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Guia Paralimpíada Paris 2024: BOCHA

(Miriam Jeske/CPB)


A bocha está presente no programa dos Jogos Paralímpicos desde Nova York 1984. Antes disso, uma modalidade similar esteve presente nas Paralimpíadas, o lawn bowls, uma espécie de bocha ao ar livre, disputada na grama. Foi nessa modalidade que o Brasil conquistou sua primeira medalha paralímpica, em Toronto 1976, com Róbson Sampaio de Almeida e Luiz Carlos “Curtinho” conquistando uma prata na modalidade.

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Um jogo estratégico, a bocha é disputada em provas por equipes, pares ou individuais, com homens e mulheres competindo juntos. No começo de cada período do jogo (chamado de end), uma bola branca (o jack ou bolim) é lançada na área de competição. O objetivo dos atletas é lançar bolas coloridas o mais próximo possível do bolim. Ao fim de cada end, o jogador com a bola mais próxima do bolim marca um ponto, podendo marcar pontos extras se tiver outras bolas à frente da bola do adversário que esteja mais próxima do bolim. As partidas individuais ou de pares são disputadas em quatro ends. Já os jogos de equipes têm a duração de seis ends. Ganha quem tiver mais pontos no final.

Considerado o esporte paralímpico mais inclusivo, a bocha paralímpica permite que pessoas com paralisia cerebral ou outras deficiências severas possam competir. Todos os atletas competem em cadeira de rodas e são divididos em quatro classes de acordo com o grau da deficiência e a necessidade de auxílio. No início eram apenas duas categorias, a C1 e C2. A a partir de 2000, aconteceu a divisão em quatro classes que permanece até hoje em vigência.

A bocha paralímpica apareceu no Brasil na década de 70, mas só começou a ser organizada em 1995. Na ocasião, antes de existirem os Jogos Parapan-Americanos, a cidade de Mar del Plata na Argentina sediou os Jogos Pan-Americanos e, além deles, três competições de esportes paralímpicos. Para os I Jogos Paradesportivos de Paralisados Cerebrais, o Brasil recebeu o convite para participar das competições de bocha, sendo ali formada a primeira Seleção Brasileira da modalidade.

A primeira participação nos Jogos Paralímpicos foi em Pequim-2008, com a participação de Eliseu Santos e Dirceu Pinto na classe BC4. Os dois levaram a medalha de ouro nos pares, enquanto no individual Dirceu levou o ouro e Eliseu a prata. 

A bocha é a quarta modalidade mais vencedora do Brasil na história dos Jogos Paralímpicos, com 11 medalhas – seis ouros, uma prata e quatro bronzes, ficando atrás somente de Coreia do Sul, Portugal e Tailândia no quadro de medalhas geral da modalidade

As regras e competições internacionais da modalidade são organizadas e gerenciadas pela Boccia International Sports Federation (Bisfed). Já no Brasil, quem rege a bocha é a Associação Nacional de Desporto para Deficientes (ANDE). 


Dirceu e Eliseu no pódio do individual BC4 em Londres-2012 - Foto: Guilherme Taboada/CPB

CLASSIFICAÇÃO

Todos os atletas da bocha competem em cadeira de rodas. Na classificação funcional, eles são divididos em quatro classes, de acordo com o grau da deficiência e da necessidade de auxílio ou não. No caso
dos atletas com maior grau de comprometimento, é permitido o uso de uma calha para dar mais propulsão à bola.

Os tetraplégicos, por exemplo, que não conseguem movimentar os braços ou as pernas, usam uma faixa ou capacete na cabeça com uma agulha na ponta. O calheiro posiciona a canaleta à sua frente para que
ele empurre a bola pelo instrumento com a cabeça. 

BC1 - conta apenas com pessoas com paralisia cerebral, que podem jogar com as mãos ou com os pés e podem ter um auxiliar para entregar a bola

BC2 - o atleta apresenta quadro de paralisia cerebral. Na BC2, não é permitida a assistência de um auxiliar e os atletas jogam a bola com a mão.

BC3 - é a classe com os atletas com maior grau de comprometimento motor. Os jogadores são assistidos pelos calheiros, que tem a função de direcionar a calha que auxilia na impulsão da bola, de acordo com as orientações do atleta.

BC4 - atletas com deficiências com origem não cerebral, como distrofia muscular progressiva, esclerose múltipla, lesão medular com tetraplegia, etc. 

VOCÊ SABIA?


- Em alguns casos, o calheiro acaba sendo a mãe ou o pai do atleta. Este é o caso de Matheus Carvalho, da classe BC3, que tem o seu pai Oscar como o seu calheiro desde o início da carreira de atleta, em 2012.

- A bocha, é ao lado do goalball, as únicas modalidades que não tem sua contrapartida no programa olímpico

- A bocha paralímpica era inicialmente somente para atletas com paralisia cerebral, mas agora inclui atletas que têm qualquer tipo de deficiência neurológica que afete sua função motora. 

BRASILEIROS EM PARIS-2024


BC1 - Andreza Vitória (F) e José Carlos Oliveira (M)
BC2 -  Iuri Tauan e Maciel Santos (M)
BC3 - Evani Calado, Evelyn Oliveira (F) e Mateus Carvalho (M)
BC4 - André Costa (M) e Laissa Guerreira (F)

CALHEIROS: Oscar Carvalho (Mateus Carvalho), Renata Santos (Evani Calado) e Roberto Ferreira (Evelyn Oliveira)

Programação
29 a 31/8 - Fase de grupos individual
31/8 - playoffs individual
31//8 e 1º/9 - quartas de final e semifinais individual
1º e 2/9 - Disputa do bronze e finais individual
3/9 - fase de grupos pares
4/9 - quartas de finais e semifinais pares
5/9 - disputa do bronze e finais pares

Campeã mundial em 2022, Andreza Vitória busca sua primeira medalha paralímpica (foto: Saulo Cruz/CPB)


Análise (Por Marcos Antonio):

Em um dos esportes mais vitoriosos do Brasil as esperanças de pódio residem no BC1. Campeã mundial em 2022, Andreza Vitória tem boas chances de pódio no individual assim como José Carlos Oliveira. O time BC1/BC2 com Andreza, Iuri Tauan e o veterano Maciel Santos - que também tem chances no individual - também tem boas chances, assim como os pares BC3 e BC4 - convém ficar de olho nos jovens André Costa e Laissa Guerreira, que podem brilhar em Paris. 

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