Tabela de Jogos (No Horário de Brasília)
• 1ª Rodada:
22/07 – 06h30: Inglaterra x Haiti (Lang
Park – Brisbane/AUS)
22/07 – 09h: Dinamarca x China
(Perth Rectangular Stadium – Perth/AUS)
• 2ª Rodada:
28/07 – 05h30: Inglaterra x
Dinamarca (Sydney Football Stadium – Sydney/AUS)
28/07 – 08h: China x Haiti (Hindmarsh
Stadium – Adelaide/AUS)
• 3ª Rodada:
01/08 – 08h: China x Inglaterra
(Hindmarsh Stadium – Adelaide/AUS)
01/08 – 08h: Haiti x Dinamarca (Perth Rectangular Stadium – Perth/AUS)
• As duas seleções classificadas enfrentam adversários do Grupo B nas Oitavas de Final
Guia da Copa do Mundo Feminina de Futebol - Grupo A
Guia da Copa do Mundo Feminina de Futebol - Grupo B
Guia da Copa do Mundo Feminina de Futebol - Grupo C
Inglaterra
Foto: Jonathan Moscrop (Getty Images) |
O título da última Eurocopa serviu para mostrar que o caminho inglês vem sendo muito bem construído. Copa após Copa, a seleção vem crescendo e apresentando cada vez mais virtudes para enfim alcançar o lugar mais alto do pódio. E é lógico que um dos principais fatores para isso é o fortalecimento do campeonato nacional, já que hoje a Barclays Women’s Super League vem batendo recorde atrás de recorde em audiência via internet e também quando levamos em conta os públicos nos estádios.
Isso se reflete em campo, e transforma
as equipes inglesas em sérias candidatas a título também em competições
continentais. A prova veio nas semifinais da Champions League, quando o Arsenal
recheado de lesões ainda foi capaz de fazer frente ao favorito Wolfsburg ao
mesmo tempo em que o Chelsea deu mais trabalho ao Barcelona do que se
imaginava. Se juntarmos isso tudo a um comando técnico vencedor e a um elenco nacional
fortíssimo, temos como resultado final uma séria candidata ao título da
Copa do Mundo.
Sarina Wiegman bateu na trave
quatro anos atrás, quando guiou Países Baixos a uma inédita segunda colocação.
Curiosamente, o vilão foi o conjunto estadunidense. Justamente aquele que havia
eliminado as inglesas na semifinal poucos dias antes. Mas o cenário agora é
outro. As inglesas chegam à Copa do Mundo com uma bagagem muito maior após
conquistarem a Eurocopa e também a Finalíssima
contra o Brasil dentro de Wembley, no próprio país.
Beth Mead, Fran Kirby e Leah
Williamson são desfalques de peso, é verdade, mas a Inglaterra é favorita
absoluta a terminar como líder deste Grupo D. Isso tende a tirar as
australianas do caminho em uma possível oitavas de final, o que soa positivo
para as europeias após a derrota em casa para as Matildas em Abril. Esse 0x2,
aliás, acabou com a invencibilidade de 30 jogos das Lionesses em partidas oficiais. A equipe ainda empataria com Portugal antes da Copa, em confronto onde teve boas chances e pecou principalmente pela ineficiência nas finalizações.
Ranking da FIFA: 4º Lugar.
Participações Anteriores em Copas do Mundo: 5/8 (1995, 2007, 2011, 2015,
2019).
Melhor Campanha: 3º Lugar (2015).
A neerlandesa conquistou a Eurocopa com as inglesas e agora busca a Copa do Mundo. Pelo país natal, Sarina Wiegman foi vice-campeã quatro anos atrás. Foto: FA |
Técnica: Sarina Wiegman (desde Agosto de 2020).
Convocação
Goleiras:
1-Mary Earps (30 anos – 07/03/1993; Manchester United), 13-Hannah Hampton (22
anos – 16/11/2000; Chelsea FC), 21-Ellie Roebuck (23 anos – 23/09/1999;
Manchester City);
Laterais:
2-Lucy Bronze (31 anos – 28/10/1991; FC Barcelona-ESP), 3-Niamh Charles (24
anos – 21/06/1999; Chelsea FC), 15-Esme Morgan (22 anos – 18/10/2000;
Manchester City), 16-Jess Carter (25 anos – 27/10/1997; Chelsea FC);
Zagueiras:
5-Alex Greenwood (29 anos – 07/09/1993; Manchester City), 6-Millie Bright (29
anos – 21/08/1993; Chelsea FC), 14-Lotte Wubben-Moy (24 anos – 11/01/1999;
Arsenal FC);
Volantes/Meio
Campistas: 4-Keira Walsh (26 anos – 08/04/1997; FC Barcelona-ESP), 8-Georgia
Stanway (24 anos – 03/01/1999; Bayern de Munique-ALE), 10-Ella Toone (23 anos –
02/09/1999; Manchester United), 12-Jordan Nobbs (30 anos – 08/12/1992; Aston
Villa), 17-Laura Coombs (32 anos – 29/01/1991; Manchester City), 20-Katie Zelem
(27 anos – 20/01/1996; Manchester United);
Pontas:
7-Lauren James (21 anos – 29/09/2001; Chelsea FC), 11-Lauren Hemp (22 anos –
07/08/2000; Manchester City), 18-Chloe Kelly (25 anos – 15/01/1998; Manchester
City), 22-Katie Robinson (20 anos – 08/08/2002; Brighton & Hove Albion);
Atacantes: 9-Rachel Daly (31 anos – 06/12/1991; Aston Villa), 19-Beth England (29 anos – 03/06/1994; Tottenham Hotspur), 23-Alessia Russo (24 anos – 08/02/1999; Arsenal FC).
Lista de Suplentes: Emily Ramsey (GOL | 22 anos – 16/11/2000; Everton FC), Maya Le Tissier (ZAG/LD | 21 anos – 18/04/2002; Manchester United), Lucy Staniforth (MA/MC | 30 anos – 02/10/1992; Aston Villa).
Ausências Notáveis: Beth Mead (PD/MD – Arsenal FC; lesão no ligamento cruzado anterior do joelho direito sofrida em Novembro de 2022), Leah Williamson (ZAG – Arsenal FC; lesão no ligamento cruzado anterior do joelho direito sofrida em Abril de 2023), Fran Kirby (MC – Chelsea FC; lesão patelar no joelho direito ocorrida em Fevereiro de 2023), Sandy MacIver (GOL – Manchester City; problema no músculo adutor da coxa em Abril de 2023), Demi Stokes (LE – Manchester City; opção técnica), Jess Park (PD – Everton FC; opção técnica), Nikita Parris (PD – Manchester United; opção técnica), Ebony Salmon (AT – Houston Dash-EUA; opção técnica).
Time-Base:
Mary Earps; Lucy Bronze, Millie Bright ©, Alex Greenwood, Rachel Daly; Keira
Walsh; Lauren James, Georgia Stanway, Ella Toone, Lauren Hemp; Alessia Russo.
A estrutura da equipe deve ser igual à que venceu a última Eurocopa. Ou seja: um 4-3-3 que já caracterizou o trabalho de Sarina Wiegman em Países Baixos. Mas, alguns nomes na escalação diferem daquele que conquistou o título continental contra a Alemanha dentro de Wembley. Os principais estão no ataque, e atendem pelos nomes de Ellen White e Beth Mead. A primeira anunciou a aposentadoria logo após o encerramento do torneio europeu e obrigou a comissão técnica a montar uma nova estratégia para o posto de referência.
A titular nessa reta final de ciclo
passou a ser Alessia Russo, de muito mais mobilidade e que vem de uma temporada
onde marcou um alto número de gols com a camiseta do Manchester United. Muito
por conta desse rendimento recente em clube e seleção, Russo acabaria se
firmando como a titular do ataque da Inglaterra e vai para a Copa do Mundo com
a moral lá no alto. As alternativas encontradas pela comissão técnica foram
Beth England e Ebony Salmon, de características distintas e que provocaram uma
grande dúvida até o dia do anúncio da lista.
A primeira deixou o Chelsea no início de 2023 em busca de mais minutos e demonstrou que a escolha foi a melhor possível. Isso porque, nos poucos meses de Tottenham, a centroavante de 29 anos conseguiu balançar as redes 13 vezes em 14 oportunidades. Já Salmon teve uma passagem de grande brilho pelo Bristol City e vem correspondendo desde que se transferiu para a liga nacional estadunidense. Ela é móvel e de explosão física, se assemelhando mais à Russo. Talvez para variar o estilo da dupla ofensiva, Wiegman optaria por England entre as 23.
Já Beth Mead é uma perda gigantesca
para as inglesas, já que foi artilheira e também a melhor jogadora da última
Eurocopa. E a indefinição sobre a sua substituta é algo que Sarina Wiegman deve
levar para o mundial. Lauren James tende ser a escolha mais provável da técnica
pelo que apresentou no Chelsea nos últimos meses, mas com um estilo que se
assemelha muito mais ao de uma meio campista que atua pelo setor direito do que
propriamente uma ponta dribladora que busca acelerar os lances e efetuar
cruzamentos à área.
James não é tão veloz como Chloe
Kelly, Rachel Daly ou Katie Robinson, mas é capaz de desequilibrar em passes
curtos e também quando busca lançamentos na direção de Lauren Hemp pelo outro lado do campo. Além disso,
sua habilidade com os dois pés e a resistência física para manter a bola mesmo
quando está marcada por uma ou mais adversárias facilitam as movimentações a
partir de uma faixa mais central do campo.
O nome que completa o trio de ataque pelo setor esquerdo é Hemp, como já foi mencionado. A estrela do Manchester City vem de uma Eurocopa de bastante destaque individual e oferece para a Inglaterra a velocidade e o desequilíbrio através de dribles pelos lados do campo. Além disso, vale mencionar que a atleta de 22 anos vem crescendo também sua média de gols por temporada, o que a credencia a subir de importância na hierarquia ofensiva inglesa.
Lauren Hemp se afirmou na equipe titular na última Eurocopa e agora forma um lado esquerdo dos mais perigosos do futebol mundial ao lado de Rachel Daly. Foto: Getty Images |
Quem também viveu ótima fase tanto
no clube quanto na seleção foi Mary Earps. Ela foi a goleira titular durante todo
o campeonato continental de seleções e se destacou especialmente nos confrontos
eliminatórios. Dessa forma, fechando a meta quando fora necessário, a atleta de
30 anos garantiu um posto na equipe ideal da competição e foi uma das
responsáveis por liderar o setor defensivo menos vazado da Eurocopa.
Além disso, Mary Earps apresentou grande rendimento em um Manchester United mais bem estruturado e que brigou pelo título
nacional até as rodadas finais na última temporada. Para exemplificar isso: a goleira
alcançou a marca de 50 jogos sem ser vazada levando-se em conta todo o seu
histórico na Barclays Women’s Super League. Soa até desnecessário mencionar que
tamanha regularidade a transformou em um dos principais nomes do United na
excelente campanha do vice-campeonato inglês.
