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Breaking: das ruas para os pódios. Uma conversa com Luan San e Toquinha, destaques do Brasil que querem Paris

 

Á esquerda, Toquinha e à direita, Luan (Foto: Divulgação Time Petrobrás)

A expectativa para a estreia do breaking nos Jogos Olímpicos é gigante. Pela primeira vez nos Jogos de Verão, a dança terá uma modalidade própria. A arte, que já está presente na ginástica artística e rítmica, vai apresentar sua face urbana em Paris-2024.

O esporte entrou no programa como um pedido do país-sede. Desde a edição de Tóquio-2020, as sedes tem a oportunidade de pedirem a inclusão de algumas modalidades e a capital francesa pediu surfe, skate, escalada e o inédito breaking.

A modalidade tem um enorme grupo de fãs, tem seus Campeonatos Mundiais e o grande apoio da empresa Red Bull. Para os Jogos, a responsabilidade ficou com a WDSF (World Dance Sports Federation). Toda a competição do breaking será realizada entre 9 e 10 de agosto, na Place de La Concorde. 

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Em um ano classificatório, o B-boy Luan e a B-Girl Toquinha estão se preparando para conseguirem a vaga e fazer bonito nos Jogos Pan-Americanos, no Mundial e ano que vem, em Paris. Os dois atletas do Time Petrobrás conversaram com o Surto Olímpico sobre o esporte, Paris-2024 e o cenário da modalidade para os Jogos.

Confira a entrevista:

Surto: Qual a expectativa de vocês para este ciclo?

Luan e Toquinha: Assim, a nossa expectativa é a melhor, porque a gente tá treinando bastante para poder representar o Brasil muito bem e a gente já sabe o que fazer. A gente treina para isso, tem um foco de chegar lá e buscar a medalha pro nosso país. Então, a gente é bem focado assim nos treinos para poder dar esse resultado. Então, eu me sinto ansiosa por um momento, porém não nervosa porque missão dada é missão cumprida. Então a gente só vai chegar lá e buscar nossa medalha.

Tudo depende do ranqueamento. A gente já leva isso aí como nosso estilo de vida, treina muito para isso há muitos anos já e busca cada vez mais preparado mesmo, para qualquer coisa que venha a aparecer. Então para nós vai ser mais uma outra competição. Porém uma competição dessa vez no âmbito olímpico, que a gente tá indo para buscar (a medalha) mesmo. Mas é isso, tudo tem um ranqueamento, existem várias competições ainda que a gente vai ter que competir para nós pontuarmos.

Surto: A estreia do skate trouxe bastante visibilidade para o esporte e também para o contexto social da modalidade. Acham que vai acontecer o mesmo com o breaking?

L: Sim, com certeza. Como já estava aqui imaginando faz tempo e o breaking, ele já tá sendo muito conhecido dentro do âmbito olímpico antes de entrar nas Olimpíadas. Então tá tendo uma repercussão grande assim já dentro do cenário. Eu tenho certeza que quando chegar o dia nos Jogos, vai transformar o ponto de vista de muitas pessoas que não tiveram oportunidade de conhecer realmente o que é a modalidade. É uma coisa que ele já vem estruturada, mas agora no movimento olímpico, vai estourar.

T: Tinha muita marginalização por ser uma cultura urbana e tal, aí depois que entrou, acredito que abriu muitas portas e também abriu a mente das pessoas para não ficar restrito ao estereótipo. Mas respeitar também como atletas olímpicos, né? 

L: Até mesmo porque, se você prestar atenção, o breaking já é conhecido mundialmente. Eu mesmo já viajei mais mais de 30 países representando o Brasil. Os competidores que vão estar nas Olimpíadas, são os mesmos que estavam nas competições culturais.

Surto: Luan, você já viajou por mais de 30 países e foi um dos primeiros grandes destaques do breaking. Você já via a entrada da modalidade nas Olimpíadas como possível?

L: A gente sempre pensou já, sobre essa possibilidade. Porque a gente imaginava."Você já pensou se um dia o  nível começa a se separar? Com divisões como o futebol". O breaking é uma cultura urbana. Então você participa do campeonato aqui em São Paulo e uma pessoa que dança há um ano pode batalhar contra uma pessoa que dança 20 anos porque é é livre é público, né?

Em 2019, teve uma pré-estreia dos Jogos Olímpicos na China e o Brasil, não tinha ainda confederação ainda. E então, o pessoal da organização me convidou para o evento, fui lá  e não tinha nenhum suporte aqui ainda. Quando eu cheguei lá, percebi que era um evento olímpico, com formato com sistema de julgamento, tudo mais e falei "Nossa!", já tá acontecendo. E em 2021 teve outro evento, já como esporte olímpico e acabei ficando em quarto lugar.

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Surto: Toquinha, você participa de várias competições inclusive como jurada. Isso te ajuda na hora de competir?

T:Quem manda na música na batalha é o DJ. A gente nunca sabe o que vai tocar, pode tocar um forró e nós vamos ter que dançar break em cima do Forró e não existe  olhar para um DJ e pedir para mudar, tem que dançar o que ele escolher. Pode colocar um Funk, um Jazz, um Rap, tem que dançar de qualquer jeito. A gente nunca sabe qual vai ser a música.

Nem quando a gente é jurado e nem quando a gente é competidor a gente nunca sabe, tem que dançar no freestyle. Às vezes toca uma música que eu nunca escutei, mas eu vou ter que dançar do mesmo jeito.

Surto: Na ginástica, quando falamos das coreografias, se fala de usar algo mais brasileiro. No breaking isso também acontece? Vocês que são de São Paulo, teriam algo mais paulista?

L:Eu acho que o breaking é um estilo de vida, então, quanto mais você transferir aquela energia da sua vida real para sua dança, mais você vai ter sua característica. Então é isso que eu falo para galera, né? Não é porque eu sou brasileiro que eu vou ficar fazendo capoeira, quando tiver dançando break. Eu transfiro toda a minha realidade, tudo o que eu vivo na minha dança. Expresso a minha realidade dentro da minha dança, a galera me conhece por eu ter um estilo meio agressivo quando eu estou dançando, talvez pode ser porque em moro numa quebrada vivo ali com a galera da comunidade.

T: Eu comecei na capoeira e depois fui conhecer o breaking. Consigo fazer capoeira, dançar funk, mas eu não saio do breaking. Quando você dança, você conta sua história.

Surto: Quem são os principais adversários do Brasil em Paris?

Eu acho que tá todo mundo buscando a medalha. Mas que os adversários são Estados Unidos, Japão, França e Canadá.

São pessoas muito talentosas e de alto nível também, mas isso não é uma uma dificuldade, porque o breaking também é um momento, né? Então quem tiver mesmo no melhor momento ali deve se sair melhror.

Surto: Como vocês acham que o breaking vai chegar e sair dos Jogos?

T: Eu acredito que em 2024, o breaking, vai deixar todo mundo de cara. Será um esporte que vai estar lado a lado assim com o futebol, vai ganhar o mundo. 

Quando a gente participa de campeonatos transmitidos na televisão, todo mundo assiste lá onde eu moro. Perguntam onde vai passar, que dia e que horas, porque já estão interessados, já querem começar a praticar.

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