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Guia: Pan-Americano de Ginástica Artística


O Rio de Janeiro vai sediar esta semana o Campeonato Pan-Americano de Ginástica Artística. O evento vai distribuir quatro vagas para Tóquio 2020, duas no masculino e duas no feminino. O Brasil já garantiu cinco ginastas nos Jogos Olímpicos e esse número pode chegar a sete nesta semana.

COMO É O SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO OLÍMPICA?

Para este ciclo olímpico, a Federação Internacional de Ginástica (FIG) mudou o seu sistema de classificação, o que causou alguma confusão na imprensa e nos fãs. Na Rio 2016, por exemplo, cada país que se classificasse para a prova por equipes podia levar cinco ginastas. Para Tóquio, as equipes terão quatro atletas, com a possibilidade do país conseguir até duas vagas extras para ginastas que não poderão competir pela equipe. Além disso, os países podem classificar atletas para a disputa das provas individuais pelo Mundial de Ginástica Artística de 2019, pelos circuitos da Copa do Mundo e nos campeonatos continentais.

No masculino, o Brasil conseguiu classificar a equipe e por isso já garantiu a presença de quatro ginastas. Caso um brasileiro elegível (que não tenha participado do Mundial de 2019) seja um dos dois melhores ginastas no individual geral da fase de classificação, o país consegue uma quinta vaga. Vale destacar, que como temos uma equipe classificada, a vaga é do Brasil e não do atleta, cabendo à Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) definir os quatro ginastas que irão compor a equipe e o que irá competir individualmente.

No feminino, a equipe brasileira terminou o Mundial em 14º lugar, ficando de fora da disputa por equipes pela primeira vez desde os Jogos de Sydney 2000. A única ginasta brasileira classificada é Flávia Saraiva, pelo seu desempenho no individual geral no Mundial de 2019. O Pan-Americano é a chance do Brasil de classificar uma segunda atleta na ginástica artística feminina.

Vale salientar, que todos os ginastas classificados para Tóquio, não importando o método de classificação, poderão competir em todos os aparelhos na fase qualificatória da Olimpíada. 

O CENÁRIO NO FEMININO

Os Estados Unidos já atingiram o limite de seis atletas na ginástica artística feminina e, por isso, não poderiam conquistar vagas pelo Pan. A equipe feminina do Canadá está na mesma situação do Brasil no masculino e era favorita a levar uma vaga extra. Mas a federação de ginástica do país resolveu não enviar representantes para a competição devido à situação da pandemia da covid-19 no Brasil.

Com a ausência das duas equipes, as brasileiras são as favoritas para conseguir uma das vagas. O nome mais cotado para a classificação é o de Rebeca Andrade. Ela é uma das melhores ginastas brasileiras de todos os tempos e estando 100% em forma, tem chances de medalhas no individual geral, no solo e no salto em Tóquio. Rebeca sofreu algumas lesões que impediram que ela já tivesse confirmado seu potencial em algum Campeonato Mundial. Mas como a pandemia deu bastante tempo de recuperação para a ginasta, ela tem condições de conseguir a vaga, mesmo se reduzir um pouco a dificuldade das suas séries no Pan.


Outras veteranas na competição são Jade Barbosa e Lorrane Oliveira. As duas tem condições de desafiar Rebeca pela vaga olímpica. Lorrane não esteve 100% durante o ciclo, tendo atuado na seleção quase como uma especialista nas barras assimétricas, mas tem uma nova série de solo que pode ajudar a ginasta a conseguir uma boa nota no individual geral. Jade Barbosa se recuperou da lesão no joelho sofrida no Mundial de 2019 e já está treinando em todos os aparelhos. Em treino aberto da seleção no último mês, transmitido pelo Canal Olímpico do Brasil, Jade teve um bom desempenho e mostrou uma série nova nas barras assimétricas.


O Brasil também vai contar com três atletas que irão fazer sua estreia na categoria adulta na competição. Ana Luiza Lima, Christal Bezerra e Júlia Soares competiram no Mundial Júnior de 2019 e devem ser destaques da seleção brasileira no próximo ciclo olímpico.

A briga pela segunda vaga deve ficar entre as argentinas e as mexicanas. A Argentina vem com equipe completa para o Pan. Com Martina Dominici já classificada, a principal chance de vaga olímpica seria Abigail Magistrati, campeã sul-americana do individual geral em 2019. Dentre as novatas da equipe argentina, vale ficar de olho em Brisa Carraro, campeã sul-americana júnior em 2019.