E vale destacar também a importância de Earps ao liderar uma posição que possui como reservas imediatas as jovens Hannah Hampton e Ellie Roebuck (além das outrora convocadas Emily Ramsey e Sandy MacIver, igualmente novatas). Apesar de todas terem boa rodagem em seus respectivos clubes, suas presenças em torneios de maior peso com a seleção ainda são pouco frequentes.
Mary Earps foi importantíssima para o título europeu e vem de temporada bastante destacada também no Manchester United. Foto: Laurence Griffiths (Getty Images) |
As zagueiras foram outro ponto
crucial para que as Lionesses
alcançassem a sua maior glória no ano de 2022. E vale relembrar que o cenário
não parecia nada animador no período anterior à Eurocopa, já que a até então
titular Steph Houghton foi ausência por conta de um problema médico. A ideia
encontrada por Sarina Wiegman foi posicionar a volante Leah Williamson no
centro da defesa, fazendo companhia à Millie Bright.
A escolha emergencial da comissão
técnica deu tão certo que a capitã do Arsenal e também da seleção nacional foi
mantida nessa função e muito provavelmente seria utilizada na Copa do Mundo
como uma zagueira. Sua participação na última Eurocopa até valeu à histórica atleta
do Arsenal um posto na seleção ideal da competição. Porém, uma lesão sofrida no
mês de Abril acabaria com o sonho de Williamson em levantar o troféu também de
um mundial.
A ausência da capitã tende a ser um
baque bastante importante para a equipe europeia, ainda mais nas etapas
decisivas. Até por conta desse problema de última hora, cresce a importância de
Millie Bright no centro da zaga inglesa. Ela que também teve seus momentos de
destaque na campanha do título continental, aparecendo bem quando fora necessário.
Bright seria mais um motivo de preocupação por conta de recentes problemas
físicos, mas estará no mundial – ainda que possa ser dúvida para a estreia.
Alex Greenwood oferece qualidade no centro da zaga e também na lateral. Sem contar a eficiência na bola parada, outro ponto forte da defensora do Manchester City. Foto: Mike Hewitt (Getty Images) |
Alex Greenwood desponta como a principal opção para o lugar de Williamson e foi a escolhida por Wiegman para substituir Bright quando a defensora do Chelsea estava indisponível. Ainda que não seja tão imponente nos duelos físicos como a titular, ela oferece uma melhor saída de bola e é arma em jogadas de escanteio. Especialmente quando utiliza seu pé esquerdo em cobranças pelo lado contrário, buscando um gol olímpico.
Vale mencionar que Greenwood em
muitos momentos foi utilizada também como lateral-esquerda. Outra opção para o
centro da defesa inglesa durante o ciclo foi Lotte Wubben-Moy, que se sente
confortável com a bola nos pés para lançamentos e inversões de jogo ainda que
não avance tanto ao campo rival. A grande surpresa na lista definitiva foi a
ausência de Maya Le Tissier, de grande temporada no Manchester United e opção
também para a lateral-direita. Sua não convocação talvez tenha sido o maior ponto de discordância envolvendo Sarina Wiegman, jornalistas e torcedores.
Até pelo evidente favoritismo que a
Inglaterra possui dentro desse Grupo D, espera-se que algumas modificações
pontuais e também testes sejam realizados durante essa fase inicial do mundial.
Greenwood é quem tem mais chances de conseguir uma vaguinha nesse quarteto de
defesa, especialmente pelo bom nível apresentado em atuações recentes pela
seleção. Sem contar que sua utilização na lateral-esquerda pode servir para dar
mais equilíbrio ao time.
Lucy Bronze já esteve melhor no aspecto físico, mas continua sendo importante para a Inglaterra (especialmente no momento de construção ofensiva). Foto: Robbie Jay Barratt (AMA/Getty Images) |
Isso por conta da importância do
lado direito no jogo ofensivo inglês. Mesmo que Lucy Bronze não apresente mais
a consistência de três ou quatro anos atrás, ela é uma referência técnica e
acrescenta muito às Lionesses em
matéria de saída de bola e construção. Quando a seleção sai ao campo rival de
maneira consciente e sem acelerar as ações, Bronze se torna mais uma meio
campista e mostra toda a sua capacidade para efetuar passes curtos, lançamentos
e chutes de média distância.
O único problema para a Inglaterra é o espaço deixado às suas costas quando a seleção é desarmada e sofre contra-ataque. Na semifinal da Eurocopa, a Suécia buscou muito esse espaço entre ela e Bright e deu dores de cabeça à comissão técnica quando atacava por ali em velocidade e com troca acelerada de passes. Vale dizer que Lucy Bronze já tem 31 anos e vem sofrendo com frequentes lesões, o que acaba comprometendo sua capacidade física de atacar e defender com a mesma intensidade.
É muito por conta disso que soa bem
às inglesas contar com Alex Greenwood pelo lado esquerdo. Por ser mais
defensiva, sua presença tende a equilibrar mais a linha defensiva e permitir
que Lucy Bronze possa ser utilizada com uma maior frequência no momento ofensivo.
Na Eurocopa, porém, o que se viu foi uma Inglaterra utilizando Rachel Daly como
a titular por aquele setor.
Atacante de origem, a atleta do
Aston Villa deu conta do recado e terminaria a competição como um dos destaques
principais da seleção europeia. De qualquer forma, seus 30 gols na temporada
2022/2023 fazem com que a comissão técnica trabalhe com a ideia de ter Daly na
meia ou até no comando de ataque. Dessa forma, a neerlandesa vem testando novas
opções para a lateral canhota do gramado. Além de Greenwood, Sarina Wiegman observou
Demi Stokes, Niamh Charles e Jess Carter, que também adicionam um maior poder
de marcação.
A utilização de Bronze e Daly
juntas em uma região mais defensiva soa muito mais plausível em confrontos onde
a Inglaterra precisará ter uma postura mais ofensiva para abrir espaços diante
de um rival bem postado e que pensa em proteger a própria meta. Para jogos de
mais peso, é possível que aconteça uma mudança na escalação que impacte essa
iniciativa de liberar ambos os lados para o ataque.
Caso Bronze não esteja disponível pelo setor direito, a Inglaterra tem a possibilidade de escalar Lotte Wubben-Moy e a polivalente Esme Morgan. Porém, a entrada de uma delas muda a mecânica de jogo das europeias. Mais acostumada a realizar tarefas defensivas, a dupla muito provavelmente serviria como reforço para essa região do campo, o que permitiria o avanço contínuo da lateral oposta ou de Georgia Stanway, meio campista titular pelo lado direito.
Nos momentos onde Lucy Bronze e
Rachel Daly são escaladas ao mesmo tempo, a ótima Keira Walsh passa a ter mais
trabalho de cobertura no centro do campo. E, por mais que em alguns momentos ela conte com a
companhia da talentosa Georgia Stanway em uma marcação dupla pelo centro do
campo, é Walsh a principal encarregada de proteger a linha defensiva inglesa e
permitir o avanço de uma lateral.
Porém, soa muito injusto citar a
volante do Barcelona somente como uma boa marcadora, já que hoje ela é uma das
jogadoras do mundo mais eficientes nesse papel de guiar a equipe ao ataque através
de passes curtos e participar de praticamente todos os momentos onde a
Inglaterra busca essa saída ao campo ofensivo de maneira mais paciente e
trabalhada. Sua saída do Manchester City rumo ao conjunto catalão é a maior
transferência da história do futebol feminino mundial em cifras e causou sérios problemas
ao clube inglês, que ainda não conseguiu reposição direta à perda.
A criativa Georgia Stanway costuma fazer as transições à frente pelo setor direito e eventualmente fica mais próxima à linha lateral para que Lucy Bronze possa aparecer em uma zona mais central, auxiliando Keira Walsh no trabalho de bola. A jovem meio campista do Bayern de Munique é um dos símbolos da nova geração inglesa surgida em competições de base e se destaca também pela dinâmica que dá ao meio campo britânico.
Quem completaria o trio central no
cenário ideal seria Fran Kirby. O problema para a atleta do Chelsea foi uma
lesão sofrida este ano e que a tirou das listas de Sarina Wiegman nas datas
FIFA de Fevereiro e Abril e mais tarde também da Copa do Mundo. A reposição imediata
durante o seu período inativo foi Ella Toone, jovem de 23 anos e mais um nome
que chamou a atenção pelo brilhante desempenho apresentado no Manchester United
na última temporada.
Toone cresceu demais seu nível após
deixar os lados do campo e participar mais ativamente da construção do jogo a
partir de uma zona central do campo. Hoje, ela é uma alternativa extremamente interessante para Sarina Wiegman utilizar durante os jogos. Sua companheira de
United, Katie Zelem, também recebeu oportunidades no grupo nacional e acabaria garantindo um espacinho no grupo que viaja à Oceania.
Encarregada principal dos lances de
bola parada dos Diabos Vermelhos, Zelem trata-se de mais uma atleta capaz de acrescentar qualidade técnica no centro do
campo inglês. Outra opção é Laura Coombs, ainda que a mais experiente jogadora
do trio esteja longe do seu melhor momento no Manchester City. Jordan Nobbs, emprestada
pelo Arsenal ao Aston Villa, acabaria vencendo um posto pela vaga restante do
meio campo na reta final do ciclo. Ela que foi outra jogadora do grupo a deixar um clube de maior poderio em busca de mais minutos em campo até o mundial.
Destaque – Keira Walsh
De forma discreta, a volante foi
assumindo um papel gigante e inigualável dentro da seleção. O seu coroamento pessoal
veio na última Eurocopa, quando as atuações da então meio campista do
Manchester City foram sensacionais e ajudaram muito a Inglaterra na conquista
do inédito título continental (e dentro de casa).
O que chamou a atenção do Barcelona
e fez com que o time catalão pagasse a maior quantia da história do futebol
feminino pela inglesa? Especialmente a capacidade que Walsh tem de simplificar
as coisas e coordenar o jogo através da troca de passes. Além disso, é
necessário destacar o papel importantíssimo que ela tem de equilibrar o centro
do campo.
Isso ganha ainda mais relevância a partir do momento em que suas companheiras mais frequentes nessa zona do campo possuem um estilo de se aproximar bastante do trio de ataque. Assim, é indispensável ter um ponto de equilíbrio para marcação e fechamento de espaços. Justamente a função exercida por Keira Walsh, que costuma realizar um importante papel de cobertura às laterais também. Em sua posição e no cumprimento de suas funções, a estrela do Barcelona é uma das melhores do mundo.
Haiti
Foto: Gualter Fatia (Getty Images) |
A seleção chega ao seu primeiro mundial feminino após alcançar momentos muito marcantes na etapa de classificação. O primeiro foi o inapelável 3x0 no dono da casa México que colocou a equipe em boa situação dentro do grupo eliminatório local. E vale dizer: a torcida mexicana vinha empolgada por conta do fortalecimento de seu campeonato nacional e também pela boa geração de atletas. Não foi um resultado qualquer.
