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Surtolista - 10 'quases' mais tristes do Brasil na Olimpíada de Sidney



Os Jogos olímpicos de Sydney são aqueles jogos que muitos não gostam de lembrar. Afinal, o Brasil era amplo favorito em algumas modalidades e saiu da cidade australiana com zero medalhas de ouro, o que não acontecia desde Montreal 1976. Nem mesmo as doze medalhas, uma a menos do que em Atlanta,  amenizou o sentimento do brasileiro médio que não pode comemorar nenhum ouro olímpico naquela edição. 

Então a surtolista vem para relembrar 10 'quases' do Brasil naquela edição, onde favoritos ou surpresas que surgiram nos jogos ficaram fora do pódio ou conquistaram uma medalha que não era a prevista. Não está em ordem, mas a última da lista com certeza está no número 1 de todos os brasileiros que acompanharam esse jogos. Sem mais delongas, eis a lista:

Surte +

Futebol masculino – A seleção olímpica foi tão bem no pré-olímpico que o técnico Wanderley Luxemburgo resolveu não levar nenhum dos três jogadores acima de 23 anos para reforçar a equipe nos Jogos olímpicos e apostar em nomes como Ronaldinho Gaúcho, Lúcio (pentacampeões mundiais dois anos depois) e Alex. Mas a primeira fase a seleção não jogou bem, e após uma derrota para a África do Sul, uma sofrida vitória em cima do Japão deixou o Brasil nas quartas de final.
Foto:Reuters


E o Brasil teria contra outro time africano no caminho, Camarões, e teve mais drama com gol de Mboma no primeiro tempo. No segundo tempo, o Brasil contou uma expulsão camaronesa e com um a mais partiu pra cima para o tudo ou nada. Mas o gol só veio nos acréscimos, com mais uma expulsão camaronesa, em falta cobrada com maestria por Ronaldinho Gaúcho. Com dois a mais, o Brasil comandou as ações do jogo, mas perdeu chances inacreditáveis, além de cair quase sempre na linha de impedimento camaronesa. Aos oito minutos do segundo tempo da prorrogação, a lei do ‘quem não faz,leva’ entrou em ação e Mbami marcou o gol de ouro, eliminando de forma inacreditável o Brasil.

Camarões acabou como campeão olímpico derrotando Chile (semifinal) e Espanha (final) e Wanderley Luxemburgo acabou sendo demitido do cargo de técnico sendo substituído por Emerson Leão. 

Foto: Ivo Gonzalez/ Acervo o Globo


Gustavo Kuerten – Guga era o grande nome do esporte brasileiro em 2000. Tinha conquistado o bi em Roland Garros e lutava para conseguir o primeiro lugar no ranking da ATP- era o terceiro do mundo naquele momento. Ele chegou a Sydney para conquistar uma medalha inédita para o tênis brasileiro, mas ele quase não disputou a competição olímpica por problemas entre seu patrocinador e a patrocinadora do Comitê olímpico do Brasil na época. Uma semana antes dos jogos, Guga foi liberado a disputar a competição com um uniforme sem patrocinador.

Guga conseguiu boas três vitórias. Nas quartas de final, enfrentou um grande rival do circuito da ATP, Yevgeny Kafelnikov (RUS), que venceu o brasileiro por 2 sets a 0 e acabou com o sonho da medalha olímpica de Guga, que depois disso virou figurinha carimbada na torcida pelo brasil nas competições na cidade australiana. De consolo também, ficou a liderança do ranking da ATP para o brasileiro (na época a competição olímpica do tênis contava pontos)

Carlos Honorato – O judoca Carlos Honorato viveu um conto de fadas em Sydney. Reserva da seleção na categoria até 90kg, Honorato só disputou a olimpíada porque o titular Edelmar ‘Branco’ Zanol se machucou e foi cortado. Em Sydney Honorato cresceu na competição e viu sua vida mudar após enfrentar o japonês Hidehiko Yoshida nas quartas de final, campeão olímpico em Barcelona. Carlos aplicou um ippon sensacional no japonês, que acabou quebrando o braço na queda, e avançou para as semifinais, que também venceu. Na final, ele enfrentaria o fortíssimo Mark Huizinga (NED), mas a confiança era alta para que aquele conto de fadas tivesse um final dourado. Mas ao correr atrás de um golpe que o colocasse a frente do placar, Honorato se descuidou e levou um ippon do neerlandês, ficando com a prata, que apesar da frustração inicial foi muito comemorada pelo judoca brasileiro, 

