Atualizado em 27/08/2020, às 16:00
Federação Internacional de Ginástica (FIG) informou por meio de nota oficial que a ginasta brasileira Camilla Lopes Gomes foi pega num controle anti-doping após o Mundial de Ginástica Trampolim realizado em novembro do ano passado no Japão. A nota publicada no último dia 21 informa que foi detectado canrenone no exame da atleta de 26 anos.
Camilla Lopes Gomes ficou em 14º na categoria individual do Mundial - única prova disputada nos Jogos Olímpicos - e chegou muito perto da medalha na competição sincronizada com Alice Gomes ao terminar em quarto lugar. A atleta também é conhecida como Camilla Gomes Gluckstein, seu nome de casada.
A Comissão Disciplinar da Fundação de Ética de Ginástica, composta por Michelle Duncan, Kate Gallafent and Maximilien Lehnen, declarou em 29 de julho de 2020 que "Sra. Gomes violou o Artigo 2.1.1 das Regras Anti-Dopagem da FIG ao usar canrenone, uma substância proibida, presente na amostra entregue por ela durante o Mundial de Trampolim em Novembro de 2019".
A nota ainda afirma que "Sra. Gomes não tem culpa ou negligência pela violação". Deste modo, a atleta foi suspensa entre 29 de julho e 17 de agosto, e perdeu os resultados e premiação alcançados desde o dia 30 de novembro, incluindo o mundial.
Além disso, ela está desqualificada dos eventos em que participou durante o período, incluindo Mundial de 2019, e também deverá devolver qualquer premiação, inclusive financeira, recebida entre 30 de novembro e 29 de julho de 2020.
Atualização: Camilla Lopes Gomes e Marcelo Franklin explicam
Ao contrário do publicado originalmente, na quarta-feira, a atleta não ficou suspensa durante os 9 meses, a partir do dia 30 de novembro. A confusão veio porque a nota oficial da FIG usava a mesma palavra "ineligibility", o mesmo que inegibilidade, tanto para suspensão quanto para desqualificação dos resultados.
A Federação informou que "the period of ineligibility is reduced to the equivalent of the period between 30 November 2019 and 6 January 2020 (37 days)" e em seguida que "The period of ineligibility starts on 30 November 2019 and ends on 17 August 2020".
Marcelo Franklin, maior referência em antidopagem esportiva no Brasil, defendeu a atleta e explicou o caso. Segundo ele, a ginásta iniciou um treinamento contra acne em novembro de 2019 mas não havia pedido a Autorização de Uso Terapêutico (AUT) para a Federação Internacional de Ginástica, autorização concedida apenas em janeiro, por um período inicial de um ano ano.
De acordo com nota oficial enviada, a FIG decidiu diminuir "o período de inelegibilidade da atleta para 37 dias" e "aplicando ainda atenuante de boa-fé da atleta por pronta admissão", foi determinada que apenas metade desta pena fosse cumprida: "Como resultado, o período de Suspensão será executado por mais 19 dias a partir da data desta decisão”.
Deste modo, a atleta já está livre para treinar e segue com chances de classificação olímpica, ainda que como informa a nota oficial de Marcelo Franklin, "O Painel da Federação Internacional de Ginástica - FIG desqualificou os resultados de Camilla Lopes nas competições que ocorreram durante o trâmite do processo".
Leia a nota assinada por Marcelo Franklin e Camilla Lopes Gomes na íntegra:
"i. Vimos a público esclarecer os seguintes fatos relacionados às notícias de violação de regra de dopagem publicadas nesta data. Camilla está aliviada por ter conseguido provar junto à Federação Internacional de Ginástica - FIG a ausência de intenção de ingerir qualquer substância proibida, o que em procedimentos disciplinares antidopagem equivale à inocência da atleta.
ii. A atleta reside nos Estados Unidos da América e precisou submeter-se a tratamento médico contendo a substância diurética spironolactone. Foi formulado um pedido de Autorização de Uso Terapêutico – AUT para a Federação Internacional de Ginástica que veio a ser deferida, sendo concedida permissão para o uso do medicamento durante 1 ano (até janeiro de 2021).
iii. Como o tratamento médico foi iniciado antes do pedido e concessão da Autorização de Uso Terapêutico - AUT, a atleta ficou “descoberta” entre 30 de novembro de 2019 e 6 de janeiro de 2020, levando-a à violação involuntária de regra antidopagem. Provas levantadas pela defesa, evidências médicas e laboratoriais no Brasil e no exterior, demonstraram inequivocamente ter Camilla sido submetida a tratamento médico legítimo, razão pela qual foi concedida pela FIG (sob chancela da WADA) uma AUT para uso do medicamento dentro e fora de competições.
iv. O Painel da Federação Internacional de Ginástica - FIG desqualificou os resultados de Camilla Lopes nas competições que ocorreram durante o trâmite do processo, reduzindo o período de inelegibilidade da atleta para 37 dias, aplicando ainda atenuante de boa-fé da atleta por pronta admissão, determinando que apenas 19 dias de suspensão deveriam ser cumpridos à partir de 29 de julho de 2020, verbis:
'Em virtude do disposto no Artigo 10.11.2 das Regras Antidopagem da FIG, Sra. Gomes deve,
no entanto, cumprir pelo menos metade do período de Suspensão a partir da data de
imposição da sanção. Como resultado, o período de Suspensão será executado por mais 19 dias a
partir da data desta decisão.'