A vitória haitiana veio com
autoridade, propriedade e acabaria eliminando o conjunto da casa ainda na fase
de grupos. Para completar essa linda trajetória construída, o Haiti superou o
favorito Chile pelo placar de 2x1 no playoff disputado já em solo neozelandês.
O detalhe é que muito dessa campanha teve a contribuição de atletas acostumadas
a fazer parte de competições internacionais, já que boa parte desse grupo
disputou o mundial Sub-20 de 2018.
Naquela oportunidade, Les Grenadières não avançaram à fase final
e sequer pontuaram, ainda que tenham realizado bons enfrentamentos contra as
favoritas seleções de Alemanha, Nigéria e China. Para o mundial deste ano, a
tendência que a vida das haitianas seja novamente muito complicada em matéria
de classificação. Porém, não será surpresa se a equipe comandada por Nicolas
Delépine vier a fazer confrontos equilibrados diante de dinamarquesas e
chinesas.
Isso porque, nesses últimos anos, o
ataque haitiano se caracterizou pela capacidade de machucar adversários de
maior calibre. De qualquer forma, a ideia parece ser muito mais a de desfrutar
a disputa de uma competição deste tamanho. Lógico que olhando também para o
futuro, com o objetivo claro de manter o Haiti acostumado a torneios mundiais
de alto nível na modalidade. O fato de muitas atletas convocadas à Copa serem
jovens dá a entender que esse é um objetivo alcançável.
Ranking da FIFA: 53º Lugar.
Participações Anteriores em Copas do Mundo: Não Possui.
Técnico: Nicolas Delépine (desde Janeiro de 2022).
Convocação
Goleiras:
1-Kerly Théus (24 anos – 07/01/1999; FC Miami City-EUA), 12-Nahomie Ambroise
(19 anos – 13/11/2003; Little Haiti FC-EUA), 23-Lara-Sofia Larco (20 anos – 27/11/2002;
Georgetown Hoyas-EUA).
Laterais:
2-Chelsea Surpris (26 anos – 20/12/1996; Grenoble Foot 38-FRA), 13-Betina
Petit-Frère (19 anos – 01/08/2003; Brest-FRA), 16-Milan Pierre-Jerome (21 anos –
23/04/2002; George Mason Patriots-EUA), 20-Kethna Louis (26 anos – 05/08/1996;
Montpellier HSC-FRA), 21-Ruthny Mathurin (22 anos – 14/01/2001; Louisiana Ragin’
Cajuns-EUA);
Zagueiras:
3-Jennyfer Limage (25 anos – 25/12/1997; Grenoble Foot 38-FRA), 4-Tabita Joseph
(19 anos – 13/09/2003; Brest-FRA), 14-Esthericove Joseph (20 anos – 05/02/2003;
Exafoot);
Volantes/Meio
Campistas: 5-Maudeline Moryl (20 anos – 24/01/2003; Grenoble Foot 38-FRA),
6-Melchie Dumornay (19 anos – 17/08/2003; Stade de Reims-FRA), 8-Dany Étienne (22
anos – 16/01/2001; Fordham Rams-EUA), 9-Sherly Jeudy (24 anos – 13/10/1999;
Grenoble Foot 38-FRA);
Pontas:
7-Batcheba Louis (26 anos – 15/06/1997; FC Fleury 91-FRA), 10-Nérilia Mondésir
(24 anos – 17/01/1999; Montpellier HSC-FRA), 15-Darlina Joseph (19 anos – 15/12/2003;
Grenoble Foot 38-FRA), 18-Noa Olivia Ganthier (20 anos – 13/10/2002; Weston
FC-EUA);
Atacantes:
11-Roseline Éloissaint (24 anos – 20/02/1999; FC Nantes-FRA), 17-Joseph
Shwendesky (25 anos – 18/11/1997; ZFK Zenit-RUS), 19-Dayana Pierre-Louis (19
anos – 24/09/2003; GPSO Issy-FRA), 22-Roselord Borgella (30 anos – 01/04/1993;
Dijon-FRA).
Lista
de Suplentes: Não Divulgada.
Ausências Notáveis: Claire Constant (ZAG – SCU Torreense-POR; lesão
no ligamento cruzado anterior do joelho sofrida em Maio de 2023), Gabrielle
Emilien (GOL – Toronto French School-CAN; ausência de última hora por problemas
na obtenção do passaporte haitiano), Amandine Pierre-Louis (ZAG – Rodez AF-FRA;
ausência de última hora por problemas na obtenção do passaporte haitiano), Donya
Salomon-Ali (ZAG – FC Laval-CAN; opção técnica), Meghane St-Cyr (LE – Celtix
Haut-Richelieu-CAN; opção técnica), Valentina Ornis (MD – Club Ñañas-EQU; opção
técnica).
Time-Base:
Kerly Théus; Betina Petit-Frère, Jennyfer Limage, Tabita Joseph, Kethna
Louis; Melchie Dumornay, Maudeline Moryl; Batcheba Louis, Sherly Jeudy, Nérilia
Mondésir ©; Roselord Borgella.
Normalmente o time de Nicolas Delépine alterna entre o 4-2-3-1 e o 4-1-4-1. O nome de maior desequilíbrio e que é responsável por essa variação nos esquemas haitianos atende pelo nome de Melchie Dumornay, estrela do conjunto caribenho. Aliás, é preciso dizer que grande parte da força das caribenhas está concentrada no seu setor de meio campo. Especialmente quando mencionamos o momento ofensivo, período onde as principais referências técnicas da seleção assumem a responsabilidade de levar o time adiante.
Dumornay é a jogadora mais acionada
a executar esse papel de transição, já que possui qualidade técnica para
superar uma adversária através de um drible e também velocidade e inteligência
para arrancar em direção ao gol quando necessário. Com o detalhe importante de que boa parte
dessa movimentação ocorre a partir da zona central.
E a variação de um esquema para o
outro acontece nesse momento da arrancada ou quando ela busca escapar de um
encaixe defensivo e recua para melhorar o toque de bola haitiano. Essa
circulação de Dumornay é essencial para que a equipe tenha momentos de
qualidade técnica em diferentes faixas do campo. Além disso, evita que uma
atleta talentosa como ela restrinja sua área no gramado e seja arma mais fácil
para marcações agressivas e/ou individuais.
Sherly Jeudy assustou a todos com a lesão sofrida no decisivo duelo contra o Chile. Entretanto, ela estará no grupo nacional que estreia em Copas do Mundo. Foto: FHF |
Ainda que seja a cereja do bolo haitiano, Melchie Dumornay conta com parceiras que também oferecem bastante qualidade à equipe nacional. Se pensarmos nas demais jogadoras do setor de ataque, Les Grenadières e seus torcedores podem esperar que pelo menos o primeiro golzinho em um mundial feminino virá já em 2023. Pelo centro do campo, a fiel parceira de Dumornay é Sherly Jeudy. O entendimento da dupla é ainda maior e melhor por conta das suas características de jogo. A atleta do Grenoble também é habilidosa e gosta de ter a bola nos pés, o que facilita a manutenção do 4-2-3-1 montado por Nicolas Delépine independente da meio campista que avance para auxiliar o trio de frente.
Normalmente é Jeudy quem atua nessa
faixa do campo mais próxima ao gol adversário, mas uma eventual troca com
Dumornay no momento de ir à frente é comum. No 4-1-4-1, ambas possuem uma
necessidade maior de retomar o espaço e são exigidas de forma mais forte no
aspecto defensivo. Diga-se, um aspecto onde encontram maiores dificuldades.
Porém, as duas certamente vão melhorar esses atributos com o passar de suas
carreiras em seleção e também clubes.
Agora, Sherly Jeudy causou
apreensão no país em meio às comemorações pela classificação à Copa do Mundo.
Isso por conta de uma lesão sofrida justamente no confronto contra o Chile. A
meio campista deixou o campo na etapa final alegando fortes dores após uma dividida
dura contra uma adversária sul-americana. O diagnóstico viria alguns dias mais
tarde e não soou tão animador, ainda que no momento do jogo se esperasse um
problema até mais grave.
No final das contas, a atleta do Grenoble acabaria se afastando de qualquer atividade por dois meses por conta desse problema no ligamento colateral medial do joelho direito. Jeudy se recuperou a tempo de disputar o mundial, mas acabaria não entrando em campo até o começo de Maio e ainda perderia a fase final de preparação haitiana na data FIFA de Abril. Mesmo tendo viajado com o restante do grupo para continuar o tratamento com os médicos da equipe nacional, ela não atuaria contra Nigéria e Moldávia. Ao fim de tudo, os cuidados foram devidamente feitos e Jeudy está apta a disputar a Copa do Mundo. Sua presença é vital para a manutenção de um setor bem ajustado.
Ainda que o Haiti pudesse reforçar
seu meio campo com mais uma volante caracterizada pela marcação (o que reposicionaria
Dumornay para um posto mais ofensivo), era nítido que o nível técnico da
seleção perderia muito sem uma das suas duas criativas meio campistas. Mas vale
a pena pensarmos a equipe sem uma das duas. Atualmente, as haitianas utilizam
uma volante que se destaca especialmente por fechar espaços e proteger a linha
defensiva.
Nos melhores momentos do Haiti no ciclo, essa figura era Jennyfer Limage. Porém, até pelos vários problemas enfrentados pelo conjunto nacional no centro da defesa, é provável que ela seja mais utilizada por ali. Nada de novo, visto que em anos passados atuar como zagueira também na seleção era algo comum para a atleta do Grenoble. Nesse espaço entre as linhas de defesa e meio campo, aliás, o Haiti costuma sofrer bastante. Não
raramente a equipe apresenta problemas de encaixe de marcação diante de rivais
que utilizam uma armadora, especialmente quando essa tem liberdade para
circular em uma zona do campo próxima à da atacante central.
Roselord Borgella é um nome de extrema importância para o setor ofensivo haitiano. Além dos gols, ela adiciona inteligência para atacar espaços e velocidade. Foto: FIFA (via Gtty Images) |
Nota-se que essa é uma escolha diferente se comparamos a equipe caribenha à Inglaterra, já que as europeias utilizam uma primeira volante que se destaca especialmente pelo toque de bola e duas meio campistas que atuam próximas dessa atleta (ainda que possam se desprender com qualidade eventualmente). Considerando que Limage atue mesmo na zaga, o posto de volante pode ser ocupado também por Maudeline Moryl e Dany Étienne – todas com característica de proteção à própria meta. Moryl, bem como a titular Limage, já ocupou posições até mais defensivas em seleções de base.
Vale relembrar: essa posição se
torna ainda mais importante no esquema caribenho a partir do momento em que as
meio campistas Dumornay e Jeudy avançam ao campo de frente com boa frequência.
Ter, portanto, uma atleta com bons recursos defensivos nesse setor é
fundamental para que Les Grenadières
tenham equilíbrio e maior proteção quando sofrem contra-ataques. Isso serve
também para diminuir a maior parte das tarefas de recomposição a serem exigidas
do trio de frente.
