Quem olha o trenó da equipe de bobsled passando voando, a mais de 150km/h, no circuito do Centro Nacional de Esportes de Pistas, em Yanqing, certamente não notará esse detalhe. Mas com o carrinho parado é possível ver muito nitidamente uma silhueta estampada. É Odirlei Pessoni, um dos símbolos da modalidade no Brasil e que esteve nos Jogos Olímpicos de Sochi 2014 e Pyeongchang 2018, que faleceu tragicamente em acidente automobilístico em março de 2020, aos 38 anos.
“Essa homenagem foi uma ideia de todo o time porque o Odirlei era um cara fantástico, o coração do time. Era nosso mecânico, nosso engenheiro e um baita de um atleta. Chegava no topo da pista e podia estar quem fosse que ele não tremia. Era um super parceiro, com um coração gigante. O mínimo que a gente podia fazer era trazer ele com a gente. Sabemos que não pode ter marcas, patrocínio nada disso no trenó. Mas se a organização pedir para tirar, é um questionamento que a gente vai fazer porque é uma homenagem que vai além do esporte”, disse o capitão e piloto do trenó, Edson Bindilatti, responsável por trazer Pessoni para a modalidade.
“A amizade é um dos fundamentos do Olimpismo e acho que o que fizemos é uma homenagem à amizade. A competição, o resultado vem depois disso. Queremos muito deixar a imagem dele no trenó com a gente porque ele fez parte de toda essa história do bobsled do Brasil. Se hoje estamos aqui, disputando em bom nível, muito a gente deve a ele”, completou Bindilatti. Os capacetes dos atletas também terão a imagem de Odirlei.
No skeleton, Nicole também não economizou no simbolismo em seu capacete e seu trenó. Quando ela está voando deitada de bruços no carrinho, não dá pra ver, mas o que ela queria desde o começo na prática da modalidade, esteve estampado nos últimos anos em seu equipamento de trabalho.
“Desde 2020 que eu tenho essa decoração. O meu sled é o rosto de uma mulher e também é todo pintado com as cores do Brasil. Dentro do olho da mulher está escrito ‘Beijing 2022’. Significa o foco no objetivo que era estar aqui nos Jogos Olímpicos”, explicou Nicole.
Mas as homenagens ao Brasil e os simbolismos não param por aí. No capacete da atleta que foi 8ª lugar no evento-teste em outubro do ano passado há duas imagens.
“No capacete, eu estampei uma arara com o estetoscópio em volta. A arara é um animal lindo, é um dos símbolos do Brasil, e também tem o significado de sorte. E o estetoscópio é, logicamente, uma referência à minha outra profissão, que é ser enfermeira. Atrás tem meu sobrenome, Silveira, e o símbolo da enfermagem também. Eu quis fazer bem colorido, com as cores do Brasil”, completou. Nicole Silveira faz a primeira descida dia 11, enquanto o bobsled, no trenó de duas pessoas, estreia no dia 14. O quarteto compete pela primeira vez no dia 19.
Foto: Alexandre Catello Branco/COB
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