Com a insurgência de uma forte mobilização que pede o adiamento dos Jogos de Tóquio, em decorrência da pandemia do coronavírus, o Comitê Olímpico e Paralímpico dos Estados Unidos (USOPC) tem recebido uma grande pressão de atletas e dirigentes por sua postura "em cima do muro" sobre o assunto.
Responsáveis pela conquista de 65 das 121 medalhas dos Estados Unidos na última edição dos Jogos, as federações de natação e de atletismo do país enviaram, no sábado, 21, uma carta aberta ao comitê nacional solicitando que a USOPC pedisse ao COI o adiamento dos Jogos de Tóquio para 2021. O comitê nacional respondeu prontamente, negando o pedido e afirmando que o COI precisaria de tempo para resolver sua situação.
Diversos comitês olímpicos nacionais também já se declararam a favor da transferência da Olimpíada e Paralimpíada para 2021, como é o caso de Brasil, Noruega, Espanha, Eslovênia e Portugal. Canadá e Austrália já anunciaram, inclusive, que boicotarão os eventos caso ocorram em julho deste ano.
Vale destacar que os Estados Unidos são a maior potência olímpica do planeta e têm um grande poder no Movimento Olímpico. Até por isso, os líderes do USOPC foram duramente criticados por não apoiarem as federações e os comitês. No domingo, 22, a CEO da entidade, Sarah Hirshland, explicou à Associated Press que a USOPC só se pronunciará a favor do adiamento quanto tiver a certeza de que esta é a única opção viável para a realização dos Jogos.
"Meu papel não é exigir das pessoas que tomam decisões, mas apresentar soluções", disse a CEO à AP. "Estamos ouvindo os atletas em voz alta e clara, e posso garantir que o COI nos ouvirá em voz alta e clara", completou.
No último final de semana, a entidade realizou uma pesquisa com cerca de 4.000 atletas americanos, perguntando-lhes sobre suas condições de vida e condições de treinamento e pedindo-lhes a opinião a respeito de quando a Olimpíada deveria ocorrer. 70% dos entrevistados disseram que os Jogos deveriam ser adiados.
A CEO, inclusive, bateu muito na tecla de "dar voz ao atletas". De acordo com ela, foi algo que faltou às federações de natação e de atletismo no momento de suas notificações. "Ambas as modalidades têm uma delegação muito grande, desde atletas de base até atletas de elite, mas eles precisam que seus atletas saibam que estão sendo ouvidos", pontuou.
Assim como os Estados Unidos, os comitês olímpicos de Rússia e China não se manifestaram a favor do adiamento. Mas, apesar disto, tudo caminha para uma mudança na data dos Jogos. No domingo, o Conselho Executivo do COI realizou uma reunião de caráter emergencial e deu um prazo de quatro semanas para tomar uma decisão final sobre os Jogos. Mais tarde, até mesmo o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, admitiu a possibilidade de adiamento.
Foto: RVR Photos/USA TODAY Sports
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