Especialmente de Roselord Borgella,
quem normalmente atua em uma zona mais centralizada no esquema haitiano. Entretanto,
é muito comum ver a atacante do Dijon saindo da área e buscando jogo
principalmente na faixa esquerda do campo. Essa movimentação com a capitã
Nérilia Mondésir faz com que as haitianas não percam poderio ofensivo e
capacidade de desequilíbrio independentemente de quem aparece no setor canhoto
ou mais perto do gol rival.
Batcheba Louis é veloz e tem muita disposição para atacar quando preciso e voltar para ajudar a marcação no momento sem bola. Foto: FHF |
Borgella, aliás, é uma das atletas mais experientes em um elenco dominado por jovens de ótimo potencial de evolução na carreira. Para esse posto mais central, uma opção interessante é a móvel Roseline Éloissaint. De bom drible e capaz de vencer duelos boa parte dos duelos em velocidade, ela tem tudo para receber frequentes chances durante a Copa. Outro nome de características semelhantes é Dayana Pierre-Louis, que pode ser utilizada até mesmo no centro do campo. Para um papel de referência, a aposta tardia da comissão técnica foi por Joseph Shwendesky, que atua no Zenit.
Em um grupo onde o Haiti deve
buscar primeiramente uma boa organização defensiva para só então arriscar algo
através de contra-ataques, é fundamental ter atletas velozes e inteligentes. E
isso a seleção encontra muito bem nas já mencionadas Roselord Borgella e
Nérilia Mondésir e também em Batcheba Louis. Essa última é importante quando
acionada no campo de frente e nos momentos de recomposição.
Em muitas jogadas, é possível enxerga-la
realmente como uma fiel auxiliar da lateral-direita, já que Louis aparece
bloqueando espaços praticamente na linha de fundo do próprio campo. O detalhe é
que muito desse trabalho sujo facilita o jogo de Mondésir. A capitã vestiu a
braçadeira também no mundial Sub-20 de cinco anos atrás, onde foi responsável
pelos três gols do Haiti no torneio, e é outro nome no qual se depositam boas expectativas
para a Copa do Mundo.
Nérilia Mondésir é o ponto alto de um ataque dos mais interessantes. Goleadora nacional em seleções de base, ela é quem costuma liderar o setor ofensivo haitiano. Foto: FHF |
Além desse apurado faro de gol, a atleta do Montpellier se destaca pelas arrancadas em velocidade e a capacidade de conduzir muito bem a bola com os dois pés. Alternativas interessantes que o Haiti contou para esse posto pelo setor direito nesses últimos tempos: Mikerline Saint-Félix (de bom rendimento em competições internacionais de base), Noa Olivia Ganthier (com alto número de gols nos Estados Unidos), Darlina Joseph e a jovem Valentina Ornis. Saint-Félix e Ornis, porém, ficariam de fora da lista final.
A linha defensiva não chega a ser
frágil se analisarmos os nomes que vão a campo e também o desempenho recente
das atletas. Porém, como conjunto a equipe costuma apresentar muitos problemas.
Comecemos pela meta, que traz uma boa notícia aos torcedores caribenhos. Kerly
Théus retornou à seleção após três anos e traz na bagagem uma participação em Mundial
Sub-20 e uma atuação bastante segura contra o Chile no playoff intercontinental.
Mesmo assim, a comissão técnica
parece bem servida caso seja necessário utilizar Nahomie Ambroise – titular na
CONCACAF W Championship – ou a jovem Lara-Sofia Larco. Uma estrela do futebol
local é Kethna Louis. A atual lateral-esquerda titular foi um nome de boa relevância
durante todo esse ciclo de conquistas e se adaptou muito bem à nova função após
um período longo onde era opção principalmente para o posto de zagueira.
Aos 26 anos, a defensora traz qualidade técnica para iniciar os ataques com bola no chão e é arma inclusive em lances pelo alto. Até por ter essa facilidade em trocar passes e efetuar cruzamentos à área, é normalmente ela a lateral com maior liberdade para avançar até o campo adversário. Sua reserva imediata é Ruthny Mathurin, também parte do elenco que disputou a Copa do Mundo de base. Ela possui uma menor qualidade técnica, mas entrega velocidade na faixa canhota do gramado. Meghane St-Cyr, de apenas 20 anos e com um futuro promissor, foi outro nome testado durante o ciclo. Entretanto, seria descartada na lista de 23.
A juventude, como se vê, é algo
bastante comum na equipe. Betina Petit-Frère, de apenas 19 anos, foi a
escolhida de Nicolas Delépine para ocupar a titularidade na lateral-direita
haitiana nessa reta final de ciclo. Até pelo fato de o setor canhoto ser o mais
técnico e também o mais perigoso do conjunto haitiano, é normal que Petit-Frère
guarde posição e permaneça próxima às zagueiras para equilibrar o setor defensivo.
Algo totalmente diferente das reservas Chelsea Surpris e Milan Pierre-Jerome, jogadoras que se destacam principalmente pelo que produzem no campo ofensivo. A dupla de zaga mais utilizada durante esse período recente foi formada por Claire Constant e Tabita Joseph. Ambas tiveram momentos de boa solidez no ciclo, mas é fato que costumam sofrer nos lances pelo alto. Para piorar, Constant se machucou com gravidade meses antes do mundial e será ausência na competição.
De muita qualidade no pé esquerdo, Kethna Louis é um nome de confiança no setor defensivo haitiano. Hoje em dia, como lateral-esquerda. Outrora, como uma zagueira. FHF |
Diante de rivais que contam com uma atacante de boa estatura e que se destaque pelo posicionamento, o Haiti pode ser presa fácil. A opção principal para aumentar a estatura defensiva das caribenhas atende pelo nome de Esthericove Joseph, que venceu a disputa contra Donya Salomon-Ali. Esthericove é zagueira destaque da seleção Sub-20 nacional e vem de momentos interessantes em competições continentais.
Além disso, Les Grenadières contam também com a já citada Maudeline Moryl, apesar de ela receber maiores oportunidades em um posto de marcação no meio campo de uns tempos pra cá. As alternativas buscadas de última hora para o miolo de zaga foram Danique Ypema (do neerlandês Feyenoord) e Amandine Pierre-Louis (do francês Rodez AF e que atuou nas equipes de base do Canadá). Nenhuma acabaria sendo convocada, porém.
Corrigir esses problemas defensivos
parece ser o ponto mais urgente para que o Haiti consiga competir dentro do
Grupo D. Senão lutando pela improvável classificação ao mata-mata, pelo menos
mostrando suas claras aptidões ofensivas e também um time organizado e
consciente nos movimentos defensivos. Um ponto que chamou a atenção negativamente
em confrontos mais equilibrados foi o fato de o conjunto caribenho cometer
muitas faltas passíveis de cartão amarelo ou vermelho.
Com a lesão da companheira Claire Constant às vésperas da convocação final, aumenta a responsabilidade de Tabita Joseph no centro da defesa nacional. Foto: Getty Images |
Isso ficou evidente especialmente no confronto decisivo contra o Chile, onde a arbitragem tolerou um bom número de entradas com força excessiva. O detalhe é que a equipe da CONCACAF já mostrou inteligência para fazer uma marcação compacta e eficiente sem precisar apelar para a violência. Entende-se perfeitamente que o contexto do jogo diante do Chile era de decisão, visto que o vencedor garantiria um histórico lugar na Copa do Mundo.
Porém, é um ponto a ser observado para o mundial. Em um Grupo D onde a Inglaterra tende a confirmar o favoritismo e se classificar em primeiro lugar, é verdade que a vaga remanescente está em aberto. Assim, qualquer mínimo detalhe pode fazer a diferença e alterar o desenrolar dos jogos e também da classificação. Errar pouco é crucial para que o Haiti continue sonhando em fazer história na Oceania.
A jovem Melchie Dumornay é garantia de talento no meio campo haitiano. Seja no momento da construção ou quando se aproxima da área pra finalizar. Foto: CONCACAF |
Destaque – Melchie Dumornay
A talentosa meio campista conseguiu
levar para a seleção o excelente nível que apresentou no francês Stade de Reims
em temporadas recentes. O maior exemplo disso foi o seu lindo gol no 2x1 diante
das chilenas, em resultado que garantiu a nação caribenha em uma Copa do Mundo
Feminina pela primeira vez na história.
O lance exibiu aquela que é sua principal
característica dentro das quatro linhas, que é se projetar a partir de uma zona
central do gramado até a área adversária. Neste caso, marcando gol. Porém, Dumornay
é perigosa também quando consegue espaço para dar assistência a uma parceira
mais bem posicionada – normalmente às costas da linha de defesa adversária. E o
seu grande talento era visível desde cedo.
A maior prova disso é que a craque haitiana
fez parte do grupo que disputou o Mundial Sub-20 em 2018 mesmo com somente 14
anos de idade. Hoje em dia, com 19, ela é uma das atletas novatas que mais
criam curiosidade e expectativa no mundo. Sua recente negociação com o
todo-poderoso Lyon deve auxiliar ainda mais no desenvolvimento da haitiana, uma
das estrelas da atual Copa do Mundo e uma séria candidata a habituais
premiações individuais e coletivas num futuro nada distante.
Dinamarca
Foto: Dansk Boldspil-Union (DBU) |
A Dinamarca retorna a uma Copa do Mundo após ter vida bastante tranquila na eliminatória. Isso por conta da desclassificação da Rússia, envolvida em um conflito bélico contra a vizinha Ucrânia e que acabaria sendo punida pela UEFA com a exclusão de torneios da modalidade. Mas nem tudo seria florido no caminho nórdico. Sem confrontos de maior exigência durante boa parte do ciclo, a equipe viria a ter problemas na Eurocopa.
A eliminação ainda na fase inicial em
um grupo que contava também com as favoritas Espanha e Alemanha mostrou que
existem pontos a serem mais bem trabalhados para o mundial. Especialmente no
aspecto defensivo, já que a Dinamarca chegou a ser goleada pelas germânicas
pelo placar de 4x0 logo na rodada de abertura. Os amistosos recentes serviram
para que a equipe apresentasse uma melhora significativa no quesito, já que o
setor não foi vazado contra Suécia, Japão e Noruega.
E essa ótima sequência de
resultados foi obtida sem sua maior estrela. Pernille Harder sofreu lesão ainda
no final de Novembro e perdeu a reta final de preparação, além de ser uma baixa
pesada para o Chelsea desde aquele momento. Essa capacidade de manter-se
competitiva mesmo com a ausência de sua craque mostra que a Dinamarca tem
totais condições de avançar à fase final, ainda que em uma chave traiçoeira.
Para isso, a equipe de Lars
Søndergaard precisará ter atenção máxima já na rodada inaugural, responsável
por colocar a seleção em um confronto direto contra a China. Um bom resultado,
além de prejudicar um concorrente direto ao teórico segundo lugar do Grupo D, retira
o peso do duelo diante da favorita Inglaterra. Jogando sem tanta responsabilidade
e contando com a evolução física de sua craque partida após partida, a
Dinamarca tem tudo para incomodar as vizinhas de continente.