Paulina Campos (MEX) e Abigail Magistrati (ARG)
O México não vem com força total e suas principais representantes para tentar a vaga olímpica são Paulina Campos e Victoria Mata. Correndo por fora estão Ana Palácios, da Guatemala, Franchesca Santi, do Chile, Karelys Díaz, de Porto Rico e Yamilet Peña, da República Dominicana (a ginasta sempre tenta o Produnova, um dos saltos mais difíceis do código de pontuação. Se acertar e não cometer erros graves como quedas nos outros aparelhos, consegue tirar mais de 50 no individual geral - mesmo assim é improvável).

COMPETIÇÃO ACIRRADA NO MASCULINO

Entre os homens, a briga promete ser mais acirrada. Os Estados Unidos irão participar com um time forte, com vários ginastas que já fizeram acima de 80 pontos no individual geral. Como o país já está classificado por equipes, os estadunidenses tentam conquistar uma quinta vaga para o país. 

Os cinco ginastas dos Estados Unidos são elegíveis para a vaga olímpica. Quem está na frente é Cameron Bock, que em fevereiro venceu a Winter Cup, competição doméstica, onde conseguiu 84.150 no individual geral. Riley Loos, segundo colocado na competição (83.250) também pode brigar pela vaga. Outro nome para ficar de olho é Donnell Whittenburg, que consegue notas acima de 80 no individual geral e tem como ponto forte sua rotina nas argolas.

A equipe brasileira terá apenas Diogo Soares e Tomás Rodrigues podendo garantir uma vaga a mais para o Brasil. Diogo é o favorito, tendo ótimos resultados no individual geral na categoria júnior, conquistando a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos da Juventude de 2018, em Buenos Aires, na Argentina. Sua última competição foi a American Cup de 2020 (antes da pandemia), onde conseguiu 81.298 na soma dos seis aparelhos. 

Tomás Rodrigues tem como seus principais aparelhos o solo e o salto, mas no individual geral é o atual vice-campeão brasileiro, com possibilidade de ultrapassar a barreira dos 80 pontos, o que deve ser necessário para a classificação olímpica. 


Os outros brasileiros convocados não podem conquistar a vaga olímpica, porque foram parte da equipe que classificou o país no Mundial de 2019. Arthur Zanetti, Arthur Nory, Francisco Barretto Jr. e Caio Souza vão aproveitar o Pan para testar suas rotinas para os Jogos Olímpicos, em sua primeira competição desde o início da pandemia.

Quem pode atrapalhar os planos dos brasileiros e dos estadunidenses é o colombiano Jossimar Calvo. O ginasta sofreu com lesões em 2019 e não pôde participar do Mundial, perdendo uma chance de se classificar para Tóquio 2020. Sua última chance é o Pan. O colombiano foi campeão do individual geral nos Jogos Pan-Americanos de 2011, em Guadalajara no México, e ficou em décimo lugar na Rio 2016.

Jossimar Calvo na Copa do Mundo de Ginástica Artística em São Paulo (2016) - Foto: Ricardo Bufolin/CBG

Vale a pena ficar de olho também em Santiago Mayol, da Argentina, Fabian de Luna, do México, e Tomás González, do Chile. González foi finalista do solo e do salto sobre a mesa em Londres 2012 e do salto na Rio 2016. Caso não conquiste a vaga no Pan, o chileno é o primeiro reserva da classificação pelo individual geral do Mundial de 2019 e vai a Tóquio caso um dos ginastas classificados não possa participar. 

PROGRAMAÇÃO COMPLETA:


04/06 (sexta-feira) - qualificação, individual geral e final por equipes masculino:
14h - Subdivisão 1: Colômbia, Equador, Panamá, Peru, Uruguai
16h30 - Subdivisão 2: Argentina, Brasil, Estados Unidos
19h - Subdivisão 3: Chile, México, Rep. Dominicana

05/06 (sábado) - qualificação, individual geral e final por equipes feminino:
9h30 - Subdivisão 1: Argentina, Colômbia, Porto Rico e Uruguai
11h45 - Subdivisão 2: Chile, Costa Rica, Guatemala e Trinidad e Tobago
16h30 - Subdivisão 3: Brasil, Equador, Ilhas Cayman e México
18h45 - Subdivisão 4: Panamá, Peru, República Dominicana e Venezuela

06/06 (domingo) - finais por aparelhos:
10h - salto feminino e solo masculino
10h45 - solo feminino, cavalo com alças e argolas
14h - trave, salto masculino e barras paralelas
14h45 - barras assimétricas e barra fixa

O SporTV2 transmite as subdivisões do Brasil na sexta e sábado e as finais por aparelhos. O Canal Olímpico do Brasil transmite a competição na íntegra.

Fotos: Ricardo Bufolin/CBG

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