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Abner Teixeira comenta trajetória da medalha olímpica e fala do "sonho" de enfrentar cubano

*Com Wesley Felix

De Sorocaba para o pódio olímpico. Esse é Abner Teixeira, um dos três boxeadores brasileiros a medalhar na Olimpíada de Tóquio. Natural de Osasco-SP, o atleta do peso pesado foi bronze na capital japonesa. Dez dias após sua conquista, ele conversou com o Surto Olímpico e falou, entre outras coisas, sobre sua trajetória na competição e na seleção brasileira de boxe.


Hoje com 24 anos, Abner conheceu o boxe há dez anos, através de um projeto social em Sorocaba, no interior paulista. Ele passou a integrar a Equipe Olímpica Permanente (EOP), criada pela Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe) em 2009, logo no início do novo ciclo, em 2017. Morando e treinando junto à seleção, o paulista exaltou o trabalho da EOP para a conquista de sua medalha.


“Tem muita gente por trás dessa medalha, começando pelos que estão diretamente ligados no campo de batalha, que são os atletas, que treinam todo dia na Equipe Olímpica Permanente, os treinadores, a equipe multidisciplinar. É um esporte individual, mas tem muita gente por trás das conquistas. Só tenho a agradecer a eles, a todo o corpo da CBBoxe, que possibilitou melhores condições durante todo esse ciclo. Com campings, competições e todo o tipo de suporte que precisávamos”, disse o paulista.


Em sua trajetória até a medalha, Abner venceu duas lutas, contra o britânico Cheavon Clarke e o jordaniano Hussein Eishaish Iashaish, ambos por 4:1, antes de ser derrotado na semifinal pelo cubano Julio de La Cruz, que mais tarde sagrou-se bicampeão olímpico em Tóquio. Em sua avaliação, o duelo mais marcante foi nas quartas de final, contra Iashaish, justamente na vitória que lhe rendeu o pódio.


“Foram três lutas e toda luta eu via como se fosse final. Para mim, era a luta do ouro. Mas se for pra ressaltar uma, acho que a que garanti a medalha foi muito especial pra mim. O atleta jordaniano tinha ganhado do Julio Castillo, que é o atual vice-campeão mundial, e é um atleta bem experiente. O jordaniano ‘passou o trator’ em cima dele", avaliou Abner.


Abner em ação contra Hussein (Foto: Gaspar Nóbrega/COB)

"Ganhar dele e do jogo dele foi mais especial porque eu consegui colocar o cara que pressiona para trás e pressionar ele, colocar para trás, foi uma luta bem especial para mim. Fiz algo que nunca tive que fazer durante o ciclo todo, de pressionar o cara para trás. Então, ganhar, e ganhar dessa maneira, foi bem especial. É uma luta que eu guardo com muito carinho”, completou o medalhista.


Como no boxe não há disputa de terceiro lugar, os perdedores na semifinal garantem a medalha de bronze automaticamente. Assim, o brasileiro conseguiu um lugar no pódio com a vitória sobre Hussein, restando definir apenas sua posição final. Buscando se classificar para a decisão, Abner teve uma grande pedreira pela frente: Julio de La Cruz, um dos maiores nomes do boxe mundial.


Tricampeão mundial e campeão olímpico na Rio-2016 pelo peso meio-pesado, Julio subiu uma categoria para a disputa dos Jogos de Tóquio. Sem grandes nomes no novo peso, ele confirmou seu favoritismo com quatro vitórias relativamente tranquilas (4:1 sobre o brasileiro) para conquistar seu segundo ouro olímpico. 


Abner acertando um golpe de esquerda em Julio (Foto: Wander Roberto/COB)


Abner confessou que foi um "sonho" enfrentá-lo na semifinal, mas que não considerou o cubano alguém imbatível. “Sonhava com essa luta desde que descobri que ele subiu de categoria. Acho que perdi nos detalhes, ele não tinha os reflexos e a defesa que eu achava que ele tinha. Mas ele sabia cadenciar muito bem o round", opinou.


“Achei que seria impossível acertar a cabeça dele tanto que a estratégia era acertar só o tronco, mas no primeiro round eu acertei seis cruzados na cabeça dele. Estou ansioso para enfrentá-lo no Mundial em Belgrado”, completou o brasileiro, lembrando da possibilidade de um novo confronto com o campeão olímpico em outubro, no Mundial da modalidade, na Sérvia.


Entrando para a história como um dos oito medalhistas olímpicos do boxe brasileiro, Abner já vira a chave e olha para Paris. Sua expectativa é "mudar a cor da medalha e trazer o ouro para o Brasil". Em um ciclo mais curto - apenas três anos -, sua preparação começa a todo vapor. Ele disputará o Mundial Militar já em setembro e, um mês, irá para Belgrado para o Mundial Sênior.


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Foto de capa: Jonne Roriz/COB


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