpíadas. Estou positivo e otimista", completou.

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Nascido e criado em Tafraout, no centro-sul do Marrocos, Nait-Hammou começou a competir no atletismo em 2012, aos 17 anos, à convite de um amigo. Ele cursou literatura francesa por dois anos em uma universidade de seu país e esperava continuar os estudos na França em 2015. Mas, uma vez na Europa, ele descobriu que não podia mais voltar para casa devido à situação instável de seu país e optou por solicitar asilo.





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Embora se encontrasse sozinho e muitas vezes em dificuldades, ele nunca desistiu de correr. Mais tarde, naquele ano, ele ingressou no ES Sartouville Club, nos arredores de Paris, onde conheceu Nuno Graziani, que é seu treinador até hoje.

Nait-Hammou se mudou para a Suécia em 2016. Naquele ano, ele e Fouad Idbafdil, outro marroquino em busca de asilo que mais tarde se juntaria a ele na equipe de refugiados, assistiram aos membros da Equipe Olímpica de Refugiados competindo nos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, de um centro de refugiados perto de Kalmar, na Suécia. Segundo o atleta, as memórias dos Jogos permanecem vivas em sua mente.

“Eu disse a Fouad: 'Olha, somos refugiados, certo? Nossos irmãos e irmãs estão nos representando nas Olimpíadas'. Foi fantástico. Eles nos deram esperança. Acreditávamos que um dia poderíamos estar no time também.”

O corredor se sentiu motivado e seguiu treinando. No final de 2018, ele já havia melhorado seu desempenho em uma série de distâncias, marcando 8:35.79 nos 3000 m indoor, 30:40 nos 10 km de rua e até competiu em uma meia maratona local em Linkoping, terminando em quarto lugar, com o modesto tempo de 1:11:27. Foi quando seu amigo e também corredor Napoleon Solomon o levou a tentar a corrida de obstáculos.

"Ele disse: 'vamos tentar, você tem pernas longas'. E eu disse: 'Não, eu não quero morrer! Já sofri o bastante como refugiado, não quero morrer nesta corrida de obstáculos '. Então eu tentei, e não foi tão ruim. Eu tomei isso como um desafio", relatou Nait-Hammou.

Em sua primeira prova nos 3000m com obstáculos, o atleta marcou 9:34.55, uma estreia que o colocou entre os mil melhores tempos do mundo naquele ano. Sua estreia na Equipe de Atletas Refugiados aconteceu logo no ano seguinte, no Campeonato Mundial de Cross Country, onde terminou em 134º no difícil percurso de Aarhus, na Dinamarca.

No início da temporada 2019, ele baixou o seu melhor tempo nos 3000 com obstáculos para 9:22.28 em uma corrida em Sollentuna, Suécia, e, depois, diminuiu essa mesma marca em nove minutos, conseguindo 8:58.71. Esse resultado garantiu sua presença no Mundial de Atletismo de Doha, no Catar.



Na pista do Estádio Internacional Khalifa, Nait-Hammou mostrou muita simpatia antes de sua bateria eliminatória, fazendo gestos de coração com as mãos para os fotógrafos com um sorriso largo. A prova, porém, não reservou momento fáceis para o corredor, que se chocou com o etíope Takele Nigate logo na primeira volta e sofreu uma queda. Ele ficou atordoado momentaneamente, mas rapidamente se levantou e terminou a corrida na quadragésima quarta posição, mais de um minuto depois do primeiro colocado.

"Eu queria dar esperança aos refugiados que estão em situações difíceis", disse ele. “Se eles estavam me observando - talvez eles vejam esse cara refugiado cair. Mas então ele voltou e terminou. Eu estava pensando que tinha que chegar à linha de chegada. Eu tenho que fazer tudo. Eu sou um lutador. Eu não estou aqui por diversão. Eu devo terminar."

Agora, às vésperas de seus primeiros Jogos Olímpicos, Nait-Hammou espera seguir sendo uma inspiração para seus colegas refugiados, mostrando gratidão a todas as entidades que permitiram que ele e que outros atletas refugiados pudessem competir e representar sua comunidade.

"Não consigo expressar em palavras o quanto estou agradecido", afirmou. "Eles tornam nossos sonhos realidade. Eles nos dão esperança de integrar a sociedade, não apenas a corrida".

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Foto: Reprodução/Instagram

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