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Comitê Olímpico alemão admite que Paris 2024 enfrenta dilema sobre participação russa

Foto sorridente do presidente-executivo da Confederação Alemã de Esportes Olímpicos (DOSB), Torsten Burmester
Presidente-executivo da DOSB, Torsten Burmester - Foto: DOSB / Frank May
 


O presidente-executivo da Confederação Alemã de Esportes Olímpicos (DOSB), Torsten Burmester, admitiu que o esporte se encontra no centro de um "campo de tensão" e enfrenta um "dilema que não pode ser resolvido". A DOSB sublinhou sua oposição ao retorno de atletas russos e belarrussos, insistindo que "agora não é o momento certo" para suspender as restrições.

 

Atletas de Rússia e Belarus foram em grande parte impedidos de participar do cenário esportivo global devido à invasão russa na Ucrânia, mas o Comitê Olímpico Internacional (COI), liderado pelo ex-presidente do DOSB, Thomas Bach, está considerando permitir que eles compitam sob uma bandeira neutra no próximo ano, em Paris.

 

"Do nosso ponto de vista, agora não é o momento certo para permitir que atletas com passaporte russo ou belarrusso voltem a competir em competições internacionais. Os atos de guerra se intensificaram nas últimas semanas, especialmente os ataques à população civil. No entanto, a essência do esporte é construir pontes, a missão do Movimento Olímpico é unir as pessoas em uma competição pacífica", disse Burmester.

 

"Além disso, a situação atual é avaliada de maneira diferente em outras partes do mundo. Em uma chamada de consulta do COI em 19 de janeiro, a maioria dos Comitês Olímpicos Nacionais se pronunciou a favor de examinar a readmissão. Os atletas, independentemente da idade, sexo, religião, orientação sexual ou origem, não devem ser punidos pelas ações de seus governos. Nesta chamada, expressamos claramente nossa posição e dissemos que só podemos imaginar uma readmissão, se for decidida, sob condições muito estritas", completou o presidente-executivo da DOSB.

 

O COI enfatizou que os atletas da Rússia e de Belarus precisariam "respeitar totalmente a Carta Olímpica", o que significa que eles não apoiaram ativamente a guerra na Ucrânia e cumpriram o Código Mundial Antidoping. Isso seria aplicado por meio de "verificações individuais" em "todos os atletas inscritos", com as Federações Internacionais obrigadas a removê-los da competição e relatar o incidente ao COI caso essas condições não fossem atendidas.

 

Um grupo de 35 países, incluindo a Alemanha e a anfitriã olímpica França, assinaram uma declaração expressando "sérias preocupações" sobre a participação de competidores russos e belarrussos e pediram maior clareza sobre a definição de neutralidade do COI. Burmester admitiu que havia "muitas questões em aberto que precisam ser esclarecidas" pelo COI.

 

"A verdadeira neutralidade teria de ser garantida, ou seja, nenhuma bandeira, símbolo nacional ou cores deveriam realmente ser usadas e hinos tocados, resta ver como algo assim pode ser garantido. Além disso, seria necessário garantir que nenhum atleta da Rússia ou de Belarus, que apoie ativamente a guerra, participe. Depois há a questão dos testes de doping: todos os atletas que podem participar devem ser suficientemente testados", disse Burmester.

 

Burmester revelou que o DOSB recorreu recentemente a especialistas em política, direito internacional e especialistas em direitos humanos para obter conselhos sobre a questão controversa e planeja realizar consultas com organizações membros, atletas e parceiros de negócios para poder formular sua posição.

 

"Nós nos encontramos em um campo de tensão, em um dilema que não pode ser resolvido. Por um lado, existem direitos humanos individualizados que são universais e se aplicam a todos os seres humanos, por outro lado, há decisões políticas e uma convicção moral de isolar completamente o Estado russo como agressor em todos os campos, e no meio está o esporte, que quer fazer justiça a cada atleta, mas ao mesmo tempo não pode agir de forma isolada e desligada da realidade.

 

O presidente-executivo da Confederação Alemã de Esportes Olímpicos ressaltou que eles não são ingênuos de acreditar que podem encontrar uma posição que una todos os envolvidos no esporte organizado mas seguirão no objetivo de formular uma posição que seja compatível com os valores do esporte, e que possa perdurar para além dos Jogos.

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