Ranking da FIFA: 13º Lugar.
Participações Anteriores em Copas do Mundo: 4/8 (1991, 1995, 1999,
2007).
Melhor Campanha: Quartas de Final (1991 e 1995).
Lars Søndergaard se notabilizou por montar a equipe de diferentes formas durante o ciclo. A tendência é que essas variações sejam vistas também na Copa. Foto: Morten Stricker |
Técnico: Lars Søndergaard (desde Dezembro de 2017).
Convocação
Goleiras: 1-Lene Christensen (23 anos – 04/02/2000; Rosenborg BK-NOR), 16-Kathrine Larsen (30
anos – 05/05/1993; Brøndby IF), 22-Maja Bay Østergaard (25 anos – 28/03/1998; FC
Thy-Thisted Q);
Laterais: 4-Rikke Sevecke (27 anos – 15/06/1996; Everton FC-ING), 11-Katrine Veje (32 anos – 19/06/1991; Everton FC-ING), 13-Sara Thrige (27 anos – 15/05/1996; AC Milan-ITA), 15-Frederikke Thøgersen (27 anos – 24/07/1995; Internazionale-ITA), 23-Sofie Svava (22 anos – 11/08/2000; Real Madrid-ESP);
Zagueiras: 3-Stine Ballisager (29 anos – 03/01/1994; Vålerenga-NOR), 5-Simone Boye Sørensen (31 anos – 03/03/1992; Hammarby IF-SUE), 18-Luna Gevitz (29 anos – 03/03/1994; Montpellier HSC-FRA);
Volantes/Meio Campistas: 2-Josefine Hasbo (21 anos – 20/11/2001; Harvard Crimson-EUA), 6-Karen Holmgaard (24 anos – 28/01/1999; Everton FC-ING), 7-Sanne Troelsgaard (34 anos – 15/08/1988; Reading FC-ING), 8-Emma Snerle (22 anos – 23/03/2001; West Ham United-ING), 12-Kathrine Kühl (20 anos – 05/07/2003; Arsenal FC-ING);
Meias/Pontas: 9-Amalie Vangsgaard (26 anos – 29/11/1996; Paris Saint-Germain-FRA), 14-Nicoline Sørensen (25 anos – 15/08/1997; Everton FC-ING), 17-Rikke Madsen (25 anos – 09/08/1997; North Carolina Courage-EUA), 19-Janni Thomsen (23 anos – 16/02/2000; Vålerenga-NOR), 21-Mille Gejl (23 anos – 23/09/1999; North Carolina Courage-EUA);
Atacante: 10-Pernille Harder (30 anos – 15/11/1992; Bayern de Munique-ALE), 20-Signe Bruun (25
anos – 06/04/1998; Real Madrid-ESP).
Lista
de Suplentes: Não Divulgada.
Ausências Notáveis: Stine Larsen (AT – BK Häcken-SUE; lesão no ligamento cruzado anterior do joelho direito sofrida em Abril de 2023), Sara Holmgaard (ZAG/VOL – Everton FC-ING; ausência por lesão sofrida em Junho de 2023), Sofie Junge Pedersen (MC – Juventus FC-ITA; ausência por conta de uma lesão sofrida em Julho de 2023), Nadia Nadim (AT – Racing Louisville-EUA; lesão no ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo sofrida em Setembro de 2022), Katrine Svane (GOL – AGF Aarhus; opção técnica), Emma Færge (LD – HB Køge; opção técnica), Sofie Lundgaard (MC – Liverpool FC-ING; opção técnica), Karoline Olesen (MC - Fortuna Hjørring; opção técnica), Sofie Bredgaard (MA/PD – FC Rosengård-SUE; opção técnica), Cecilie Fløe (AT – HB Køge; opção técnica).
Time-Base:
Lene Christensen; Rikke Sevecke, Stine Ballisager, Simone Boye Sørensen, Katrine Veje; Josefine Hasbo, Karen Holmgaard, Kathrine Kühl; Janni Thomsen, Pernille Harder ©, Amalie Vangsgaard.
A Dinamarca atua preferencialmente no 4-3-3, ainda que o 3-4-3 também tenha sido utilizado com boa frequência durante o ciclo. E o setor que é o mais forte e costuma fazer a diferença à equipe é o esquerdo, seja com uma lateral/ala tendo grande liberdade de avanço ou até mesmo com uma zagueira. Normalmente a polivalente Katrine Veje é a maior alternativa para ocupar esse posto, já que encontra facilidade para trabalhar com a bola nos pés e realiza ultrapassagens das mais interessantes.
Em um esquema que opta por utilizar
três defensoras, é bastante provável que ela vá a campo como essa zagueira pelo
lado canhoto, o que daria a oportunidade para que a talentosa Sofie Svava
atuasse como ala. Acostumada a realizar trabalhos no campo de ataque, a jovem
de 22 anos é, no mínimo, um nome interessante para o decorrer dos jogos. Outra virtude
sua é a qualidade nos lances de bola parada. Um ponto que fortalece ainda mais o lado
esquerdo é a eventual utilização de Pernille Harder nessa zona do campo.
A agora craque do Bayern de Munique
realiza um movimento bastante interessante ao receber o passe estando próxima à
linha lateral e, na maior parte das vezes, optar por esse deslocamento a uma
região mais central do campo. Dessa forma, correndo em diagonal com a bola
dominada, a capitã das dinamarquesas tem campo aberto para progredir e torna-se
capaz de encontrar um passe em profundidade às costas da linha de defesa
adversária (buscando a atacante) ou uma inversão total de jogo para o setor
direito, acionando a ala ou a ponta que cai ali.
Katrine Veje é uma das apostas da comissão técnica para fortalecer ainda mais o setor esquerdo do campo. Ela que pode executar a função de zagueira ou lateral por esse lado. Foto: Getty Images |
Nesse momento, Harder é praticamente uma armadora em um 3-4-1-2 ou 4-3-1-2. Porém, em alguns momentos do ciclo o que se viu foi a sua utilização como atacante central – seja em um 4-3-3 ou no 3-4-3. E, até pelos problemas enfrentados pela Dinamarca nessa reta final de ciclo, é bastante provável que a ex-atleta do Chelsea acabe ocupando esse posto. Isso se torna vantajoso por diminuir a responsabilidade dela no aspecto da marcação e também por deixa-la mais solta pelo campo.
Pela qualidade que possui e o seu
estilo de jogo bastante participativo, não é comum ver a craque nórdica isolada
na frente à espera de uma bola para finalizar. Muito pelo contrário, já que
Harder busca sempre se aproximar das meio campistas para acelerar a distribuição
de bola e leva-la até a intermediária ofensiva em boas condições. Dessa forma, ela
cumpre o papel de uma atacante de mobilidade responsável por gerar espaços para
quem chega de trás como elemento-surpresa. Não é exagero dizer que esse esquema é
montado a dedo para Pernille Harder.
Seja na ponta ou cumprindo móveis
papéis de armação, a talentosa atleta recém-chegada ao Bayern de Munique é a
grande referência do time comandado por Lars Søndergaard. O lado positivo para
a Dinamarca é que os amistosos recentes mostraram uma equipe organizada e muito
competitiva mesmo sem contar com sua lesionada capitã. Por mais que seu talento
seja muito mais alto do que o das companheiras de elenco, a seleção conseguiu manter-se
competitiva sem ela.
Destaquemos agora as companhias de Pernille Harder no setor ofensivo. Quando se trabalha com este cenário de tê-la mais centralizada, é natural que as nórdicas vão a campo com duas atletas que tenham como principal característica o jogo pelos lados. Rikke Madsen, Nicoline Sørensen e Amalie Vangsgaard surgem como as opções mais prováveis, ainda que eventualmente possam ocupar um papel mais central por conta da estatura física e para desencaixar alguma marcação individual.
Vangsgaard chega à Copa do Mundo
após marcar 22 gols em 24 jogos pelo sueco Linköping FC na primeira metade da
temporada. Seus números chamaram a atenção do Paris Saint-Germain, que a
contratou no último mês de Janeiro como uma interessante opção para compor o
elenco. Se trabalhamos com a possibilidade de Harder ser utilizada pelo setor
canhoto do gramado, em sua movimentação como “ponta armadora”, a Dinamarca
contou durante o ciclo com Signe Bruun e Nadia Nadim, utilizadas principalmente
na última Eurocopa.
O problema para a comissão técnica
foi a sequência de lesões para o setor ofensivo. A começar por aquela sofrida
pela própria Nadim no quadrimestre final de 2022. Atacante de boa movimentação e
experiência, ela certamente acrescentaria bastante ao time em matéria de troca
de funções e inteligência para buscar um melhor posicionamento. No final de
Abril, mais um baque. Stine Larsen sofreu séria lesão no joelho enquanto atuava
pelo BK Häcken. Mais tarde, o diagnóstico confirmaria a impossibilidade de a
atacante disputar a Copa.
A jovem Kathrine Kühl é uma das mais promissoras atletas da atualidade e deve iniciar o mundial na equipe titular. Foto: SkySports |
Para aliviar esse sério problema, a Dinamarca foi capaz de mostrar um rejuvenescimento muito interessante do grupo. Jovens muito promissoras passaram a ocupar espaços em zonas de centro de campo e ataque. Uma delas foi Cecilie Fløe, artilheira do campeonato local pelo HB Køge e que receberia chances de integrar o grupo nacional no período pré-mundial. Apesar de ser uma atacante de área em boa fase e capaz de oferecer um estilo físico ao grupo nórdico, a comissão técnica acabaria por não convoca-la.
Quem desponta como a líder técnica
desse movimento é Kathrine Kühl, joia local de 20 anos recém-completados e que
faz parte de um time poderoso como o do Arsenal. Criativa e de muita qualidade
com a bola nos pés, ela cumpre a função de uma meio campista que se aproxima da
área rival e é capaz de encontrar uma companheira mais bem posicionada com um
passe de maior exigência.
Kühl tende a ser favorecida quando
a Dinamarca utiliza o 4-3-3, mas a talentosa jogadora já executou o papel de Pernille
Harder como uma “falsa ponta” em um 3-4-3 no final do ano passado. O único
problema para Kühl é o ritmo de jogo, já que a concorrência no Arsenal naturalmente
é maior e a dinamarquesa ainda não é titular absoluta da equipe. Vale destacar:
a utilização dela ou de Harder pelo lado do campo serve para liberar todo o
corredor esquerdo para a lateral/ala titular. Isso pelo fato de as duas
centralizarem demais seus movimentos.
