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Presidente do COI nega “estar do lado errado da história” ao apoiar atletas russos

Presidente do COI, Thomaz Bach, de casaco azul próximo a área de imprensa
Foto: AP Photo/Marco Trovati


O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, segue insistindo que os esportes devem respeitar os direitos humanos de todos os atletas, e negou neste domingo (12) que a organização estava do lado errado da história ao ajudar russos e belarrussos a se classificarem para os Jogos de Paris de 2024.

 

Bach e o COI enfrentaram uma reação generalizada da Ucrânia e de seus aliados, incluindo comentários dirigidos a ele pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, desde que abriram caminho no mês passado para alguns atletas da Rússia e de Belarus retornarem às competições internacionais, apesar da guerra travada por seus países.

 

Questionado no domingo no campeonato mundial de esqui alpino se o COI poderia estar do lado errado da história, Bach rejeitou a sugestão. “Não, a história vai mostrar quem está fazendo mais pela paz. Os que tentam manter as linhas abertas, para se comunicar, ou os que querem isolar ou dividir. Mostramos isso no passado com grande sucesso no movimento olímpico. Nosso papel é aproximar as pessoas”, disse Bach, apontando os exemplos das Coreias, Palestina e Kosovo.

 

Bach falou com a mídia internacional antes do downhill masculino, a principal corrida em um esporte do qual russos e belarrussos foram excluídos desde o início da guerra em fevereiro passado. Ivan Kovbasnyuk foi o único esquiador ucraniano a participar. Ele disse no início do campeonato que nenhum russo deveria ser permitido em Paris.

 

O cometário de Kovbasnyuk ecoa comentários de medalhistas olímpicos ucranianos, incluindo o boxeador Wladimir Klitschko, a saltadora Yaroslava Mahuchikh e a tenista Elina Svitolina. “A Rússia está matando meu povo. A situação não é boa para o Comitê Olímpico”, disse o esquiador.

 

Bach falou no domingo sobre seu apoio a “todo atleta ucraniano. Podemos, do ponto de vista humano, entender suas reações, compartilhamos seu sofrimento. Todo atleta ucraniano pode ter certeza de que estamos em total solidariedade com eles e que todos os seus comentários são levados muito, muito a sério”, disse ele.

 

O COI citou conselhos de especialistas em direitos humanos das Nações Unidas de que banir atletas com base em seus passaportes seria discriminação. Cabe lembrar que a Alemanha e o Japão não foram convidados para as Olimpíadas de Londres de 1948, depois de terem sido os agressores na Segunda Guerra Mundial, e a África do Sul foi excluída dos jogos entre 1964-1988, por causa de suas leis racistas do Apartheid.

 

“O compromisso do COI com os direitos humanos, como as federações esportivas internacionais, é claro que deve abordar essas sérias preocupações”, disse Bach no domingo, acrescentando que os esportes olímpicos têm uma “missão unificadora de unir as pessoas” em meio a outras guerras em todo o mundo.

 

Os líderes olímpicos abriram um caminho para os atletas da Rússia e de Belarus que não apoiaram ativamente a guerra para tentar se classificar e competir como “atletas neutros” sem identidade nacional, como uniformes, bandeiras e hinos. Os órgãos reguladores de cada esporte olímpico devem decidir se e como os atletas podem competir.

 

No entanto, o presidente ucraniano Zelenskyy disse em uma cúpula de autoridades esportivas de 36 países na sexta-feira (10) que os atletas russos “não têm lugar” em Paris enquanto a invasão da Ucrânia continuar. A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, que visitou Kyiv na semana passada, também disse que os atletas russos e belarrussos deveriam ser impedidos de participar das Olimpíadas em sua cidade, se a guerra ainda estiver acontecendo até lá.

 

Questionado no domingo sobre o recente convite de Zelenskyy a Bach em um discurso noturno em vídeo para visitar Bakhmut na linha de frente da luta, o presidente do COI disse: "Vi um tweet, mas não há discussões em andamento".


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