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Após 14h de voo, Seleção Brasileira de halterofilismo paralímpico chega a Dubai para o Mundial e inicia aclimatação

ayana Medeiros se prepara para o Mundial, em competição no Centro de Treinamento Paralímpico
Foto: Alessandra Cabral/CPB



A Seleção Brasileira de halterofilismo paralímpico iniciou sua aclimatação em Dubai, no sábado, 19, para disputar o Campeonato Mundial da modalidade, entre 22 e 30 de agosto. A equipe, formada por 23 atletas, chegou aos Emirados Árabes no final da noite de sexta, 19, após um voo de cerca de 14 horas partindo de São Paulo na madrugada de sexta-feira, 18.


Participam da disputa os halterofilistas que alcançaram os índices mínimos estipulados pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) em duas seletivas: a Primeira Fase Nacional do Circuito Loterias Caixa, em março, e o Campeonato Brasileiro Loterias Caixa, em abril, ambas disputadas no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo. O país tem representantes de 12 unidades federativas (AM, BA, MG, PA, PB, PE, PR, RJ, RN, RS, SC e SP).


O Mundial de Dubai é o segundo da modalidade desde os Jogos Paralímpicos de Tóquio e será etapa obrigatória para halterofilistas que buscam classificação para os Jogos de Paris 2024. Estarão nele 495 atletas de 78 países, incluindo as categorias junior e elite.


Entre os desafios para a adaptação estão o fuso horário, sete horas adiantado em relação ao horário de Brasília, e o clima quente e seco, com máxima de 39 graus neste sábado. A favor da aclimatação está a logística do evento. Tanto hospedagem e alimentação como também treinos e, a partir de terça-feira, 22, competições, acontecerão no mesmo empreendimento, o hotel Hilton Habtoor City, o que evita deslocamentos em locais sem ar refrigerado. Mesmo assim, a recomendação da equipe médica é beber muita água para lidar com a baixa umidade do ar.


A Seleção Brasileira conta com delegação que inclui médico, psicólogo, fisioterapeuta e massoterapeuta. Outra indicação importante do grupo é evitar dormir durante o período da tarde no sábado, mesmo após uma viagem longa na véspera. O objetivo é adaptar os atletas ao fuso horário de Dubai o mais rapidamente possível.


Por conta da chegada ao hotel de madrugada, os halterofilistas não treinaram na manhã deste sábado. Haverá um treino opcional às 21h, no horário de Dubai, e fica a cargo dos técnicos decidirem a respeito da presença ou não de cada atleta. No domingo, 20, a partir das 7h nos Emirados Árabes, toda a equipe se reúne por uma hora na sala de treinos do hotel.


“Estou ainda me sentindo um pouco cansada, mas tentando me manter acordada até o final do dia para entrar logo no fuso horário e seguir adiante. Amanhã, acordaremos bem cedo para nos ajustar”, disse a carioca Tayana Medeiros, 30, da categoria até 86kg. Ela contou ter entrado em clima de competição logo ao embarcar no avião, partindo de Uberlândia, onde treina, para São Paulo.


Segundo Tayana, a concentração só aumenta conforme a disputa se aproxima; ela encontrou adversárias do Chile e da Grã-Bretanha hospedadas no mesmo hotel. “Agora é concentração total para, no dia 25, na minha prova, fazer tudo o que venho treinando”, afirmou a halterofilista, prata nos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019. Ela nasceu com uma doença chamada artrogripose, que comprometeu o movimento de suas pernas.


“Eu estou bem fisicamente, mentalmente. Descansei bem e agora estou só esperando os treinamentos para dar um gás na reta final. Não vejo a hora de competir”, afirmou a paulista Mariana D’andrea, 25, campeã Paralímpica de Tóquio 2020 e prata no Mundial de Tbilisi, na Geórgia, em 2021. “Antes, nas minhas primeiras competições, mexia muito comigo ver atletas de todos os países reunidos. Hoje, já fico muito mais tranquila, confiante por saber que estou entre as melhores do mundo e faço parte desse grupo. O que preciso é manter o que tenho feito no meu treinamento”, completou.


Mariana se disse disposta a treinar neste sábado. Mais tarde, porém, em conversa com seu treinador, foi decidido que ela faria uma movimentação mais leve em seu quarto durante a noite, em razão do pouco tempo de recuperação até o treino seguinte (na manhã de domingo).


Mariana, que tem nanismo, fará sua estreia internacional na categoria até 79kg, pela qual começou a competir neste ano, no Mundial de Dubai. Antes, no final de julho, a paulista ergueu 150kg na Segunda Fase Nacional do Circuito Loterias Caixa, marca que seria superior ao recorde de sua categoria atual, 145kg, mantido desde outubro de 2022 pela nigeriana Bose Omolayo. O resultado da paulista, porém, não é considerado internacionalmente, porque a competição do mês passado não cumpria alguns critérios do IPC (Comitê Paralímpico Internacional, em inglês), como ter arbitragem internacional.


Estreante em Mundiais, o carioca Gustavo Souza, 23, recordista brasileiro na categoria acima de 107kg com a marca de 232kg, disse considerar que os treinos em Dubai são para ajustes pontuais de um trabalho diário que vem sendo feito ao longo de meses. “Quando eu estou preparado, perto de uma competição, meu treino tem o objetivo de ajudar a aperfeiçoar a técnica, porque meu corpo depende de um tempo maior, de até 72 horas, para se recuperar após um treino intenso. Vamos manter essa estratégia aqui”, afirmou.


O carioca disse se sentir bem e concentrado para o início das disputas. “Nunca viajei mais de sete horas de avião. A viagem é cansativa, mas o preparo mental está em dia, estou muito focado no que preciso fazer. Isso está acima de tudo”, afirmou. Gustavo tem amputação na perna direita em razão de uma má-formação congênita.

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