Sanne Troelsgaard é uma meio campista de qualidade técnica e que adiciona bastante experiência a um setor do campo que vem se renovando de forma intensa no time dinamarquês. Foto: Getty Images |
Outras novatas que receberam chances no conjunto dinamarquês em 2023 foram Josefine Hasbo (criativa e de boa finalização em chutes de média e longa distância) e Emma Snerle (com histórico em seleções nacionais de base e de muitos gols marcados no local Fortuna Hjørring antes de se transferir para o West Ham). As duas agradariam a comissão técnica em treinamentos e jogos, tanto que integram a lista dinamarquesa para a Copa do Mundo.
Outra jogadora ainda em seus
primeiros passos na carreira e que vem chamando a atenção é Sofie Bredgaard. A
meio campista de 21 anos foi eleita a melhor atleta de sua posição na Liga Sueca
e vem crescendo de rendimento ano após ano. O detalhe é que ela pode atuar em
uma região mais central do gramado ou como ponta pelo lado direito. Dessa
forma, e até pela característica de ter na troca de passes um dos principais
trunfos, é normal ver Bredgaard sendo uma meio campista a mais. Bem como
Harder, mas pelo lado inverso.
Entretanto, a consolidação dessa
ideia ficará para uma próxima ocasião. De forma até surpreendente, a atleta não
se manteria no grupo que viajou à Oceania. Foi somente com a lesão de Sofie Junge Pedersen que ela retornou aos planos, ainda que para a lista de suplentes. De qualquer forma, ela, Kühl e Hasbo despontam
como as sucessoras de Sanne Troelsgaard, histórica atleta do país e que atuou
em três Eurocopas. Mesmo aos 34 anos, ela recém encerrou uma temporada
individual de muito destaque enquanto atleta do rebaixado Reading-ING e
disputará sua primeira Copa do Mundo.
Para os difíceis confrontos que a Dinamarca terá dentro do Grupo D, se esperava que Lars Søndergaard optasse por uma equipe mais equilibrada e sólida. Neste caso, com pelo menos uma volante que tenha a marcação como um dos pontos principais. Quem surgia como alternativa era a dupla formada por Sofie Junge Pedersen e Karen Holmgaard. Essa última iniciou o confronto diante da Espanha na última Eurocopa e é uma canhota capaz de ser protagonista quando a seleção tem a bola nos pés. Entretanto, sua parceira Pedersen sentiria um problema médico na semana anterior à abertura e seria cortada.
A já mencionada Josefine Hasbo parece em boas condições de herdar esse posto, até pelo que apresentou em confrontos amistosos recentes. Ainda nesse setor ,vale mencionar que Karen Holmgaard também pode atuar como zagueira,
ainda que sua escalação em uma região mais central contribua justamente para
dar um maior porte físico ao setor e facilite o desarme. Além de valorizar sua importância no momento de posse de bola dinamarquesa.
A irmã dela, Sara Holmgaard, também
é capaz de cumprir essas duas funções e certamente estaria na Copa se não fosse
um problema médico às vésperas da competição. Esse maior resguardo visa
reforçar uma defesa que tem seus problemas. A seleção que enfrenta a Dinamarca
e opta por uma forte pressão em defensoras e volantes pode vencer duelos
cruciais já no campo de ataque. Sem contar os generosos espaços deixados às
costas de laterais/alas, à feição para quem vai buscar criar lances de perigo
especialmente através de contra-ataques.
Muito forte no apoio, Sofie Svava costuma ser escalada como ala-esquerda. Porém, dependendo do adversário e das circunstâncias, ela pode ser utilizada na lateral. Foto: Aziz Karimov |
Menos mal que essas costumam compensar bastante no aspecto ofensivo. Se já mencionamos a força de um setor esquerdo que pode se escalado com Katrine Veje e Sofie Svava, é chegado o momento de falarmos do lado contrário. Lembrando que o aproveitamento de determinadas atletas dependem do esquema adotado pela comissão técnica. Se a Dinamarca vai a campo no 3-4-3, a briga é boa entre Janni Thomsen, Mille Gejl ou Frederikke Thøgersen.
Todas são jogadoras muito ofensivas
e que utilizam com frequência o corredor inteiro do campo até a linha de fundo.
Um ponto que vale a pena ser mencionado é que Thomsen e Gejl operam em posições
mais próximas à área rival desde que surgiram em seus respectivos clubes. Isso,
portanto, facilita uma escolha tática que as solte com frequência ao campo de ataque.
Chamou a atenção a não convocação inicial de Sara Thrige, em condições de disputar a
Copa e que participou de praticamente todo o ciclo. Entretanto, seria ela a escolhida para substituir a lesionada meio campista Sofie Junge Pedersen. Trata-se de mais uma opção ofensiva para a faixa direita do campo, mas que também pode ser lateral.
Pensando nesse 3-4-3, as volantes
permanecem mais fixas em um papel defensivo e as investidas à faixa do campo
rival se dão especialmente com o avançar das alas. E essa combinação com o trio
de ataque costuma ser extremamente interessante, independentemente das
escolhidas para o setor e suas características de jogo. Sem contar que o fato
de contar com atletas capazes de centralizar os movimentos colabora para uma maior
importância das alas, já que essas têm toda a faixa lateral ao seu dispor.
Janni Thomsen é o símbolo da polivalência do time dinamarquês. Ela pode ser meia-direita, ala, ponta ou lateral. Foto: DBU |
Retornando ao 4-3-3, algumas mudanças são muito prováveis nesta linha de defesa. Por mais que Janni Thomsen possa jogar como uma lateral por ali, a tendência é que Lars Søndergaard opte por uma defensora equilibrada e que tenha nos aspectos de marcação seus pontos mais fortes. Na maior parte das vezes, a alternativa atende pelo nome de Rikke Sevecke. Também parte do elenco do Everton, ela é principalmente zagueira.
Porém, até pelo fato de a seleção
contar com boas atletas para o setor, é normal o seu deslocamento para o lado
direito. Essa escolha colabora para que a equipe nórdica tenha atletas de porte
físico privilegiado em seu time titular. Percebe-se que a formação da Dinamarca
varia de acordo com o adversário, e a possibilidade de várias atletas executarem
diferentes funções colabora com as ideias de Lars Søndergaard de ter uma equipe
organizada e que seja capaz de alterar sua formação sem necessariamente ser
modificado em nomes.
Dessa forma, não é fácil prever uma
só equipe-base para toda a competição. Por mais que Sevecke tenha sido
utilizada como lateral, nada impede que as naturalmente ofensivas Janni Thomsen,
Mille Gejl ou Frederikke Thøgersen apareçam na posição com o passar da Copa do
Mundo. Vai depender especialmente do que o adversário apresentar como pontos
fortes e fracos.
Simone Boye Sørensen é uma garantia de segurança no miolo de zaga da Dinamarca. Foto: Diego Souto (Getty Images) |
Para o cento da zaga, a dupla formada por Stine Ballisager e Simone Boye Sørensen desponta como a favorita para ocupar os lugares na equipe titular. Ambas possuem boa experiência em competições internacionais e são capazes de acrescentar muito ao setor defensivo em duelos físicos e também em matéria de posicionamento. O problema é quando elas não contam com uma cobertura adequada e ficam expostas a atletas de velocidade e movimentação.
A outra opção para a posição
durante o ciclo foi a experiente Luna Gevitz, presença confirmada na Copa.
Porém, vale a pena lembrar a possibilidade de a Dinamarca utilizar um trio.
Neste caso, Katrine Veje é a alternativa mais provável para iniciar o jogo. Especialmente
em cenários onde as dinamarquesas precisarão se expor em busca do resultado
(algo que pode ser visto contra a China e muito possivelmente acontecerá diante
do Haiti).
Lembremos: não se pode descartar a
possibilidade de Katrine Veje ser utilizada como essa zagueira de qualidade na
construção com bola no pé e avanços mais frequentes ao ataque, fazendo uma
parceria das mais interessantes com Sofie Svava. Na meta dinamarquesa, Lene
Christensen tem tudo para ser a titular na Copa do Mundo após a boa Eurocopa
que teve. Mesmo assim, as reservas Kathrine Larsen e Maja Bay Østergaard foram
bem quando preciso.
Pernille Harder enfim disputará a sua primeira Copa do Mundo. A capitã é a principal esperança de seu país para apagar a imagem deixada na última Eurocopa. Foto: Getty Images |
Destaque – Pernille Harder
Uma das principais atletas do mundo
pelo que vem apresentando em anos recentes, a capitã jogará em 2023 a sua
primeira edição de Copa. E, ainda que tenha sofrido com um problema de tendão no
final do ano passado que a impediu de atuar até a metade de Abril, Harder ainda
é a principal esperança de uma Dinamarca que almeja avançar (pelo menos) até as
oitavas de final.
Extremamente habilidosa e
inteligente para aproveitar e também gerar espaços para as companheiras, vai
ser difícil vê-la presa em alguma faixa específica do campo. Isso porque, na
equipe nórdica, Harder já foi uma meio campista de posicionamento perto das
volantes, uma armadora atuando no apoio a uma isolada atacante e também atuou
em qualquer função no setor de ataque.
Por vezes, ela realiza boa parte desses papéis dentro da mesma partida. Sem contar que a frequente mudança de esquemas táticos contribui para essa boa movimentação da craque. Seu melhor momento com a camiseta da Dinamarca aconteceu em 2017, quando a atleta guiou a equipe nacional até a decisão contra Países Baixos (derrota por 4x2) e esteve na seleção ideal da competição. Se chegar ao mundial em boa forma, Harder tem tudo para fazer uma grande competição. Ela é a cereja do bolo de um time bem estruturado e organizado.
China
Foto: AFC Media |
O título da Copa da Ásia no ano passado surpreendeu muita gente. Seja pela impressão ruim deixada pela equipe na Olimpíada de Tóquio ou pela alteração no comando técnico e o pouco tempo de trabalho que ela teve antes do pontapé inicial da competição continental. Pois Shui Qingxia superou todas as expectativas criadas e liderou a China a um histórico resultado, com direito a vitória nos pênaltis sobre o favorito Japão e uma virada incrível no confronto diante da Coreia do Sul.
Um dos pontos mais importantes é
que as Rosas de Aço alcançaram o
título mesmo com a craque Wang Shuang sendo novamente afetada por problemas
médicos. Sem dúvida que a China é uma equipe melhor e mais perigosa a partir do
momento em que conta com a sua criativa meio campista, mas é possível a seleção
ser competitiva sem Shuang. Outro grande mérito obtido pela nova comissão
técnica foi reestabelecer a confiança ao time.
Nos confrontos eliminatórios contra
Vietnã, Japão e Coreia do Sul, a China precisou reverter o marcador após sair
em desvantagem e conseguiu manter o aspecto psicológico em ordem na busca por
esses resultados. Essa ideia de acreditar até o fim fortaleceu e deu confiança
para o elenco, que ganha muito com o retorno da zagueira Wu Haiyan (capitã nas
últimas duas Copas do Mundo) e também com a experiência que algumas atletas
passaram a ter em campeonatos nacionais de outros países.