Vôlei feminino – A renovada seleção de Bernardinho foi para Sydney com a expectativa de chegar a final olímpica. Comandadas por Fofão, Leila e Virna, remanescentes de Atlanta, a nova geração de Érika, Elisângela e Walewska fizeram grande campeonato. Chegaram a semifinal como melhor campanha da competição invicta e com apenas um set perdido. Mas as adversárias pela vaga na final olímpica eram as temidas cubanas, que vinham sua geração lendária chegando ao fim, mas ainda sim, uma seleção forte. E com uma atuação épica de Regla Torres, com 22 pontos, sentenciou o Brasil a mais uma derrota no tie-break e mais uma disputa pelo bronze, que o Brasil venceu.  Foi a última grande competição de Bernardinho na seleção feminina, que migraria para a masculina em 2001

Sanderlei Parrela – Parrela era um dos grandes nomes do atletismo brasileiro em 2000 e viveu um drama antes dos jogos de Sydney. O medalhista de prata no mundial de 1999 nos 400m rasos tinha sido acusado de doping por nandrolona em um teste realizado em maio e conseguiu provar apenas a quatro dias de competir que sua amostra de urina foi contaminada. Sanderlei competiu normalmente e conseguiu chegar a grande final dos 400m.

Na prova, Sanderlei fez boa atuação, mas não conseguiu quebrar a barreira dos 45 segundos, ficando na quarta colocação. Se tivesse ficado próximo do seu tempo que lhe deu a prata no mundial de 1999 – 44s29 – poderia ter ficado com a prata.

Foto:CBAt


Claudinei Quirino – O brasileiro ganhou o status de favorito nos 200m após os americanos Michael Johnson e Maurice Greene não conseguirem se classificar para essa prova olímpica. Ele, que terminou em segundo no mundial de 1999 com o tempo de 20 segundos cravados, chegou com tranquilidade na final. Mas ele não conseguiu melhorar o seu tempo e ficou em sexto com 20s28, longe do seu melhor tempo, que poderia ter dado o ouro para o brasileiro. Ao ser questionado pelo seu resultado, Claudinei acabou soltando uma frase que se tornou folclórica com o passar dos anos: "Eu me dou bem é em anos ímpares." 

Zé Marco e Ricardo – Em competição que a maioria dos favoritos caíram, Zé Marco e Ricardo chegaram a final olímpica com todo o favoritismo, afinal seus adversários Blanton e Fonoimoana (USA) nunca tinham vencido uma etapa de circuito mundial na carreira. Mas os salvaram quatro set points, empataram o jogo e, em um erro de ataque brasileiro, fecharam o primeiro set. Os brasileiros voltaram abalados para o segundo set e não se recuperaram, pendendo por 2 sets a 0 e ficando com a prata.

Foto:Reuters


Adriana Behar e Shelda - Adriana Behar e Shelda eram a dupla a ser batida em Sydney. Tetracampeãs do circuito mundial,a dupla enfrentou na final Cook e Pottharst (AUS), que em 17 confrontos até aquele momento tinham vencido 14.  A dupla brasileira ia fechar o primeiro set, mas as australianas salvaram três set points e viraram para vencer o primeiro set. empolgadas pelo feito, com o apoio da torcida local e aproveitando que Behar e Shelda estavam incrédulas com o set perdido, venceram o segundo set e ficaram com um ouro que era considerado muito certo do Brasil

Torben Grael e Marcelo Ferreira – A dupla de velejadores da classe star chegaram em uma posição muito confortável na regata da medalha: Já estavam com o bronze garantido e só precisavam de um quinto lugar para garantir o ouro e se igualarem a Adhemar Ferreira da Silva como campeões olímpicos. Mas a decisão por uma largada agressiva se mostrou errada quando foi confirmada que eles queimaram a largada. Eles não souberam da punição e terminaram em décimo, mas o resultado foi anulado e eles só ficaram com o bronze, para a frustração de todos, inclusive da dupla, que só viria conquistar o bi olímpico em Atenas 2004.

Rodrigo Pessoa – tricampeão mundial com sua montaria Baloubet Du Rouet, Rodrigo Pessoa era a esperança de um ouro inédito no hipismo saltos. Após ajudar a equipe brasileira a ficar com o bronze, chegou a vez dele. Na primeira tentativa, zerou o percurso e no dia seguinte ele precisaria zerar o percurso de novo para levar o ouro inédito. Mas após errar um obstáculo, Baloubet perdeu a confiança e refugou três vezes em outro obstáculo, acabando o sonho do Brasil em terminar a olimpíada com uma medalha de ouro.

Surte +

O cavalo de Rodrigo virou vilão nacional, sendo motivo de chacota por todo o Brasil e só se redimiria com a prata quatro anos depois em Atenas 2004, que virou ouro no ano seguinte por conta do doping do cavalo que ficou em primeiro lugar.

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