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Surto Opina: Mudança de estratégia durante o Pan credencia Cazé TV para Olimpíada em todos os sentidos

Surto Opina: Mudança de estratégia durante o Pan credencia Cazé TV para Olimpíada em todos os sentidos
Foto: Reprodução/X

Por Lucas Felix



Você já leu aqui no Surto a opinião sobre como foi danoso ao esporte olímpico do Brasil que a TV aberta tenha abandonado os Jogos Pan-Americanos (ou sido abandonada por sua organizadora?). Mas nem tudo sobre a cobertura de Santiago 2023 merece ser motivo de reclamação no balanço final do evento. A Cazé TV, principal exibidora do Pan no fim das contas, conseguiu recalcular a sua rota particular durante o evento com uma rapidez digna do Guilherme Costa nas piscinas ou do Renan Gallina nas pistas. Pela primeira vez exposta ao papel de vidraça, sem ser apenas um canal complementar aos veículos tradicionais, o canal conseguiu encontrar o equilíbrio entre manter a sua identidade e respeitar o peso de ser o espaço central de uma grande competição.

Depois de um caótico fim de semana inicial, em que os convidados erraram o tom e não conseguiram transitar na linha tênue entre a descontração e a galhofa, Casimiro e companhia reiteraram a importante sensibilidade já demonstrada em outros momentos para ouvir o público, permitindo que a transmissão se adaptasse às expectativas dos espectadores. É algo digno de todos os elogios em um meio muitas vezes dominado por convicções e egos que contrariam a máxima de toda razão ao freguês. E o melhor: isso ocorreu sem que a Cazé TV se tornasse um mero canal fechado padrão do streaming, aplicando um enquadro que causasse estranheza ao seu próprio público. O momento esportivo ao vivo passou a ser respeitado como soberano, privilegiando a competição e deixando o auge da resenha para os instantes sem provas.

É um modelo que deve funcionar ainda melhor na Olimpíada de Paris, novidade anunciada pelo canal nesta semana. Com as competições na França sendo geralmente encerradas ainda no comecinho do horário nobre brasileiro, será possível transmitir as provas com toda a emoção necessária para as centenas de milhares de pessoas que irão recorrer ao YouTube durante o horário comercial nos dias úteis e manter um ambiente diferenciado ao da televisão para os seus convidados e parceiros só no encerramento diário das disputas olímpicas.

Mais do que buscar reforços para os comentários em modalidades em que o Brasil é forte, um recorte menos amplo na Olimpíada, a simples demarcação melhor de espaços para comentaristas que não fazem jus nos microfones em relação ao que desempenham nos esportes, como Pedro Scooby e Karen Jonz, já pode balizar melhor a percepção de quem chegar para somar ao time.

Outra adaptação que pode melhorar a fluidez é permitir que a “superlive”, como é chamada a principal transmissão ao vivo, seja de fato uma espécie de hub para transitar pelos outros sinais abertos, sem precisar sobrecarregar o narrador principal dando conta de forma direta e individual das especificidades de cada modalidade. Aliás, diante do anúncio de que o SporTV terá apenas quatro canais em atividade durante a Olimpíada, é bem provável que muitas competições realizadas simultaneamente sejam vistas com a locução em português somente na Cazé TV.


Cazé e convidados durante a transmissão dos Jogos Pan-Americanos
Foto: Reprodução

Falando sobre as narrações, é impossível não destacar a capacidade de Luis Felipe Freitas, comandante das transmissões mais importantes feitas pelo canal durante o Pan. Ele mostrou uma enorme versatilidade para se adaptar em diferentes cenários, segurando diversas horas no ar com maestria também como entrevistador por muitas vezes. A emoção passada pelo ex-Esporte Interativo mesmo fazendo o evento do Rio de Janeiro também reforçou a sensação de que o time de repórteres poderia ter aproveitado melhor a presença in loco para trazer o clima da capital chilena, seja nas interações com o público ou com os medalhistas.

O saldo, contudo, é mesmo positivo. A Cazé TV cumpriu o objetivo central do COB de não permitir a invisibilização completa do Pan e irá apagar a pira da edição mais credenciada a fazer também uma Olimpíada, como de fato se confirmou, do que parecia nos “treinamentos” de duas semanas atrás. Entre os ônus e bônus de ser, guardadas as proporções, “a Globo do YouTube”, o canal teve a compreensão de que exibir um evento poliesportivo traz desafios sociais tão importantes quanto os técnicos.

Canal Olímpico do Brasil também se consolida

Conscientemente apresentado como opção mais técnica em relação à Cazé TV, o canal produzido diretamente pelo Comitê Olímpico do Brasil aproveitou a oportunidade e reforçou a sua marca para um nicho que ele próprio busca continuamente expandir. Diante de um cenário em que as redes comerciais cada vez mais desprezam seus princípios editoriais quando se fala em esporte a depender da conveniência, como abordamos na coluna anterior, esse é um papel importante que foi defendido bem por sua equipe, especialmente nas narrações.

1 Comentários

  1. Não é possível. As pessoas não devem ter assistido nada do Pan na CazéTV pra insistir nessa mentira que a transmissão melhorou. Não melhorou!!! As críticas foram feitas, o Cazé foi na live, reconheceu que precisava melhorar, mas as transmissões seguiram exatamente do mesmo jeito até o final. Não mudou nada! A única coisa que mudou foi a redução das piadinhas, porque foi isso: as pessoas fizeram dezenas de críticas, reduziram as críticas as piadinhas e consertaram só isso. Mais nada... E prova disso é que mantiveram aquela praga do Movimento Verde Amarelo nas transmissões. Defante anunciado nas Olimpíadas. Onde melhoraram? Onde entenderam as críticas? Nas Olimpíadas as críticas serão ainda maior. E não vai ficar restrita ao chat.

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