Foto: Alessandra Cabral/CPB |
O Brasil terá oito representantes na canoagem nos Jogos Paralímpicos de Paris. O programa da modalidade prevê as provas para os dias 6, 7 e 8 de setembro.
Serão quatro homens e quatro mulheres na equipe, entre eles Fernando Rufino, 39, natural da cidade de Itaquiraí, no Mato Grosso do Sul.
Fernando foi atropelado por um ônibus e perdeu parcialmente o movimento das pernas. Começou a praticar a canoagem e hoje é campeão paralímpico, com a medalha de ouro conquistada em Tóquio 2020 na prova VL2 200m masculina (atletas que usam o tronco e os braços na remada).
Para Paris 2024, Fernando terá como principal adversário um de seus grandes amigos não só na canoagem, mas da vida: o paranaense Igor Tofalini, 41.
Os atletas travaram diversos confrontos no atual ciclo e, pela primeira vez, foram convocados juntos para a mesma edição dos Jogos Paralímpicos. Igor esteve nos Jogos do Rio 2016, já Fernando Rufino esteve em Tóquio 2020.
Bem humorados na preparação para o megaevento, eles se apelidaram de os “cowboys da canoagem”.
“Expectativa muito boa, estamos nos preparando para trazer medalha. Bora torcer para os cowboys da canoagem”, disse Igor.
Mas por que cowboys? A história de vida de ambos é parecida, o que explica a proximidade. Ambos eram peões de rodeio. Igor caiu de um touro, levou um pisão do animal nas costas e ficou paraplégico. Começou na natação, mas logo recebeu o convite do técnico Gelson Moreira Souza, no Iate Clube de Londrina, para migrar à canoagem adaptada.
“Nós dois treinamos juntos e também dividimos um apartamento em Curitiba. Tem sido um ciclo perfeito para nós dois. Temos uma relação muito boa. Fui padrinho de casamento dele. Mas é preciso saber separar a profissão da amizade. Vamos disputar um ouro e uma prata lá em Paris”, disse Fernando.
Os dois vêm dividindo pódios nacionais e internacionais na prova VL2 200m masculina. No ano retrasado, em Halifax, Canadá, Igor levou a melhor sobre Fernando no Parapan-Americano e no Mundial.
Em 2023, o sul-mato-grossense conseguiu a revanche. Na cidade de Duisburg, na Alemanha, conquistou o título mundial, enquanto Igor ficou com o vice-campeonato. Os dois repetiram a dobradinha, nas mesmas posições, em Szeged, na Hungria, em maio de 2024. Foram três mundiais consecutivos com dobradinhas dos brasileiros.
“Nós dois temos uma vida muito parecida. Somos de família simples, do meio rural. Ele foi peão e eu também. Então, tudo isso é uma grande história que estamos vivendo na canoagem. Vai ser muito bom disputarmos uma edição dos Jogos Paralímpicos juntos”, disse Igor.
No ciclo até Paris, o melhor desempenho da canoagem do Brasil foi no Mundial de 2024, de Szeged, na Hungria, com seis medalhas: duas de ouro, duas de prata e duas de bronze.
Preparação especial
A aclimatação dos canoístas na França está sendo realizada em Mathaux, na região de Troyes, a 160 km de Paris e onde parte da delegação brasileira se prepara antes dos Jogos Paralímpicos.
Mari Santilli vai para seu terceiro Jogos Paralímpicos, ou seja, vai ter no currículo presença em todas as edições em que a canoagem esteve presente. A paranaense de 46 anos elogiou o trabalho de preparação realizado antes das competições.
“A escolha do local foi bem bacana, porque tem as condições que vamos encontrar em Paris. No esporte que é no meio da natureza, precisa de vento, então é bacana que essas condições estejam iguais”, disse Mari.
Em 2006, Mari sofreu um acidente de moto e teve a perna esquerda amputada, na altura do joelho. Antes, ela era atleta amadora do triatlo. Após o acidente, Mari começou a fazer provas de travessia no mar e a convite de uma amiga começou a participar de competições oficiais do CPB na natação. Em 2014, migrou para a canoagem e já em 2015 foi convocada pela primeira vez para a Seleção Brasileira.
Ela tem como melhores resultados na carreira os bronzes na KL3 200m (usa braços, tronco e pernas na remada), nos Campeonatos Mundiais em Halifax 2022 e Duisburg 2023, e um ouro na VL3 200m e prata na KL3 200m no Parapan-Americano, em Halifax 2022.
“Essa preparação está sendo muito boa, essa interação com todo mundo. É a minha terceira edição, a primeira no Rio foi no susto, era uma atleta amadora indo para o profissional. A segunda já foi um pouco melhor, e agora estou mais experiente, mais bem preparada”, disse Mari.
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