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Após 15 anos do maior feito do Brasil nos Jogos de Inverno, Isabel Clark pratica snowboard em solo brasileiro pela primeira vez


Há 15 anos, o Brasil comemorava o maior feito de um atleta do país nos Jogos Olímpicos de Inverno: 9° lugar de Isabel Clark no snowboard cross, em Turim 2006. E, na semana em que se chega à contagem regressiva de 100 dias para Pequim 2022, a atleta viveu uma experiência inédita: praticar a sua modalidade em solo brasileiro. A convite de Comitê Olímpico do Brasil (COB) e da Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN), Isabel realizou um sonho ao descer na pista de neve do Snowland, em Gramado (RS).

“Foi incrível, a ficha ainda está caindo. É como se eu estivesse em outro país, mas estou no Brasil, praticando snowboard em condições de neve de verdade. Já tinha feito snowboard na pista sintética do Ski Mountain Park, em São Roque (SP), e sandboard em Florianópolis (SC), Fortaleza (CE) e Paracuru (CE), mas na neve foi a primeira vez. É tudo maravilhoso: a pista, a inclinação, a esteira rolante e o cenário. Tem até um salto super bem feito no meio da pista. Fiquei impressionada também com a infraestrutura, é tudo muito bem pensado e funciona perfeitamente”, comentou.


Isabel conseguiu a classificação para quatro edições de Jogos de Inverno (Turim 2006, Vancouver 2010, Sochi 2014 e PyeongChang 2018), mas não pode competir na edição mais recente após sofrer uma lesão às vésperas da competição. Aos 45 anos e fora da briga por uma vaga em Pequim 2022, a ex-atleta analisou o atual panorama do snowboard brasileiro.


“O Brasil ficou muito tempo sem renovar os atletas de snowboard. Na verdade, até houve renovação, mas os que chegavam já tinham 20 anos ou mais e, como o esporte evoluiu muito, apesar de serem talentosos e estarem motivados, era muito difícil ir longe em termos de resultados e classificação olímpica. Mas agora chegou uma geração diferente, incentivada pelos pais desde pequenos, e isso faz toda a diferença”.


“Quatro famílias sempre iam todos os anos ao Campeonato Brasileiro, todas com dois filhos de idades próximas. Destas famílias, duas estão buscando a classificação para Pequim, com meninos talentosos, que treinam em clubes desde uns oito anos de idade. Isso faz toda a diferença. Temos o Noah e o Zion Bethonico, que se especializaram no boardercross e o Augustinho e o João Teixeira, do freestyle. Eles têm um nível altíssimo, disputam de igual para igual com países tradicionais no esporte”, complementou.

Ainda que o cenário atual seja positivo, Isabel chama a atenção para um ponto: a baixa presença de meninas no alto rendimento.

“Se isso acontecer, as chances do Brasil aumentariam mais. A FIS (Federação Internacional de Esqui) está com uma política de incentivo à igualdade de gênero, e o número de cotas foi igualado. Tomara que apareçam famílias brasileiras com meninas jovens incentivadas pelos pais”.

Formada em arquitetura, Isabel deve se mudar em breve para os Estados Unidos, onde pode ajudar no desenvolvimento de novos talentos.

“A pandemia atrasou o processo devido ao fechamento temporário de fronteiras e estações de esqui. Mas minha intenção é trabalhar em Aspen e, a partir daí, ter uma nova base na neve e traçar o meu pós-carreira com novos projetos”.

A importância de Isabel Clark para o esporte olímpico brasileiro foi ressaltada por Pedro Cavazonni, CEO da CBDN: “A Isabel colocou o Brasil em uma posição de destaque sem precedente nos Jogos de Inverno, elevando o status do snowboard sul-americano. Ela é, definitivamente, a atleta mais reconhecida e premiada do continente na modalidade, tendo se posicionado entre as 15 melhores do mundo por mais de 15 anos”.

Fundado há oito anos, o Snowland é o primeiro parque de neve indoor do país. Com uma área de 16 mil m², o empreendimento recria um vilarejo alpino, com direito a pistas de patinação, esqui e snowboard, além de escola de esqui e snowboard. O espaço oferece ainda local para caminhadas e exploração à montanha nevada.

Foto: Rafael Bello/COB

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