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Histórias por trás das medalhas de ouro: conheça a panamenha Karla Boyd e o brasileiro Felippe Mendonça

Pan-Americano de ginástica artística. (Foto:@melogym)

Em competições internacionais, muitas vezes os olhares ficam virados para as grandes estrelas. Os favoritos a medalhas, a volta de grandes atletas após um período de lesão ou a confirmação de um desempenho excelente de promessas em busca de se tornar realidade. 

No Campeonato Pan-Americano de ginástica artística, realizado de 14 a 17 de julho, no Rio de Janeiro, as atenções se concentraram no Time Brasil e o país sede fez bonito: no total, foram quatorze medalhas conquistadas, seis no feminino e outo no masculino. 

Passada a euforia com as conquistas tupiniquins, ainda há espaço para se contar histórias que talvez tenham passado despercebidas do público durante a realização do torneio. Neste espaço, o Surto Olímpico te apresenta Karla Boyd, medalhista de ouro no salto feminino, e Felippe Mendonça, técnico brasileiro da equipe juvenil masculina dos Estados Unidos. 

Karla Boyd: a dona da primeira medalha de ouro do Panamá na história do Pan-Americano de ginástica artística

Durante a premiação do salto, na última sexta-feira (15), ouviu-se uma comemoração efusiva vindo das arquibancadas. Mas se engana quem pensa que a celebração era da torcida brasileira com alguma medalha de Flávia Saraiva ou Rebeca Andrade. O barulho vinha da comitiva panamenha, que transbordava alegria e orgulho ao ver Karla Boyd receber a medalha de ouro no Pan-Americano. 

Além da felicidade pelo primeiro lugar, a conquista do país centro-americano foi mais especial por ter sido a primeira vez que um(a) atleta panamenho subia ao lugar mais alto do pódio num Pan. Antes de Karla, somente uma medalha de prata tinha ido para o Panamá. 

Mesmo sem as principais ginastas de Brasil e Estados Unidos fazendo dois saltos - e, consequentemente, competindo pela medalha - em nada a conquista de Karla é apagada.

A jovem de apenas 17 comemorou por um longo tempo junto a seus colegas de equipe e, com um sorriso que não saía do rosto, buscou expressar como se sentia:

"É motivo de orgulho para mim, assim como para o país e para nossa equipe de ginástica panamenha. Conseguir isso é mais que uma conquista para nós. Um ouro pan-americano é um ouro pela América, não é uma medalha qualquer e tudo isso [veio] com esforço, dedicação nos treinos, com os professores, com meus treinadores, com minha equipe de companheiros."

Karla ainda destacou que a participação no Pan do ano passado, já com a equipe adulta, a ajudou a melhorar sua performance: "[os aprendizados] para melhorar, melhorar a altura, ter um pouco mais de dificuldade e limpar mais [a série]."

Quanto aos treinamentos, reforçou que nada deve mudar após a medalha: "Nossa mentalidade continua a mesma, nossos objetivos são os mesmos e o que você acredita ao longo do caminho vai se realizar."

Karla Boyd comemora o ouro no salto

Um tempero brasileiro na vitoriosa seleção masculina juvenil dos EUA 

Após a premiação da equipe masculina juvenil dos EUA, no primeiro dia do Pan-Americano (14), um ótimo sotaque brasileiro foi ouvido vindo do treinador ganhador da medalha de ouro. Não era um estadunidense com um português perfeito, mas sim um brasileiro nascido em Santos. 

Felippe Mendonça, 43, tem uma longa história com o esporte antes de chegar a treinar uma das equipes mais vencedoras da ginástica. Foi atleta de ginástica artística da seleção brasileira e do Santos por dez anos até optar por se dedicar à fisioterapia. Mudou-se para Leme, no interior do estado de São Paulo, e passou a dar aulas na universidade UNIFIAN. 

Algum tempo depois, um velho amigo da ginástica, Gustavo Lobo, entrou em contato para convidá-lo a participar do Cirque de Soleil, companhia da qual fazia parte. Apesar do renome do Circo, Mendonça diz que hesitou em aceitar num primeiro momento:

"Eu tinha uma vida boa no interior e não queria saber de ginástica. Falei: "chega, já deu tudo que tinha que dar, vou ser fisioterapeuta". Mas aí eles me encheram o saco por uma semana."

Com a insistência de Gustavo, Felippe decidiu falar com o diretor da universidade e ele lhe propôs uma licença por seis meses. Se o fisioterapeuta não gostasse da vida no Circo, poderia voltar para Leme e seguir com sua carreira acadêmica. 

Felippe nunca mais voltou. Mudou-se para o Canadá e viajou o mundo durante cinco anos. Conheceu sua futura esposa, Meaghan Muller, e casou-se. A opção de voltar para o Brasil não pareceu viável, uma vez que a psicóloga estadunidense não falava português e teria dificuldades em encontrar emprego na sua área. 

A decisão do casal foi de mudar-se para Atlanta, no final de 2010, onde Meaghan trabalhava com ginástica rítmica. No entanto, não foi sua esposa que o introduziu na ginástica estadunidense: "ela falou assim: pelo amor de Deus, não trabalha com ginástica". 

Contudo, com resquícios da recessão 2008, não sobraram muitas opções para Felippe, já que ele não podia exercer fisioterapia devido à falta de reciprocidade entre os EUA e o Brasil para validar o diploma.

"A recessão bombando. E não tinha emprego. Não teve como respeitar [o pedido de] minha esposa: eu mandei currículo para a ginástica, recebi várias propostas e agora estou aí."

De 2011 a 2016, Felippe treinou a equipe feminina dos Estados Unidos e, a partir de 2016, trocou para o masculino, onde está até hoje junto de sua esposa, que é psicóloga de seus atletas. 

Equipe masculina juvenil dos EUA foi ouro no Pan. Felippe Mendonça é o técnico à frente da seleção estadunidense, do lado direito. (Foto: @melogym)

1 Comentários

  1. Nossa !! Que bacana essas histórias de superação e amor ao esporte olímpico ! Parabéns a todos envolvidos !

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