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Hugo Calderano acredita que é possível ser número 1 do mundo, mas foca em conquistar medalha olímpica

Foto: Remy Gros/WTT
Hugo Calderano não poderia ter começado melhor o novo ciclo olímpico. No último final de semana, em sua primeira competição após Tóquio 2020, o mesatenista conquistou o maior título da carreira, o WTT Star Contender, no Catar. Com o troféu, atingiu um inédito quinto lugar no ranking mundial, mas, apesar de estar próximo de ser o número 1 do mundo, ele revela que seu foco maior é conquistar uma medalha olímpica.

"Com certeza eu gostaria de ser número 1 do mundo, acredito que é possível. Poucos atletas acreditam que seja possível passar dos chineses, até porque eles estão realmente na frente, mas eu acho que é. Mas o meu objetivo principal sempre será ganhar as competições mais importantes, Campeonato Mundial e, principalmente, Jogos Olímpicos", relevou o brasileiro em entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira (30).

“Os chineses ainda estão bem na frente. Em termos de pontos, estão bem longe, estou mais perto do quarto colocado, o Harimoto (Tomokazu). Os chineses sempre vão ser mais regulares, têm uma técnica muita boa. Acredito bastante que eu possa ganhar e chegar perto do nível deles com meu estilo de jogo agressivo e diferente. Então esse é o meu objetivo. Não preciso necessariamente ser o número 1, mas quero brigar por uma medalha olímpica”.

Foto: Remy Gros/WTT
Hugo não só crê no pódio olímpico, que passou tão perto em Tóquio, onde ele acabou eliminado nas quartas de final, como também aposta em um ouro. "Dá para ganhar uma medalha de ouro e ser campeão olímpico. É preciso muita preparação e muito treinamento, mas estou no caminho e vou continuar tentando. Ainda tenho muitas Olimpíadas pela frente e estou longe do meu auge, onde eu posso chegar", afirmou o carioca.

Nos Jogos de Tóquio, Calderano fez a melhor participação brasileira no tênis de mesa em Olimpíadas, com um inédito quinto lugar. Apesar de ter feito história, a forma como foi derrotado pelo alemão Dimitrij Ovtcharov foi dolorosa: o brasileiro vencia por 2 a 0 e tinha boa vantagem no terceiro set, mas sofreu a virada. Hugo, porém, revelou que a derrota foi o ponto de partida para o título em Doha.

"Foi bem difícil a minha derrota em Tóquio, mas isso me deu mais motivação. Em alguns momentos depois que eu perdi a partida eu já estava com vontade de voltar mais forte. Voltei para o Brasil e consegui recuperar as energias, o tempo todo com muita motivação. Descansei três semanas. Hoje estou na minha melhor forma física e técnica, me sentindo muito bem mentalmente e ainda mais motivado para o futuro".

Foto: Remy Gros/WTT
Calderano fez cinco jogos no Star Contender e precisou superar velhos algozes para ficar com o título. Nas quartas de final, o brasileiro ganhou do francês Simon Gauzy, que o havia derrotado nos três últimos confrontos diretos no circuito mundial. Na semi, bateu o inglês Liam Pitchford, adversário que o venceu em duas oportunidades. Por fim, encontrou na decisão o esloveno Darko Jorgic, seu carrasco no último torneio no Catar.

"O Gauzy foi meu companheiro de equipe por sete anos, a gente treina junto todo dia. Com o Pitchford tinha sido diferente. A última partida no ano passado eu tinha ganhado. Consegui jogar muito bem e ganhar de novo. Era um estilo de jogo bem diferente. O Jorgic é um pouco diferente, porque já venci ele na Bundesliga. Não tinha essa sensação de que estava com um retrospecto negativo", analisou.

NOVA CASA E INTERCÂMBIOS

Com o início de um novo ciclo e agora no top-5 mundial, Hugo Calderano mudou de clube. Ele foi apresentado nesta semana no russo Orenburg, pentacampeão europeu, e que disputa a Champions League de tênis de mesa. Entretanto, o brasileiro não vai morar na Rússia, e seguirá fixo em Ochsenhausen, na Alemanha, onde jogou até a última temporada. Segundo ele, a decisão vai gerar mais flexibilidade em seu calendário.

"Minha rotina vai continuar parecida. E pelo fato de eu ter menos jogos da liga, terei mais liberdade no meu calendário. Vou ter mais tempo para treinar como eu gostaria, participar de competições internacionais, talvez treinar no Japão, na Coreia ou quem sabe na China. Essa mudança vai me dar essa liberdade de escolher o que eu preciso fazer para continuar evoluindo, algo que eu não conseguia fazer exatamente quando eu jogava na Bundesliga".

Foto: TTC Fakel-Gazprom Orenburg
Em Orenbug, Hugo fará parte de um time muito qualificado, com outros dois atletas top-10 do mundo: o alemão Dimitrij Ovtcharov, seu algoz na Olimpíada de Tóquio e que faturou o bronze, e o taiwanês Lin Yun-Ju, quarto colocado em Tóquio 2020. O brasileiro comentou sobre a oportunidade de ter dois dos principais jogadores do mundo jogando ao seu lado.

"Os dois são muito fortes, jogadores top-10. Um pode aprender muito com o outro, por mais que estejamos em níveis muito próximos. O Ovtcharov tem bastante experiência, o Lin Yun-ju é mais jovem, mas está há bastante tempo em nível altíssimo. Nós somos a equipe mais forte da Europa e vamos entrar favoritos para conquistar a Champions League", avaliou. 

Com a liberdade propiciada pelo calendário do novo clube, Hugo manifestou o desejo de disputar a liga chinesa, principal celeiro do tênis de mesa mundial. Apesar de não querer morar ou ficar por um longo período de tempo no país asiático, ele estuda chinês há um ano, para se aproximar da cultura local.

"Eu não moraria na China. A liga chinesa dura algumas semanas ou no máximo um mês. Se eu fosse (para lá), seria apenas para ficar um tempo e aproveitar o nível dos chineses, mas não para morar. Poucos atletas já participaram da liga chinesa. Eles têm aberto as portas nos últimos anos, e já me falaram, inclusive, que para mim estão abertas para eu participar da liga. Agora, com Covid, é muito difícil, está tudo mais complicado na China, mas eu tenho certeza que no futuro vou conseguir fazer alguma coisa lá".

Foto: TTC Fakel-Gazprom Orenburg
Ao mesmo tempo em que se vê na possibilidade de um intercâmbio com a principal potência da modalidade, Hugo enxerga suas chances de voltar a jogar no Brasil como remotas, já que o país apresenta poucas competições internacionais de alto nível.

"Eu gostaria muito de jogar mais no Brasil, sei a importância de tudo isso, mas acho que também é importante que o Brasil organize abertos internacionais, porque não tenho interesse de jogar um Campeonato Brasileiro ou uma Copa do Brasil, por exemplo. Eu faço muitas viagens e é difícil encaixar no calendário", explicou.

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