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Guilherme Costa fala dos treinos, da vontade de competir e revela desejo de medalha em Tóquio 2021


O nadador Guilherme Costa já é recordista sul-americano em três provas da natação: 400m, 800m e 1500m. Mas ele quer mais. Em entrevista via live na noite desta segunda-feira (24), o carioca bateu um papo com o Surto Olímpico sobre os treinos durante a pandemia, a tomada de tempo na semana passada, seus adversários, seus ídolos, a vontade de retornar às competições, além de relembrar seu início de carreira e falar do seu objetivo para a Olimpíada de Tóquio: "pegar uma medalha".

Durante o isolamento, o Cachorrão, como o nadador é apelidado, não perdeu muito tempo e logo conseguiu retornar seus treinamentos. Na última semana - em tomada não-oficial na piscina curta da Associação dos Funcionários do BNDES, no Rio de Janeiro - Guilherme fez um grande tempo nos 800m, com 7:39.84. O tiro o daria o recorde sul-americano em piscina de 25 metros se fosse oficial.

"Eu faço as vezes. O maior ponto é que eu precisava competir no momento. Eu treinei bastante e precisava competir de algum jeito. Como não tinha nenhuma competição - já que  gente não conseguiu ir pra competição na Itália - resolvemos fazer no treino mesmo, como se fosse uma competição. Foi uma alternativa que a gente encontrou", disse o atleta na entrevista. Ele já havia confirmado sua necessidade de competir em entrevista no sábado (22).

Quando a Covid-19 começou a assolar o mundo, logo a comissão técnica arranjou uma forma do Guilherme continuar a treinar e até material do Parque Aquático Maria Lenk, no CT do Time Brasil, foi levado para a residência do Guilherme. Aos poucos ele tem voltado a rotina de dez treinos na semana com turnos de 5h por dia.

"Eu consegui me adaptar muito bem [a pandemia]. Consegui treinar em casa e não cheguei a perder muito tempo de treino. Consegui treinar em uma piscina aqui no condomínio e físico eu também estava fazendo bem de casa. Eu trouxe alguns aparelhos lá do Maria Lenk aqui pra casa e não perdi muito de condicionamento físico e contato com a água, perdi uns 10 dias", disse o atleta que teve autorização do condomínio onde mora para só ele usar a piscina de 25 metros para treinar.


Foi de casa que Guilherme Costa acompanhou o Troféu Sette Colli, uma tradicional competição na Itália. "O Sette Colli eu acompanhei bem porque tinha alguns atletas que nadam contra mim. É uma competição que gosto muito de participar", relatou antes de relembrar suas participações em 2018 e 2019 no torneio.

Por conta da pandemia, o brasileiro não conseguiu viajar para a competição. Ele teria que ficar 14 dias de quarentena em solo italiano, o que inviabilizaria treinar para o dia do torneio. Guilherme assistiu de longe uma das suas inspirações brilhar no Sette Colli. O italiano Gregorio Paltrinieri marcou 14:33.10, o segundo melhor tempo da história dos 1500m

"Eu tive oportunidade de treinar com ele e vi o quão incrível que ele é, não só como atleta, mas como pessoa", confidenciou. Sob a supervisão de Rogério Karfunkelstein, seu treinador, o atleta disse estar pensando em conseguir competir o mais rápido possível.

"Tem algumas competições fora [do país] em novembro e dezembro. A gente vai tentar ir, mas não tem nada certo ainda porque a gente não sabe se vai poder entrar. Acho que aqui no Brasil deve ter algumas competições no final do ano. Ainda é meio incerto sobre competição, mas a gente quer muito competir, a gente planeja competir bastante ainda esse ano, porque no momento eu preciso voltar a competir. Principalmente porque eu treinei bastante em 2020, preciso pegar ritmo de competição de novo", destacou.


O começo


Guilherme Cachorrão também relembrou seu início no esporte durante a live. Sempre muito apegado a família, ele revelou que foram seus avós que o influenciaram a entrar no esporte.

"Comecei por influência dos meus avós porque eles já nadavam e sempre insistiam para eu ir também. Depois que fui pra minha primeira competição eu gostei muito", disse o atleta que começou aos 7 anos no esporte e disse lembrar de César Cielo em Pequim 2008, quando tinha 8 anos de idade.

Logo o pequeno carioquinha foi tendo resultados na natação e viu nas competições, o combustível para seguir na carreira de esportista.

"Foi natural. Eu fui evoluindo a cada ano e fui vendo que eu poderia chegar em uma seleção, em uma Olimpíada. Eu pensava primeiro em vencer o Campeonato Brasileiro na minha categoria, depois um Sul-Americano, foi de pouquinho em pouquinho. Fui pensar em seleção quando eu era júnior".

"Eu sempre fui muito competitivo, desde muito cedo eu queria ganhar as competições. As competições fizeram eu me apaixonar pela natação", revelou Guilherme, que tem Michael Phelps - detentor de 28 medalhas olímpicas - como grande ídolo.

