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Tiffany Abreu comenta o papel de liderança na conquista da Superliga: "Estou muito feliz de poder ter essa representatividade dentro de quadra"

*Com Laura Dolabella

O Osasco conquistou o hexacampeonato da Superliga feminina de vôlei, na última quinta-feira (01), no Ginásio Ibirapuera, em São Paulo, ao vencer o SESI Bauru por 3 a 1. A repórter Laura Dolabella cobriu o evento in loco e obteve falas dos principais personagens da grande decisão. A oposta do Osasco, Tiffany Abreu (foto), comentou sobre a posição de inspiração como a primeira jogadora trans a vencer a competição. Ademais, Henrique Modenesi, técnico do Bauru, avaliou a temporada, Dani Lins falou sobre a relação com a filha e Natália Zilio falou sobre a felicidade de ser campeã.

Tiffany Abreu beija troféu de campeã. Foto: Wander Roberto/Inovafoto/CBV
Entre tantos nomes, Tiffany Abreu foi a grande personagem da decisão, e da temporada do vôlei brasileiro como um todo, e marcou o ponto do título do Osasco contra o Bauru. A oposta comentou sobre os comentários de ódio que recebeu antes da final e a importância do título para a maior inclusão de jovens no esporte, "olha, eu já recebi chacotas de ser uma atleta que não fecha jogo, que é amarela, finona, que não pode ser última bola para mim porque eu não fazia ponto".

"E hoje eu tenho muito orgulho, orgulho de saber que meu Deus, que a fé que eu tive nele, ele depositou em mim. Assim, eu fechei quartos finais, fechei semifinal, fechei uma Superliga. Estou muito feliz de poder ter essa representatividade dentro de quadra, sendo a primeira mulher trans campeã da Superliga. Depois de 8 anos de muita luta, de muita transfobia, de às vezes tentar parar por medo. Eu tenho um Deus maior que falou: "Filha, não, você tem que continuar". Eu vou continuar, porque eu sei que eu não estou fazendo nada de errado. Eu sei que eu não estou tomando a liberdade de ninguém", continuou Tiffany.

A ponteira do Osasco Natália Zilio Pereira comandou o clube paulista na busca pelo título da Superliga Feminina. A paranaense que esteve presente - junto a Tiffany - na conquista do estadual, da Copa Brasil e do torneio nacional, ontem (1), no Ibirapuera, foi eleita como a melhor ponteira e jogadora individual da temporada.

Com seu filho no colo, Natália elogiou a torcida do Osasco, comentou sobre a temporada e exalou felicidade com o título da Superliga feminina, "foi muito especial! Eu não vejo torcida igual a nossa aqui no Brasil em lugar nenhum. Joguei na Rússia, Itália, Turquia e realmente nossa torcida é especial. Então, assim, queria agradecer a todo mundo que torceu, que mandou energias positivas e é isso que faz o nosso voleibol, né? O público que dá essa atenção, que dê esse carinho pela gente para isso aqui tudo acontecer. Então, obrigado a todo mundo."

"Quando a gente teve a notícia que a final ia ser no Ibirapuera, ela (Camila Brait) falou: 'Eu cheguei a arrepiar'. E eu também. Lá no meio da temporada quando falaram que ia ser aqui, eu falei: 'Poxa, tem alguma coisa aí, né? Tem algo no ar, eu queria muito estar aqui', e a gente conseguiu. Passamos por uma semifinal super difícil contra um timaço, que é o Minas. E chegar aqui, ganhar do Bauru também, que vinha embalado de várias vitórias num momento ótimo na temporada por 3 a 1. Então, eu tô bastante feliz, muito mesmo", finalizou Natália.

Osasco comemora o título. Foto: Wander Roberto/Inovafoto/CBV

A melhor levantadora da Superliga, Dani Lins, do Sesi Bauru, vice campeão no Ibirapuera, protagonizou cena emocionante após o final da partida. A veterana abraçou sua filha que estava na arquibancada e foi consolada por estar chorando e visivelmente abalada. Dani falou sobre o momento íntimo e quem busca inspirar e dedicar a carreira, "a Lara (filha da Dani), ela não gosta de perder em nada. Em damas, em par ou ímpar, é muito complicado. Só que ela tá aprendendo, né? E hoje, quando eu cheguei ali, que eu estava chorando, ela falou assim: 'Mamãe, tá tudo bem, faz parte de perder. Tá tudo bem, depois você ganha'".

"Então, eu fiquei tranquila, porque eu estava chorando muito, porque eu queria muito dar esse título para ela também, né? E dentre outras pessoas. Mas assim, é ela me consolando. Eu nunca imaginei que a minha filha ia me consolar. E, cara, é esse apoio que eu tenho dentro de casa, essa minha força, é o Cidão, é a Lara dentro de casa. É para eles, é por eles que eu saio para treinar, para jogar, é por isso que eu me supero cada vez mais. Eu não tenho nem palavras para falar", encerrou a vice-campeã.

SESI Bauru foi vice-campeão. Foto: Wander Roberto/Inovafoto/CBV

O técnico do SESI Bauru Henrique Modenesi atingiu três finais na temporada em seu ano de estreia no clube paulista. Ao todo, foram três derrotas para o Osasco: campeonato estadual, Copa Brasil e Superliga. No entanto, a avaliação de Henrique é positiva e o "professor" falou sobre o talento das atletas do Bauru:

"Ah, eu fico feliz, mas ao mesmo tempo perder três finais é muito difícil para um técnico, né? Porque a gente quer sempre excelência. A gente tem contribuição de todo mundo, não foi só a minha chegada no Sesci, tem um grupo de atletas muito bom, atletas experientes. Dani Lins, Maihara, Mayane, Acosta que chegou e chegou super bem, né?"

"Ninguém sabia muito como que ela ia chegar, porque teve passagens altos e baixos aí em diferentes times no exterior. A gente conseguiu construir uma equipe. A Bruna que veio e virou titular durante a temporada, aproveitou a oportunidade. A gente parou no Osasco, que é um time muito forte, ganhou tudo esse ano que disputou. Mas, eu não gosto muito de falar de mim, eu acho que faz parte, que é o processo completo, não é só o meu trabalho, é o trabalho do grupo todo. É, foi o trabalho da da CT toda, dos atletas, essa junção CT e atletas funcionou bem", continuou Henrique.

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