Entretanto, é certo que o nível de
competitividade em um mundial é outro e a comissão técnica não deve ter em
mente querer passar por todas as emoções que passou até alcançar o seu 9º
torneio continental e o primeiro após um hiato de 16 anos. Nos amistosos
recentes, Qingxia promoveu testes em diferentes posições. E algumas atletas
jovens deram conta do recado, dando a entender que podem até mesmo iniciar a
competição no time titular. Casos principalmente de Dou Jiaxing e Chen Qiaozhu,
ambas no setor defensivo.
Ranking da FIFA: 14º Lugar.
Participações Anteriores em Copas do Mundo: 7/8 (1991, 1995, 1999,
2003, 2007, 2015, 2019).
Melhor Campanha: 2º Lugar (1999).
Técnica: Shui Qingxia (水庆霞; desde Novembro de 2021).
Convocação
Goleiras: 1-Zhu Yu (朱钰; 25 anos – 23/07/1997; Shanghai Shengli), 12-Xu Huan (徐欢;
24 anos – 06/03/1999; Jiangsu Wuxi), 22-Pan Hongyan (潘红艳; 18 anos –
30/12/2004; Beijing BG Phoenix);
Laterais: 2-Li Mengwen (李梦雯; 28 anos – 28/03/1995; Paris Saint-Germain-FRA), 15-Chen Qiaozhu (陈巧珠; 23 anos – 08/09/1999; Guangdong Meizhou Hakka), 23-Gao Chen (高晨; 30 anos – 11/08/1992; Changchun Dazhong Zhuoyue);
Zagueiras: 3-Dou Jiaxing (窦加星; 23 anos – 29/02/2000; Jiangsu Wuxi), 4-Wang Linlin (汪琳琳; 22 anos – 04/08/2000; Shanghai Shengli), 5-Wu Haiyan (吴海燕; 30 anos – 26/02/1993; Wuhan Jiangda), 8-Yao Wei (姚伟; 25 anos – 01/09/1997; Wuhan Jiangda);
Volantes/Meio Campistas: 10-Zhang Rui (张睿; 34 anos – 17/01/1989; Wuhan Jiangda), 13-Yang Lina (杨莉娜; 29 anos – 13/04/1994; Levante Las Planas-ESP), 16-Yao Lingwei (姚凌薇; 27 anos – 05/12/1995; Wuhan Jiangda);
Armadoras: 7-Wang Shuang (王 霜; 28 anos – 23/01/1995; Racing Louisville-EUA), 9-Shen Mengyu (沈梦雨; 21 anos – 19/08/2001; Celtic FC-ESC), 14-Lou Jiahui (娄佳惠; 32 anos – 26/05/1991; Wuhan Jiangda);
Meias/Pontas: 6-Zhang Xin (张馨; 31 anos – 23/05/1992; Shanghai Shengli), 17-Wu Chengshu (吴澄舒; 26 anos – 26/08/1996; Canberra United-AUS), 19-Zhang Linyan (张琳艳; 22 anos – 16/01/2001; Grasshopper-SUI), 20-Xiao Yuyi (肖裕仪; 27 anos – 10/01/1996; Shanghai Shengli), 21-Gu Yasha (古雅莎; 32 anos – 28/11/1990; Wuhan Jiangda);
Atacantes: 11-Wang Shanshan (王珊珊; 33 anos –
27/01/1990; Wuhan Jiangda), 18-Tang Jiali (唐佳丽; 28 anos – 16/03/1995; Shanghai Shengli);
Lista
de Suplentes: Não Divulgada.
Ausências Notáveis: Wang Xiaoxue (王晓雪; ZAG – Wuhan Jiangda; lesão no ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo sofrida em Fevereiro de 2023), Yang Qian (杨倩; LE – Shanghai Shengli; lesão no ligamento cruzado do joelho direito sofrida em Maio de 2023), Gao Jingyao (高静遥; GOL – Changchun Dazhong Zhuoyue; opção técnica), Yang Shuhui (杨淑慧; LE – Lokomotiv Moscou-RUS; opção técnica), Liu Yanqiu (刘艳秋; LD/LE – Wuhan Jiangda; opção técnica), Li Jiayue (李佳悦; ZAG – Galatasaray-TUR), Wan Jiayao (万佳瑶; ZAG – Sichuan; opção técnica), Fang Jie (方洁; VOL – Shanghai Shengli; opção técnica), Ou Yiyao (欧懿垚; MA – Jiangsu Wuxi; opção técnica), Zhao Yujie (赵瑜洁; MA/ME – HB Køge-DIN; opção técnica), Li Ying (李影; AT/ME – Chongqing Yongchuan; opção técnica), Li Yanfei (李艳飞; ME/AT – Wuhan Jiangda; opção técnica), Shen Menglu (沈梦露; ME – Celtic FC-ESC; opção técnica), Jin Kun (金坤; MD/AT – Jiangsu Wuxi; opção técnica), Yuan Cong (袁丛; AT – Alhama ElPozo-ESP; opção técnica), Tu Linli (涂琳俪; AT - Keflavík FC-ISL; opção técnica), Shao Ziqin (邵子钦; AT – Jiangsu Wuxi; opção técnica), Wurigumula (乌日古木拉; AT/MD – Changchun Dazhong Zhuoyue; opção técnica).
Time-Base
Zhu Yu; Li Mengwen, Wu Haiyan, Yao Wei, Chen Qiaozhu; Yang Lina, Zhang
Rui; Zhang Xin, Wang Shuang, Zhang Linyan; Wang Shanshan ©.
A China varia bastante entre o 4-2-3-1 e o 4-4-2. E essa mudança tática atende principalmente pelo nome de Wang Shuang. A craque se sente confortável em qualquer faixa do gramado e é facilmente vista ocupando espaços pelo centro ou nos lados esquerdo e direito dentro dos 90 minutos. O grande temor para Shui Qingxia e os torcedores chineses está no aspecto físico da meio campista, que vem convivendo com lesões desde o último ciclo.
Vale a pena mencionar que Shuang acabaria
disputando a Copa do Mundo de quatro anos atrás, mas também sendo vítima de
visíveis problemas médicos que viriam a impedi-la de mostrar todo o seu
potencial. Ainda que sua contribuição tenha sido grande nas primeiras etapas da
Copa da Ásia, as lesões não deixariam a craque em paz para a reta decisiva do
torneio. A principal prova disso é que a China só se mostrou capaz de reverter
o 0x2 na final contra a Coreia do Sul quando a comissão técnica sacou a
meia-atacante de campo.
Para o mundial, as Rosas de Aço poderão contar com Shen Mengyu, de bom rendimento no escocês Celtic e uma grande promessa do futebol local. Ela é quem mais se assemelha a esse posto de armadora, atuando preferencialmente em uma zona central e contribuindo com qualidade técnica e boa chegada à área adversária. Outras atletas utilizadas nesta função em amistosos recentes foram Lou Jiahui e Zhao Yujie. A primeira tem duas Copas no currículo e irá para a terceira. Já a jovem Yujie até teve bons momentos diante da Suécia, mas ficou de fora.
Ter Wang Shuang livre para ocupar diferentes faixas do campo ajuda a craque a encontrar espaços para finalizar ou servir uma companheira mais bem posicionada. Foto: Rajanish Kakade (AP) |
Outro mérito de Shui Qingxia
durante esse pouco tempo de trabalho foi aproveitar atletas do campo de ataque
que vinham rendendo bem no campeonato chinês. Casos especialmente de Zhang
Linyan e Wu Chengshu, de poucas aparições na equipe principal até aquele
momento e que acabariam marcando gols decisivos na campanha do título
continental. Linyan é mais um nome que vem chamando a atenção em anos recentes
e, até pelo nível apresentado no início deste ano, tem tudo para iniciar a Copa
do Mundo no time titular.
A dupla se junta à Xiao Yuyi,
autora do gol do título continental na decisão contra as sul-coreanas. Yuyi
vinha de excelentes temporadas no Wuhan Jiangda e já trabalhou com Shui Qingxia
no Shanghai Shengli, o que faz com que seja bem quista pela comissão técnica. Sua utilização por um dos lados deixaria Wang Shuang mais solta, sendo companhia de outra atacante num 4-4-2. Com
passagem pela liga da Austrália, a atleta pode atuar na esquerda e na direita e se
caracteriza mais propriamente pela habilidade do que pela velocidade.
Caso parecido ao da polivalente Zhang Xin. Essa geralmente é escalada para melhorar a marcação por um dos lados. Porém, no Shanghai Shengli ela já atuou em um posto mais central, aumentando a estatura do setor. Isso deixa a China melhor postada para encaixes individuais de marcação. No final de contas, a comissão técnica deve optar por uma atleta dessas características, sacando do time titular uma jogadora com estilo driblador e mais veloz. De qualquer forma, a experiente Gu Yasha é uma opção interessante para o lado canhoto. Ela que entrou na relação de última hora, já que parecia fora do páreo.
Novidade para o ciclo, Zhang Linyan foi decisiva na conquista da Copa da Ásia e desde então vem acumulando boas atuações com a seleção. Foto: SportsSina |
O centro do ataque conta com Wang Shanshan. A atual artilheira do Wuhan Jiangda herdou a braçadeira de capitã usada até então pela lesionada Wu Haiyan e foi a responsável por erguer o maior troféu conquistado pelas atletas da sua geração. Além dos cinco gols marcados, ela foi destaque no aspecto defensivo. Pelo ótimo posicionamento e a facilidade em lidar com lances aéreos, Shanshan atuou como zagueira no duelo contra nipônicas e coreanas.
Deu certo, ainda que a China
sofresse com a história do “cobertor curto”. Se a defesa estava fortalecida com
a presença de Shanshan, é verdade que o ataque sentia sua falta. A volta de Wu
Haiyan parecia que ia acabar com essa improvisação, mas a grave lesão sofrida
pela titular Wang Xiaoxue e a pouca experiência internacional das reservas
imediatas deixa essa possibilidade de ter Shanshan no miolo de zaga em aberto.
As outras opções testadas para o ataque foram Tang Jiali, Li Ying e Wurigumula. Todas elas atuam no setor de armação, como referência na frente e ponta se for preciso, mas nem Ying e nem Wurigumula fazem parte dos planos da comissão técnica para a Copa do Mundo. De qualquer forma, essa facilidade na troca de posições e lados por parte de Jiali auxilia na imprevisibilidade do ataque chinês. Ela, Linyan e Shuang podem inverter o lados de atuação sem maiores problemas com o passar do tempo se estiverem juntas em campo.
Para um estilo de jogo que seja
baseado em lances aéreos e força física, Shui Qingxia optou durante o ciclo por
convocar novatas como Yuan Cong, Tu Linli e Shao Ziqin. Linli é a que possui
maior rodagem internacional (inclusive obtendo um alto número de gols na
Islândia), enquanto as outras duas chegaram à seleção pelo que construíram em
clubes locais. Porém, essa opção acabou sendo deixada de lado e o trio acima
não consta no grupo de 23 atletas para a Copa do Mundo. A tendência é por um
ataque mais leve.