Guilherme Costa, o Cachorrão, em competição nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019
Cachorrão conquistou sua primeira medalha em Jogos Pan-Americanos no ano passado - Foto: Wander Roberto/COB

Maratona aquática


Não é só de piscina que Guilherme vive. Nos últimos dois anos ele competiu na tradicional prova de águas abertas, o Rei e Rainha do Mar, realizado na praia de Copacabana. Ele revelou ter vontade de ajustar o calendário para competir nas maratonas.

"Se o calendário encaixar para que eu nada as duas [piscina e mar], eu vou nadar sim", comentou. Em momento de descontração, o atleta disse o motivo que fazia ele não gostar de nadar no mar.

"Eu não gostava muito porque eu não sabia me direcionar direito", disse aos risos, lembrando que se perdeu no percurso do Rei do Mar em 2018.


Tóquio 2020


Aos 21 anos, Guilherme Costa já tem índice olímpico nas três provas em que disputa (400m, 800m e 1500m) precisando apenas de ratificá-las na seletiva brasileira, que iria ocorrer em abril deste ano. Ele é dono do recorde sul-americano nas três provas, todos pulverizados no US Open de natação, realizado em Atlanta (USA) no final do ano passado. "Foi muito importante pra mim para provar que eu posso nadar as três muito bem em uma competição só", comentou na live desta segunda.





Por trás dessa medalha existem muitas pessoas envolvidas, ser campeão Pan-Americano era um sonho que se tornou realidade, nesse momento o sentimento mais latente dentro de mim é a GRATIDÃO, dessa forma, agradeço a todos que fazem parte desse resultado. Aos meus pais @nildo_ccosta e @kaugui12 que incansavelmente se doam para que eu me torne um atleta e um ser humano melhor a cada dia Obrigado @rkf_natacao_rio por me lapidar, acreditar, me guiar e por extrair todo meu potencial dentro e fora das piscinas. Ao meu irmão @rafagoverno por todo o incentivo e parceiria ao longo da minha trajetória Meu fisioterapeuta @brunopecanhaft que me recupera dos treinos intensos renovando meu corpo a cada semana @rafa_eirassoares @coach_almeida por me preparar fisicamente fazendo com que meus treinos sejam melhores a cada dia @lincolnnuness por me fortalecer mentalmente, melhorando meu foco fazendo com que minha performance vá além do limite físico. @julieta.chuairy por fazer um trabalho incrível através do Método DeRose em pouco tempo que estamos juntos já vejo uma grande evolução @marcella_amar minha nutricionista que através da alimentação potencializa meus resultados @jackie_pessoa e @nelsongoverno que estão sempre me acompanhando, vibrando e torcendo por mim Meus companheiros de treino @gabriel_arteiro @avellar_ @humberto__nesi @fersandradee Ao @alex_granja_13 por todo o apoio a equipe e por acredirar no meu potencial Gratidão a todos que me apoiam e fazem parte dessa consquista: @chezlamimartin @speedo_msport @agency.esmanagement @parkpinheiros @energylab.recovery @marinhaoficial @minastenisclube @faelitaguai
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Os recordes fecharam um bom ano de 2019 para o brasileiro, que ainda teve um ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, quebrando um tabu de 68 anos sem o Brasil ter título nesta prova.

Para as Olimpíadas, no entanto, o Cachorrão disse querer focar nas duas provas mais rápidas que ele disputa, distâncias em que ele terminou em 14º (400m) e 12º (800m) do mundo em 2019.

"Eu vou focar mais nos 400 e 800, que são as duas que eu tenho mais chances e estou mais perto, não tenho tanta diferença dos primeiros pra mim. Mas eu quero nadar as três nas Olimpíadas", disse. 

Cachorrão já sabe as ordens em que irá nadar as provas em Tóquio, seguindo da mais rápida para a mais lenta. O nadador, inclusive, comemora o adiamento dos Jogos.

"Tenho mais um ano para treinar e acho que eu precisava disso, sou novo ainda. Ano que vem eu vou chegar bem melhor do que eu chegaria esse ano. Pra mim foi bom", observou.

Guilherme Costa é jogado pro alto após ganhar o ouro nos 1500m em Lima 2019
Guilherme Costa foi ovacionado pela delegação brasileira em Lima 2019 - Foto: Wander Roberto/COB

Guilherme quer quebrar outro tabu: fazer o Brasil voltar a ter uma medalha olímpica em provas de meio-fundo e fundo, as mais longas da natação. Nos 1500m, Tetsuo Okamoto conquistou um bronze na Olimpíada de Helsinque, em 1952, a única medalha brasileira na natação que não é registrada em provas mais rápidas.

"A cultura do Brasil é de provas rápidas. Me motiva mais ainda em ser fundista porque eu gostaria de ver novos fundistas e meio-fundistas no Brasil. De alguma forma eu quero colaborar com isso. Hoje a gente já vê na seleção nadadores de provas mais longas, não só de 100m", comentou. Antes de finalizar, o atleta deixou claro seu objetivo em Tóquio.

"Eu quero pegar uma medalha. Eu tenho mais chances nos 400m e 800m, mas depois que você ta lá e já conseguindo uma medalha, eu vou atrás de outras medalhas também", afirmou Cachorrão. "Vou me dedicar muito para poder representar da melhor forma o Brasil no ano que vem".

Foto: Pilar Olivares/Reuters

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