Em 28 de julho de 2012, Sarah Menezes entrava no tatame para disputar sua segunda Olimpíada aos 22 anos. Quatro anos antes em Pequim, Sarah ficava na primeira luta para Eva Csernoviczki (HUN) e agora em Londres, ela queria acrescentar mais um capítulo em sua história olímpica.
Surte+ Brasil, 100 anos olímpicos - Londres 2012
E ela vinha credenciada para pelo menos brigar pelo pódio, após um ciclo com um título mundial júnior e dois bronzes em mundiais, todos pela categoria até 48kg. E ela mostrou sua força já no primeiro confronto, contra a vietnamita Ngoc Tu Van, que mesmo com o nervosismo da estreia, venceu por 2 yukôs. Na segunda luta, um confronto difícil contra a francesa Laetitia Payet, que só foi decidido nos segundos finais, com um yukô a favor da brasileira.
Nas quartas de final, um confronto contra a chinesa Shungen Wu, que foi considerado pela própria Sarah, em entrevista ao site Rede do esporte, como o mais difícil da caminhada: “Ali era a minha final. Era uma atleta muito rápida, muito forte e perigosa. Eu já tinha ganhado e perdido também, mas era uma atleta de quem eu tinha receio, que eu achava muito perigosa. Foi uma luta bem dura, teve muitas faltas e pontos, parecia uma luta de cão e gato. Quando eu ganhei dela, eu respirei porque a minha chave estava andando e a minha semifinal seria com a belga” explicou.
Na semifinal, Sarah enfrentou a belga Charline Van Snick, 'uma freguesa' da brasileira e a freguesia se manteve, já que Sarah venceu por um yukô e foi para a grande decisão, a primeira brasileira em uma final olímpica no judô e a segunda medalha do dia garantida, já que Felipe Kitadai (60kg) já tinha conquistado o bronze.
E feliz por ter chegado à final e ter garantido a medalha de prata, Sarah Menezes levou 'bronca' do coordenador técnico da seleção de judô na época, Ney Wilson Silva, dizendo para a piauiense que ainda não tinha acabado e manter a concentração para a última luta, que poderia lhe dar o ouro.
O ouro poderia vir, mas não seria fácil, já que Sarah enfrentaria na decisão a atual campeã olímpica em Pequim 2008, Alina Dimitru (ROU). O lado positivo era que Sarah desde a derrota para a romena nas quartas de final do mundial em 2009, ela tinha um retrospecto positivo contra a atleta, que estava sentindo dores no braço direito, e ia para a luta no sacrifício:
"O objetivo era dominar a mão direita dela. As regras eram diferentes, eu ia com as duas mãos e tirava a pegada também com as duas mãos. No momento que ela me dominou, eu consegui fazer o golpe, foi quando dei o primeiro ponto" narrou Sarah, que após conseguir um yukô no minuto final e ver a romena sentindo dores no braço direito, viu que o ouro estava perto:
“Eu já acreditei que era campeã naquele momento. Quando você entra em um tatame com uma atleta forte e ela dá o primeiro ponto, é muito difícil o outro virar, ainda mais em final olímpica.Quando está faltando pouco tempo e o outro está na vantagem, você entra em desespero e acaba errando”
E foi o que aconteceu: Alina se desesperou, foi para tudo ou nada e errou, dando a chance de Sarah sacramentar a vitória com um Wazari: "Continuei trabalhando no chão, fiquei ganhando tempo, tentando braço, pescoço, mexendo, fiz tudo. Foi quando acabou o tempo" Disse Sarah, que ainda no chão gritou e explodiu de alegria pela medalha inédita.
A primeira medalha de ouro olímpico de uma judoca brasileira foi marcante, já que na época, apenas Aurélio Miguel e Rogério Sampaio tinham alcançado o feito. Sarah colocou o Brasil no mapa do judô feminino e ela sabia da importância de seu feito:
“Eu consegui quebrar um jejum de muitos anos e a gente conseguiu aumentar a história do Brasil no judô feminino porque a primeira medalha foi da Ketleyn (Quadros), em Pequim, que abriu as portas (a brasiliense levou o bronze em 2008). Em seguida veio a minha de ouro e o bronze da Mayra (Aguiar, também em Londres). A gente ficou muito feliz porque foram muitos anos de batalha. A gente não tinha espaço, o judô feminino não tinha nome ainda. Passou a ter depois dos Jogos Olímpicos de Londres” analisou Sarah antes dos Jogos olímpicos do Rio de Janeiro.
Declarações de Sarah Menezes dadas ao site rededoesporte.gov.br
fotos: Alaor Filho/AGIF/COB
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