O centro do campo conta com nomes que
transmitem bastante confiança à comissão técnica. A própria Shui Qingxia,
aliás, atuava na função quando jogadora. Com a camiseta das Rosas de Aço, ela fez parte dos planteis
que disputaram as Copas do Mundo de 1991 e 1995 e também os Jogos Olímpicos de
1996 e 2000. Se pensarmos no meio campo ideal proposto por Qingxia, ele é formado
por Zhang Rui e Yang Lina.
As duas têm força para marcar e também qualidade técnica para momentos onde é recomendável manter a posse de bola ou efetuar inversões de jogo para acelerar a construção dos contra-ataques. Nana esteve no Paris Saint-Germain até o mês de Janeiro, quando se transferiu para o Levante Las Planas em busca de maiores minutos em campo. Além disso, a atleta é mais uma que teve como tutora no Shanghai Shengli a atual técnica chinesa.
Com experiência no futebol da Espanha e da França, Yang Lina é uma meio campista de enorme qualidade em passes curtos e lançamentos. Foto: SportsSina |
Porém, a questão física de ambas em
algum momento da competição pode facilitar a utilização de Yao Lingwei. A atual
meio campista do Wuhan Jiangda chega à Copa do Mundo após temporadas de
bastante destaque em um Jiangsu Wuxi que empilhou conquistas nacionais na reta
final da última década. Lá, ela atuou ao lado de Ma Jun, outro nome a fazer
parte do grupo campeão asiático em 2022.
A dupla adicionava ótimo trabalho
de bola e uma inteligência muito grande para escapar de marcações agressivas.
Entretanto, Jun não faria parte das convocações no atual ano e será ausência no
mundial. Eventualmente, Lingwei pode ser opção para o centro da defesa. A aposta
é por ter uma melhor saída de bola, já que sua estatura física não serve
realmente para tornar a zaga mais sólida em lances aéreos.
A aparição de Yao Lingwei por ali pode acontecer por conta dos vários problemas enfrentados pela comissão técnica para a escolha das zagueiras. Como já fora dito, Wang Xiaoxue está fora da Copa do Mundo por conta de uma grave lesão no joelho. Curiosamente, o mesmo problema acabaria tirando a titularíssima Wu Haiyan dos gramados por quase dois anos. Até pelo tempo longo de ausência, a outrora capitã foi reintegrada aos poucos na equipe nacional.
Na rodada de Fevereiro, ela atuou
45 minutos contra a Suécia. Depois, acabaria perdendo os confrontos diante de
Irlanda e Suíça antes de entrar em campo por somente alguns minutinhos no duelo
contra a Espanha. Durante esse período, as escolhidas para a função foram Wang
Linlin e Dou Jiaxing. Duas jovens com muito potencial, tanto que estiveram
presentes no Mundial Sub-20 de cinco anos atrás.
Porém, as aparições na equipe
nacional foram poucas. Linlin pareceu ter se firmado como uma candidata a
frequentas as listas de convocação somente na metade de 2022, quando fez parte
do elenco que disputou a Copa do Leste da Ásia. Lá, ela foi premiada como a
melhor zagueira da competição. Já Jiaxing é uma zagueira que gosta de ter a
bola nos pés. Além disso, ela já apareceu muito bem em cobranças de falta de
média distância, já que consegue aliar força e precisão nos chutes.
A presença de Jiaxing é uma tentativa de repetir as características de Wang Xiaoxue. A atleta do Wuhan Jiangda deu a volta por cima após uma Olimpíada bastante irregular e seria crucial no título continental obtido pelas asiáticas. A grave lesão veio em um momento de bastante infelicidade, já que a defensora vivia um grande momento individual e parecia uma afirmação na linha defensiva das Rosas de Aço. Além do porte físico privilegiado, Xiaoxue acrescentava muito quando saía do campo defensivo através de passes curtos.
No cenário ideal para Shui Qingxia,
a dupla central teria Wang Xiaoxue e Wu Haiyan, ambas do Wuhan Jiangda. O
início do ano também não foi nada positivo para Li Jiayue, outra defensora afetada
por problemas médicos. Ela despontava como a opção imediata à
dupla acima, mas até por essa pausa acabaria ficando para trás e seria ausência
na convocação decisiva.
Com 32 anos, ela é mais uma atleta
da equipe a já ter sido orientada por Shui Qingxia no Shanghai Shengli. Como já
dito, uma alternativa capaz de aumentar o grau de experiência no setor
defensivo é Wang Shanshan, em função já feita pela atacante durante a última
Copa da Ásia e também em outros momentos da carreira em clubes e seleção
nacional. Yao Wei, coringa e sempre competente quando preciso, foi outro teste
promovido pela comissão técnica no miolo da zaga.
Wei foi uma figura bastante importante na campanha do título asiático, sendo a atleta com o maior número de desarmes em todo o campeonato. Mesmo assim, o estilo apresentado pela lateral-esquerda é o de sair jogando com passes curtos e levar o time adiante quando preciso. A capitã do Wuhan Jiangda já foi zagueira, volante e até líbero no atual tricampeão doméstico. Portanto, não seria surpresa vê-la atuando também em diferentes zonas do campo em algum momento da Copa.
Li Mengwen assumiu a titularidade da lateral-direita nacional com o passar do ciclo e vem de temporada bastante ativa no futebol francês. Foto: IC Photo |
Uma alternativa utilizada na reta final do ciclo para esse posto lateral foi Chen Qiaozhu, veloz e de boas temporadas recentes pelo Guangdong Meizhou Hakka. Suas boas atuações contra Suécia e Suíça a credenciam a receber minutos dentro do mundial. Pelo setor direito, a titularidade é de Li Mengwen, de bom número de jogos pelo Paris Saint-Germain na última temporada e que foi peça fundamental no supercampeão Jiangsu Suning entre os anos de 2019 e 2021.
A opção é Gao Chen, que pode atuar qualquer
lateral e ainda cumpre um papel de distribuição de bola no meio campo quando
necessário. Ambas acrescentam maior equilíbrio à posição do que Lou Jiahui,
meia-atacante de origem e que atuou na linha defensiva sob o comando de Jia
Xiuquan. Liu Yanqiu, histórico nome do Wuhan Jiangda e que também tem
facilidade para atuar pelos dois lados, acabaria ficando de fora da lista
final.
A meta tem tudo para ser um ponto de bastante tranquilidade para a comissão técnica. Quem for a campo já mostrou qualidade debaixo das traves em seus respectivos clubes e também na seleção nacional. Zhu Yu foi uma peça importantíssima na campanha do título asiático e está à frente da também regular Xu Huan. Suas defesas sensacionais nas decisivas partidas diante de Japão e Coreia do Sul fizeram com que ela se tornasse uma certeza na escalação chinesa até o começo deste ano.
Porém, um problema físico a tirou
da data FIFA de Abril e permitiu que Xu Huan recebesse oportunidades. E a
goleira do Jiangsu Wuxi correspondeu, provando que tem qualidade suficiente
para ser a titular caso seja necessário. Essa é uma dor de cabeça bastante
saudável para a comissão técnica. Vale a pena mencionar aqui a ausência de Peng
Shimeng na lista final. A jogadora foi um dos maiores destaques da China no
mundial de quatro anos atrás e venceu títulos nacionais em profusão enquanto
titular do Jiangsu Suning.
Pois hoje Shimeng não figura nem
entre as três escolhidas para o grupo chinês, visto que a maior dúvida de Shui
Qingxia envolvia os nomes de Zhao Lina, Gao Jingyao e Pan Hongyan. A primeira
foi sua goleira durante os tempos de Shanghai Shengli, mas anunciou a
aposentadora em meio a 2023 e sairia do páreo. Jingyao tem quase 1,90cm e
assumiu a meta do tradicional Changchun Dazhong Zhuoyue em torneios recentes,
correspondendo às expectativas.
Já Hongyan tem apenas 18 anos e desponta como uma atleta de muito valor para o futuro do time chinês. No final das contas, melhor para a jovem do Beijing BG Phoenix, afirmada como titular e com um histórico de boas atuações com a camiseta da equipe da capital chinesa desde quando tinha 16. Pelas seleções de base, ela já venceu prêmios individuais por conta do bom rendimento em torneios continentais. Tudo leva a crer que a China não terá problemas nessa posição para o futuro.
Algo possível de se notar neste
ciclo foi a maior presença de atletas chinesas atuando em ligas do exterior. Senão
em grandes clubes, em campeonatos de diferentes estilos técnicos e físicos – e principalmente
dentro do continente Europeu. Do grupo selecionado por Shui Qingxia que irá
disputar a Copa do Mundo, nota-se a presença de jogadoras com passagem por
campeonatos de Austrália, Espanha, França, Estados Unidos e Suíça.
E poderia ser mais, já que nomes
como Yang Shuhui, Li Jiayue, Li Yingrui, Lv Yueyun, Shen Menglu, Zhao Yujie,
Yuan Cong e Tu Linli atuam em diversos campeonatos mundo afora e não integram a
lista final anunciada pela comissão técnica. E vale a pena mencionar que a
própria Shui Qingxia é apoiadora irrestrita dessa ideia, já que os países
possuem diferentes particularidades e podem acrescentar uma bagagem muito
interessante às atletas.
A tendência é que esse intercâmbio continue após a Copa e que em especial as atletas mais jovens acabem saindo do território chinês para adquirir novos conhecimentos do esporte e evoluir desde as fases iniciais de suas carreiras. A presença da histórica Sun Wen num serviço diretivo dentro da Federação Chinesa também influencia nessa troca de experiências, e hoje é possível ver até mesmo técnicos estrangeiros atuando no futebol feminino do país.
Destaque – Wang Shanshan
Por mais que o referencial técnico
das Rosas de Aço seja Wang Shuang, é
a atacante do Wuhan Jiangda quem lidera a equipe. Literalmente, visto que Wang
Shanshan será a capitã chinesa em sua terceira participação individual no
certame. E sua importância na seleção é maior agora do que no ciclo anterior,
seja pela necessidade de liderar um setor ofensivo em pleno processo de
renovação ou por sair de suas características artilheiras para executar um
papel defensivo.
Sua participação na mais recente
Copa da Ásia foi muito acima da média nas duas áreas do campo. Na decisão
contra a Coreia do Sul, Shanshan começou a partida como zagueira e acabou sendo
deslocada da função com o passar dos minutos e o adverso resultado de 0x2.
Tendo a atacante mais próxima do gol coreano e com uma maior participação na
construção dos lances, a China viria a conseguir uma histórica virada de 3x2 e também
seu nono título asiático.
Com direito a participação decisiva
de Wang Shanshan no lance do último gol, acontecido já nos acréscimos e que
contou com uma linda assistência dela para Xiao Yuyi. Ao final do torneio, a
polivalente atleta do Wuhan Jiangda acabaria sendo coroada a melhor atleta da
competição. Repetir isso numa Copa do Mundo é tarefa complicada, mas avançar à
fase decisiva e fazer um bom papel é uma meta alcançável.
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