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Surto Opina: Beisebol no Pan - um feliz conto de fadas (independente do final)


Alexandre Loureiro/COB


Quarta feira, dia 25 de outubro de 2023, por volta das 17 horas, eu estava acompanhando pela internet a partida de beisebol da seleção masculina brasileira contra o selecionado panamenho. Narrando estava Fernando Ribeiro, o Fefux, com comentários de Marcinho, treinador da seleção sub-18 da modalidade. Fefux que por sinal fez um excelente trabalho, nem sempre imparcial, é verdade, mas isso não importa. Ele transmitiu com muita emoção ao jogo, fazendo não só eu, mas como cerca de dez mil pessoas, pararmos em pleno horário comercial para apreciarmos o jogo usando nossos aparelhos eletrônicos. Tal audiência de dez mil pessoas é ainda mais impactante quando notamos a pouca divulgação dos Jogos Pan-americanos na mídia, sobretudo na TV aberta, mas, que ainda assim o brasileiro, apaixonado por torcer, dá o seu jeito de acompanhar e incentivar o seu país, mesmo nem sempre entendendo completamente as regras.

Às vezes, esse mesmo incentivo vem em forma de cobrança como se o atleta fosse obrigado a vencer por que está sendo muito incentivado. Entretanto, é bom lembrar que a beleza do esporte está justamente em não sabermos qual será o resultado; se será o que gostaríamos ou não. Mas é essa incerteza que mexe com nossas emoções a ponto de não piscarmos para não perder nem um segundo do que está acontecendo. Quando a competição começa todos estão em pé de igualdade e por diversas vezes o que decide é o quão bem o atleta consegue gerir a pressão emocional. E isso a seleção masculina brasileira de beisebol tem feito muito bem. Um exemplo que não esqueço foi no último inning contra o Panamá: o Brasil poderia ter tentado uma linda dupla eliminação que lhe daria a vitória, mas, de forma experiente e sem afobação, garantiu uma eliminação simples. Em outras palavras: 'mais vale um pássaro na mão, do que dois voando'. Uma jogada de mestre.

Aqui vale a pena fazer uma pausa para esclarecer algumas coisas sobre a seleção. O Brasil não era favorito, e essa é apenas a segunda participação do país no beisebol nos Jogos Pan-americanos neste século. A primeira foi em 2007, quando o Brasil ganhou a vaga por ser o país sede. Apoiados por sua torcida, mas sem qualquer pressão de resultado, um honroso quinto lugar. Dessa vez, a seleção está na final e no mínimo tem a prata, o que já é o melhor resultado conquistado na história. Dizer que são amadores talvez seja exagero, pois, embora atualmente apenas cinco dos 24 convocados joguem fora do país, trata-se de uma seleção top-30 mundial, talvez até top-20 depois dos resultados do Pan. E, como já comentado, é composta de atletas emocionalmente profissionais.

Por fim, independente do ouro ou não, o conto de fadas da seleção de beisebol deixa um legado a tantos torcedores apaixonados que podem vir a se interessar e quem sabe começar a jogar beisebol por causa dessa extraordinária campanha. Deixa um legado a outros atletas sobre quão importante é saber gerir a ansiedade e o emocional, sobretudo nas maiores competições. E também à mídia aberta de uma forma geral, que insistindo em apenas transmitir futebol, perde a oportunidade de contar ao vivo e a cores histórias tão bonitas quanto essa.

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