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Coluna Buzzer Beater - Obrigado pela última dança, MJ



Quando veio a notícia de que estrearia uma série documental sobre Chicago Bulls e Michael Jordan, o coração clubista desse que vos tecla acelerou. Porque se o Dream Team dos jogos olímpicos foi o 'Oi' que o basquete deu para mim, o Chicago Bulls tricampeão em 96/97/98 foi o que laçou meu coração definitivamente para amar a bola laranja por toda a minha vida. Coincidentemente, o período de Pandemia fez o documentário ter uma relevância e um alcance muito maior do que ter estreado em uma situação 'normal', com a temporada a todo vapor. E creio que isso foi crucial para que uma outra geração fã de basquete e de esporte no geral fosse apresentada a Michael Jordan.

Afinal a 'galera jovem' de hoje em dia conhece MJ por conta do meme dele chorando ou aquele da gargalhada, sem sequer saber do impacto que ele teve no basquete e na cultura americana, e provalvemente nunca cantou 'Be like mike'. E para os 'velhos' como eu, pude rever aquele time que tanto amei e que anotava nos cadernos os nomes de quem jogava e depois comprei todos os jornais do dia seguinte da aposentadoria do Jordan e guardei- E depois acabei os perdendo :´( .

E o mais incrível é pensar que esse doc só saiu porque Michael Jordan - que vetou a produção do documentário após o fim das gravações - só liberou a empreitada depois de 22 anos porque viu o documentário do Allen Iverson - que se chama 'Iverson' não sei se ainda está no Netflix - adorou e foi convencido pelo pessoal da ESPN americana que essa seria uma história singular. 

E "The last Dance"(me recuso a falar o nome em português porque destruiu toda a essência do doc) é um documentário sensacional. Não é só uma declaração de amor à Michael Jordan e ao Chicago Bulls, é uma declaração de amor ao basquete. Achei genial a ideia de termos duas linhas narrativas, uma que acompanha a temporada 97/98, em que Jerry Krause, GM dos Bulls, já tinha dito que seria a última de Phil Jackson no comando da equipe,que se organizava em meio a um monte de problemas, enquanto na outra mostrava a trajetória de Michael Jordan, de como ele surgiu na universidade da Carolina do Norte e como ele fez do Chicago Bulls, tradicional saco de pancadas da NBA, no maior time da NBA nos anos 90 e até hoje um dos times de maior torcida da NBA no mundo.

E nela vemos MJ analisado por todos os ângulos. O impacto cultural que ele proporcionou - Eu não fazia ideia que a Nike era uma fornecedora esportiva nanica no início dos anos 80 e que ele não queria assinar com a marca, que só mudou de patamar quando criou os icônicos tênis 'Air Jordans' - como o Dream Team foi criado a partir dele - Ele quase não aceitou pois estava muito cansado e como já tinha sido campeão olímpico, quis recusar o convite - mas também não' passa pano' e mostra todas as controvérsias da sua carreira: o vício em apostas, o lado ultracompetitivo dele que fazia cobrar de maneira cruel seus companheiros de time - a fala de Jordan sobre é uma das emocionantes da série. - e sua mania de levar para o pessoal as coisas mais bobas dos seus adversários para se motivar- A história do Labradford Smith é SENSACIONAL!

Mas não só de MJ é feito o doc, que dá espaço para quase todos que jogaram com ele nos Bulls falarem e darem suas versões para certos momentos da história, com destaque para Scottie Pippen, Dennis Rodman, Steve Kerr - hoje técnico de sucesso do Golden State Warriors - e Phil Jackson, que chegam a ser mais protagonistas do que Michael em alguns episódios, com suas histórias pessoais se misturando às histórias das partidas. 

'The Last Dance' tem diversas aparições de grandes nomes da NBA como 'Magic' Johnson, Larry Bird, Isiah Thomas (a quem MJ odeia até hoje, pra você ver o nível de ódio que ele guarda dos Bad boys de Detroit), Charles Barkley, e Kobe Bryant, que gravou sua declaração uma semana antes do seu acidente fatal em janeiro. Detalhe para John Stockton, único do Utah Jazz vice em 97 e 98, que só aceitou gravar em março (Karl Malone não topou gravar)!

Jerry Krause, GM dos Bulls da época, foi pintado como vilão e com razão. Apesar do documentário mostrar toda a importância dele - Afinal, ele conseguiu montar dois times sensacionais para ajudar MJ a conquistar dois tricampeonatos e chegando a ser citado por Pippen como o maior GM da história- Mas também foi o responsável pela derrocada dos Bulls que dura até hoje - infelizmente.  Talvez por ego, ele quis mostrar que poderia montar um time tão bom com os Bulls sem Jordan, Pippen, Rodman e Phil Jackson. Não conseguiu,mesmo com um monte de escolhas de top10 do draft, saindo dos Bulls em 2005.

A grande vitória de 'The Last Dance' foi fazer um documentário que pode ser visto por qualquer pessoa, se afastando do nicho do basquete. Ele sabe ser didático quando necessário e ser sucinto quando só as imagens por si só explicam. Ele sabe dar a emoção certa para cada evento, cada partida citada, eu lembro de saber todos os resultados os playoffs da temporada 97/98 e ainda sim sentir um certo tipo de tensão em cada partida, como o jogo 7 da final da conferência leste contra o Pacers ou no famoso 'jogo da gripe' (que foi revelado no doc que não foi uma gripe!).

Eu não estou chorando vendo essa imagem, é você que está!  
Se não assistiram o documentário,assistam. Sei que sou totalmente meio suspeito para indicar isso para vocês, mas ele é indispensável para qualquer fã de basquete e ótima pedida nesses tempos de pandemia para qualquer pessoa. Tá na Netflix.

E Pip, Rodzilla e MJ, obrigado pela última dança.

fotos: Divulgação

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