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Relatório revela que atletas infantis e juvenis japoneses sofrem abusos durante os treinamentos


Na semana em que estaríamos às vésperas do início da abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio, a Human Rights Watch, uma organização internacional não governamental que defende e realiza pesquisas sobre os direitos humanos, publicou um relatório que denuncia os abusos físico, verbal e até sexual sofridos por atletas infantis japoneses durante os treinamentos.

Intitulado "Eu fui agredido tantas vezes que nem consigo contar", o documento ouviu 800 atletas de 50 modalidades. Desses, 381 tinham menos de 24 anos de idade e 19% deles disseram que já foram atingidos, socados, chutados, jogados no chão ou espancados com um objeto enquanto treinavam.

Outro dado alarmente revelado pela entidade é que 5% dos entrevistados denunciaram abuso ou assédio sexual no ambiente do esporte enquanto eram crianças.

“O treinador me disse que eu não estava levando a sério uma corrida, então todos fomos chamados pelo treinador e eu fui socado na cara na frente de todos. Eu estava sangrando, mas ele não parou de me bater", disse um atleta profissional, de forma anônima.

De acordo com o documento, muitos jovens tendem a sofrer de depressão, deficiências físicas e traumas como resultado dos danos morais. O relatório cita o exemplo de um jogador de basquete de 17 anos, de Osaka, que cometeu suicídio em 2012 depois de ter sofrido abusos físicos repetidos por parte de seu treinador.

"A participação no esporte devia dar às crianças a alegria de brincar e uma oportunidade para o desenvolvimento físico e mental e crescimento", diz uma parte do relatório. "No Japão, no entanto, a violência e o abuso são demasiadas vezes parte da experiência dos atletas infantis. Como resultado, o esporte tem sido uma causa de dor, medo e aflição para muitas crianças japoneses".

Cabe destacar que o Japão tem um histórico negativo quanto às punições físicas no esporte. Uma pesquisa interna do Comitê Olímpico Japonês (JOC) revelou que mais de 10% de seus atletas foram vítimas de bullying ou assédio. Na ocasião, a entidade prometeu tomar medidas para acabar com a violência dentro de suas federações esportivas e chegou a cortar o financiamento da federação de judô após descobrir que os treinadores abusavam de atletas mulheres.

No relatório recém-publicado, a HRW disse que essas medidas não haviam sido suficientes e exigiu que o Conselho de Esportes do Japão (JSC) e o JOC usassem os Jogos Olímpicos como um meio de mudança para a situação. A Olimpíada acontecerá de 23 de julho a 8 de agosto de 2021.

"A Human Rights Watch está pedindo ao Japão que tome medidas decisivas e lidere o enfrentamento dessa crise global", disse Minky Worden, diretor de iniciativas globais da Human Rights Watch (HRW), em entrevista coletiva nesta segunda-feira, segundo a Reuters. Ele observou que o abuso infantil no esporte é um problema de todo o mundo e que os sistemas de denúncia não são suficientes.

O próprio Comitê Olímpico Internacional (COI) reconhece tais problemas e deixou uma mensagem no relatório da HRW. “O assédio e o abuso fazem infelizmente parte da sociedade e também acontecem no esporte. O COI está ao lado de todos os atletas, em todo o lado, para dizer que qualquer forma de abuso é contrário aos valores do Olimpismo, que pede respeito para todos no esporte”.

Foto: Kyioshi Ota/Bloomberg

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