v. Em suma, a tese de defesa foi acolhida para: (a) impedir a suspensão provisória da atleta mantendo
seus treinamentos para as Olimpíadas de Tóquio; (b) conceder a Autorização de Uso Terapêutico (c)
comprovar tratamento médico legítimo e ausência de intenção; (d) reduzir o período de suspensão
padrão de 2 anos para 37 dias com necessidade de cumprimento de apenas 19 dias.
vi. Camilla e sua família agradecem as mensagens de apoio e manifestam o desejo de finalmente dar
por encerrado esse infeliz episódio focando, doravante, exclusivamente nos treinamentos visando os
Jogos Olímpicos de Tóquio em 2021.”
Ao contrário do publicado originalmente, na quarta-feira, a atleta não ficou suspensa durante os 9 meses, a partir do dia 30 de novembro. A confusão veio porque a nota oficial da FIG usava a mesma palavra "ineligibility", o mesmo que inegibilidade, tanto para suspensão quanto para desqualificação dos resultados.
A Federação informou que "the period of ineligibility is reduced to the equivalent of the period between 30 November 2019 and 6 January 2020 (37 days)" e em seguida que "The period of ineligibility starts on 30 November 2019 and ends on 17 August 2020".
Marcelo Franklin, maior referência em antidopagem esportiva no Brasil, defendeu a atleta e explicou o caso. Segundo ele, a ginásta iniciou um treinamento contra acne em novembro de 2019 mas não havia pedido a Autorização de Uso Terapêutico (AUT) para a Federação Internacional de Ginástica, autorização concedida apenas em janeiro, por um período inicial de um ano ano.
De acordo com nota oficial enviada, a FIG decidiu diminuir "o período de inelegibilidade da atleta para 37 dias" e "aplicando ainda atenuante de boa-fé da atleta por pronta admissão", foi determinada que apenas metade desta pena fosse cumprida: "Como resultado, o período de Suspensão será executado por mais 19 dias a partir da data desta decisão”.
Deste modo, a atleta já está livre para treinar e segue com chances de classificação olímpica, ainda que como informa a nota oficial de Marcelo Franklin, "O Painel da Federação Internacional de Ginástica - FIG desqualificou os resultados de Camilla Lopes nas competições que ocorreram durante o trâmite do processo".
Leia a nota assinada por Marcelo Franklin e Camilla Lopes Gomes na íntegra:
"i. Vimos a público esclarecer os seguintes fatos relacionados às notícias de violação de regra de dopagem publicadas nesta data. Camilla está aliviada por ter conseguido provar junto à Federação Internacional de Ginástica - FIG a ausência de intenção de ingerir qualquer substância proibida, o que em procedimentos disciplinares antidopagem equivale à inocência da atleta.
ii. A atleta reside nos Estados Unidos da América e precisou submeter-se a tratamento médico contendo a substância diurética spironolactone. Foi formulado um pedido de Autorização de Uso Terapêutico – AUT para a Federação Internacional de Ginástica que veio a ser deferida, sendo concedida permissão para o uso do medicamento durante 1 ano (até janeiro de 2021).
iii. Como o tratamento médico foi iniciado antes do pedido e concessão da Autorização de Uso Terapêutico - AUT, a atleta ficou “descoberta” entre 30 de novembro de 2019 e 6 de janeiro de 2020, levando-a à violação involuntária de regra antidopagem. Provas levantadas pela defesa, evidências médicas e laboratoriais no Brasil e no exterior, demonstraram inequivocamente ter Camilla sido submetida a tratamento médico legítimo, razão pela qual foi concedida pela FIG (sob chancela da WADA) uma AUT para uso do medicamento dentro e fora de competições.
iv. O Painel da Federação Internacional de Ginástica - FIG desqualificou os resultados de Camilla Lopes nas competições que ocorreram durante o trâmite do processo, reduzindo o período de inelegibilidade da atleta para 37 dias, aplicando ainda atenuante de boa-fé da atleta por pronta admissão, determinando que apenas 19 dias de suspensão deveriam ser cumpridos à partir de 29 de julho de 2020, verbis:
'Em virtude do disposto no Artigo 10.11.2 das Regras Antidopagem da FIG, Sra. Gomes deve,
no entanto, cumprir pelo menos metade do período de Suspensão a partir da data de
imposição da sanção. Como resultado, o período de Suspensão será executado por mais 19 dias a
partir da data desta decisão.'
v. Em suma, a tese de defesa foi acolhida para: (a) impedir a suspensão provisória da atleta mantendo
seus treinamentos para as Olimpíadas de Tóquio; (b) conceder a Autorização de Uso Terapêutico (c)
comprovar tratamento médico legítimo e ausência de intenção; (d) reduzir o período de suspensão
padrão de 2 anos para 37 dias com necessidade de cumprimento de apenas 19 dias.
vi. Camilla e sua família agradecem as mensagens de apoio e manifestam o desejo de finalmente dar
por encerrado esse infeliz episódio focando, doravante, exclusivamente nos treinamentos visando os
Jogos Olímpicos de Tóquio em 2021.”
Foto: CBG / Divulgação
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