Ana Patrícia/ CPB |
Anteriormente chamado de futebol de 5, o futebol de cegos, como o nome já diz, é uma modalidade disputada exclusivamente por deficientes visuais. Gerido pela Federação Internacional dos Desportos para Cegos (IBSA, na sigla em inglês) e pela CBDV (Confederação Brasileira de deficientes visuais) no Brasil, o esporte está presente no programa paralímpico desde Atenas-2004.
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Inicialmente sendo disputado em quadras de futsal, o futebol de cegos é disputados em campo de grama sintética em Jogos Paralímpicos no tamanho de 40mx20m. As partidas da modalidade são em dois tempos de 15 minutos, com o relógio parando em cada interrupção - uma mudança feita neste ciclo, já que Tóquio-2020, cada tempo durava 20 minutos.
No jogo, cada time entra em campo com quatro atletas de linha - todos deficientes visuais usando vendas para igualar deficientes visuais totais e parciais - e um goleiro, que não possui deficiência. Em contrapartida, o goleiro não pode tocar a bola fora da área delimitada, sob pena da marcação de pênalti. Outra regra envolvendo o goleiro é que ele não pode ter disputado nenhuma competição oficial da FIFA no últimos cinco anos, ou seja, ele tem que ser exclusivo do futebol de cegos.
Para nortear os atletas pelo som, a bola tem uma espécie de "guizo" em seu interior. Junto às linhas laterais, são colocadas bandas que impedem que a bola saia do campo. Outra referência importante para os times são os guias, ou chamadores, que ficam posicionados atrás do gol da equipe adversária para informar os esportistas sobre a distância da bola para a baliza e orientar a movimentação ofensiva.
No futebol de cegos, a torcida deve ficar em silêncio durante a partida, só podendo se manifestar na hora em que o gol for marcado. O silêncio é para que os atletas consigam ouvir o guizo da bola e as orientações dos guias atrás do gol, além das orientações do técnicos e dos goleiros.
Desde sua estreia em Atenas-2004, a modalidade é dominada pelo o Brasil que é pentacampeão paralímpico e busca o hexa em Paris. O futebol de cegos é a única modalidade do programa paralímpico que não tem modalidade feminina. a IBSA tem feito esforços para o desenvolvimento do futebol de cegos entre as mulheres e espera que elas consigam estrear nos próximos jogos paralímpicos.
Classificação
Os atletas são divididos em três classes que começam sempre com a letra B (blind, cego em inglês).
B1 - Cegos totais ou com percepção de luz, mas sem reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância
B2 - Atletas com percepção de vultos
B3 - Atletas que conseguem definir imagens
Todos são obrigados a usar vendas para evitar qualquer tipo de vantagem de um atleta classificado como B2 ou B3 durante a partida.
Jefinho (esquerda), eleito o melhor jogador do mundo em 2010, disputa bola nos Jogos de Londres-2012 (Foto: Fernando Maia/CPB) |
Você sabia?
- Mizael Conrado, atual presidente do Comitê paralímpico Brasileiro (CPB) foi bicampeão paralímpico nos Jogos de Atenas-2004 e Pequim-2008
- Os jogadores não podem tocar na sua venda. Se algum jogador simplesmente encostar na sua venda, ou do colega de time ou do adversário, é marcada uma falta na hora
- Nilson Silva foi o autor do primeiro gol do futebol de cegos em Jogos Paralímpicos na edição de Atenas-2004. Nilson faleceu em 2012.
BRASILEIROS EM PARIS-2024
Goleiros: Luan e Matheus Costa
Fixo: Cássio Reis (também joga como ala defensivo)
Alas defensivos: Tiago Paraná, Maicon Júnior, Jardiel
Alas ofensivos: Ricardinho, Nonato (também joga como pivô) e Jefinho
Pivô: Jonathan Felipe
Jogos:
Grupo A: Brasil, França, Turquia e China
1/9 , 13:30 - Brasil x Turquia
2/9, 15:30 - Brasil x França
3/9, 15:30 - Brasil x China
5/9 - Semifinais
7/9 - Disputa do bronze e finais
Brasil continua como um dos favoritos ao ouro no futebol de cegos, mas não será fácil manter a hegemonia (Foto: Marcelo Zambrana/CPB) |
Análise (Por Marcos Antonio):
No último mundial, o Brasil ficou em terceiro lugar após perder para China na semifinal - principal rival da primeira fase em Paris 2024 - , e além dos chineses, os eternos rivais argentinos são as principais ameaças pelo hexa paralímpico. O trio de craques: Ricardinho - que lesionado, não esteve na Copa do mundo -, Jefinho e Nonato serão fundamentais para que o Brasil domine a competição e mantenha sua hegemonia paralímpica. Mas como dito acima, não vai ser nada fácil.
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