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O Outro Lado da Muralha: A Vida de Xi Jinping





14 anos após sediar a Olimpíada de Verão, Beijing será responsável por receber a 24ª edição dos Jogos Olímpicos de Inverno. O que é histórico, já que a capital chinesa será a primeira cidade do mundo a receber as duas competições.

Dando continuidade à apresentação do território chinês, responsável por sediar os Jogos Olímpicos de Inverno em 2022, é hora de falarmos sobre o líder do governo nacional e uma das personalidades mais discutidas e analisadas em todo o mundo. Xi Jinping, atualmente com 68 anos, é o chefe de estado do país desde o começo de 2013, quando se tornou presidente da China comunista.

Como visto no texto anterior, um detalhe importante é que Jinping é o primeiro secretário-geral do Partido a ter nascido já no regime em que o Partido Comunista Chinês era o dominante no território nacional. Vale lembrar que a República Popular da China foi estabelecida, sob a égide de Mao, em 1949. Quatro anos antes, portanto, do nascimento do atual governante chinês. O que não significa, porém, que sua trajetória ficou alheia ao país que buscava novos ares após um período complicado.


Logicamente que Xi Jinping nasceu em meio ao fervilhar de um país que ainda tentava se recuperar de décadas anteriores, onde teve parte de seu território invadido por nações estrangeiras e passou também por uma longa e sangrenta guerra civil. Ele é filho do já falecido Xi Zhongxun, político bastante influente durante o período de guerrilhas e também peça importante no nascedouro da nova China, ocupando cargos de relevância durante o período.



Membro do Partido Comunista, Zhongxun participou ativamente de atividades relacionadas ao Departamento de Propaganda antes de passar algo em torno de dez anos no pomposo cargo de 1º Secretário-Geral do Conselho de Estado. Esse momento durou até 1965, quando o país estava prestes a começar o movimento conhecido como Revolução Cultural. Nesta violenta fase do período Mao, ele acabaria sendo perseguido e preso acusado de “movimento contrarrevolucionário”.

Xi Jinping, embora criança, conscientemente viu sua família deixar um ofício de alto escalão do Partido na capital Beijing para uma vida menos glamorosa em fábricas localizadas em Luoyang (província de Henan). Mas isso duraria pouco, já que seu pai mais tarde seria realocado para Guangzhou, onde seria nome importante nos processos de abertura da região ao capital estrangeiro, no princípio da era Deng Xiaoping, além de ter ocupado cargos políticos durante o período.


A partir do momento em que o pai fora perseguido, Xi Jinping foi viver na área rural de Shanxi com outras crianças. A ideia que imperava naquele período da história chinesa era enviar jovens que tinham uma vida até certo ponto abastada ao campo para que esses aprendessem os ideais da revolução (principalmente o valor do trabalho duro) com os camponeses. Lembre-se que a zona rural representava para a revolução chinesa o que o operariado de fábricas significava para demais países comunistas (ou em busca de revolução) mundo afora.



Jinping fez parte deste grupo por sete anos para logo depois ingressar na faculdade de Engenharia Química na capital Beijing. Além desta qualificação, ele possui também doutorado em Ciência Política. O governante passaria por diferentes províncias chinesas (como Hebei, Fujian e Zhejiang) desde a década de 80, sempre crescendo dentro do regime. Em 2008, Xi Jinping foi alçado ao posto de vice-presidente da república, cargo que ocupou até Março de 2013. Já nesse período ele era tratado como uma das pessoas de maior influência do mundo.

Um ano antes, o governante havia assumido os cargos de 11º Secretário Geral do Partido e também fora eleito ao cargo de Presidente da Comissão Militar Central, tornando o apontamento de Jinping como Presidente da China em Março de 2013 uma mera formalidade. Desde então, ele passou por momentos turbulentos dentro do próprio território. Isso inclui administrar frequentes ataques terroristas na região de Xinjiang no biênio 2013/2014 e a pandemia da COVID-19, detectada inicialmente em Wuhan no final de 2019.


Problemas sensíveis envolvendo as relações do país com os vizinhos Taiwan e Hong Kong também geraram (e continuam gerando) material para análises e previsões para um futuro próximo. A própria postura do país em relação às agressões feitas mudou drasticamente em tempos recentes, já que o Partido optou por uma linha mais combativa. Deixou-se de lado, portanto, a ideia de tão somente receber o que era dito por veículos de imprensa e governantes internacionais.



Outro problema que Xi Jinping encara é a frequente acusação de falta de direitos humanos dentro da China. Episódios como os supostos campos de concentração na mesma Xinjiang e também à falta de punição a um membro do Partido Comunista no caso de abuso sexual exposto pela tenista Peng Shuai são recentes e serviram para manchar a imagem do país ao mundo. A censura seria um ponto em alta com o atual chefe de estado em comparação ao período Hu Jintao.

Obviamente, o crescimento frequente da economia chinesa aumenta as rusgas com os Estados Unidos, país hegemônico na geopolítica mundial em décadas recentes. É notória a expansão da China nos últimos anos, com o país deixando de exercer sua influência somente no território da Ásia e buscando novos países para parcerias. Especialmente o continente africano vem recebendo investimento, com os chineses buscando manter as relações de forma bilateral – optando por não manter um ar de superioridade durante as negociações.


Isso fica evidente no boicote diplomático confirmado por norte-americanos e também aliados de diferentes pontos do mundo aos Jogos Olímpicos de Inverno na capital chinesa, Beijing. A alegação feita pelo grupo (que conta também com Austrália, Canadá e Reino Unido) é o frequente noticiário denunciando crimes humanitários cometidos pelo país oriental dentro do seu próprio território. Assim, esses quatro países não mandarão representantes políticos ao evento, ainda que os atletas estejam liberados para competir se assim desejarem.



Por outro lado, foi durante o seu mandato que a China alcançou marcas expressivas. Por exemplo: a erradicação total da pobreza dentro do seu território. Um investimento maciço na área dos esportes também pode ser notado durante a sua gestão, principalmente com uma visão mais fortalecida ao futebol. Ainda que fosse uma modalidade bem quista dentro do país, era mais comum ver um acompanhamento maior ao que acontecia fora da China do que dentro.

Fotos: SCMP (2,3), Xinhua (1,4,5)


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