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O Outro Lado da Muralha: A China Comunista (Parte II)






14 anos após sediar a Olimpíada de Verão, Beijing será responsável por receber a 24ª edição dos Jogos Olímpicos de Inverno. O que é histórico, já que a capital chinesa será a primeira cidade do mundo a receber as duas competições.

Dando continuidade à apresentação do território chinês, responsável por sediar os Jogos Olímpicos de Inverno em 2022, é hora de continuarmos nossa breve passagem pelo país e contar o que de mais importante aconteceu de 1976 (ano da morte de Mao Tsé-tung, líder do Partido Comunista e fundador da República Popular em 1949) até o presente momento, com o país prestes a sediar outro grande evento internacional.

O final do escrito anterior deixa bem claro que a China não queria mais saber de ser mera obediente no cenário global. Mesmo em um mundo tomado pela Guerra Fria e tão somente duas superpotências, era lógico que o país tinha seus próprios interesses. O tamanho de seu território e também a população em grande número eram trunfos para um maior crescimento local e também ambições distintas àquelas das forças dominantes no globo.



A aproximação com os Estados Unidos havia se iniciado ainda com Mao em vida e ganharia mais força com o passar dos anos. Deng Xiaoping, o líder da nação após a morte do Grande Timoneiro, chegou até mesmo a visitar o outrora rival país a fim de fortalecer os laços de cooperação entre as duas nações. Ao mesmo tempo, a China acompanhava a queda da antiga parceria União Soviética enquanto potência.

É importante dizer que não houve ruptura de acordo com pensamentos do partido. O desenvolvimento nacional já estava ocorrendo durante o período Mao, especialmente na primeira década dos comunistas. De forma mais lenta e com todas as dificuldades estruturais e tecnológicas que o país teria naquele momento, lógico. Porém, planos estabelecidos pelas lideranças partidárias já mencionavam pouco tempo após 1949 uma ideia de China em pleno estágio de crescimento em distintas áreas.

O que aconteceu foi uma tentativa da nova chefia do Partido de abandonar os exageros que foram crescendo especialmente na década de 60, com o fracasso do Grande Salto Adiante, a consequente queda da confiança dos chineses em Mao e a instauração da Revolução Cultural. Tanto que Deng Xiaoping somente assumiu o comando central do país após superar a chamada Camarilha dos Quatro, grupo próximo a Mao e que, dizia-se, era o responsável pelos brutais episódios vividos dentro da China no período 1966/1976.




De certa forma, Deng Xiaoping aliviou vigilância e guia do Partido sobre cada minuto da vida dos habitantes. Assim, pequenos comerciantes foram surgindo em diferentes pontos país e a produção agrícola, agora bem mais estruturada, passou a receber uma atenção maior do núcleo comunista. Esse foi um dos pontos de mudança da estrutura econômica local, que passou a ser chamada pelo próprio partido como “Socialismo com Características Chinesas”.



Uma maior abertura foi implantada em diferentes pontos do país. Um bom exemplo disse é o que aconteceu em Shenzhen, provavelmente a ZEE (zona econômica especial) que mais recebeu reconhecimento e também investimento de diferentes partes do mundo. Esse foi um ponto da China que serviu como teste para novas formas de se guiar processos econômicos no país e ficaria marcado negativamente pela mão de obra barata e a consequente precarização do trabalho com o passar do tempo.

Fato é que a China passava do estágio rural e começava a aspirar voos maiores. Industrialmente, o país foi se desenvolvendo e também passou a chamar a atenção de muitos trabalhadores rurais, que viam nas cidades em desenvolvimento uma possibilidade de vida mais confortável. Esse êxodo do campo foi bem administrado pelo governo, que evitou a formação de favelas nos arredores das grandes cidades. Ao mesmo tempo, a pobreza vinha diminuindo consideravelmente dentro do território chinês.


Porém, haveria o contraponto. Uma menor influência do partido em tudo que gerava a vida do cidadão abriu caminho para manifestações sobre os rumos tomados pela nação. A mais famosa aconteceu em 1989, quando a Praça da Paz Celestial foi invadida por cidadãos chineses insatisfeitos com o processo como as coisas aconteciam no país. Após a abertura econômica, alguns deles clamavam também por uma abertura política, com a realização de eleições e também uma maior liberdade para expressar seus pensamentos.

Aquele era o primeiro momento onde Deng (e o Partido Comunista como um todo) foi realmente confrontado desde o movimento proposto por Mao em 1956 que tinha em mente ouvir desapontamentos e críticas sobre o processo revolucionário. Nesse passado momento, optou-se por utilizar a força. E as coisas não seriam diferentes em 1989, com novas mortes acontecendo. Há de se destacar que também soldados foram mortos dias antes da resposta dada pelo governo.

Jiang Zemin era o nomeado presidente desde 1993 mas somente assumiria o posto de líder nacional em 1997, com a morte de Deng Xiaoping. Zemin deu continuidade às reformas propostas pelo Partido e a China levaria adiante seu processo de crescimento e desenvolvimento. Melhorar a economia nacional e também buscar combater os ideais corruptos dentro do próprio partido seriam dois pontos marcantes da sua passagem. Ele seria seguido por Hu Jintao, que assumiu o país em 2003.








Foi durante este período que os negócios envolvendo o país asiático e o Brasil cresceram consideravelmente, com a aproximação entre o então presidente e também Lula, eleito como o representante do povo brasileiro e que assumiria o posto máximo no mesmo ano. Ambos os países estreitariam suas relações com o passar do tempo e fariam parte o que ficou conhecido como BRICS, bloco formado por nações emergentes em desenvolvimento. Em 2009, ainda durante o período Hu Jintao, a China se tornaria o maior parceiro econômico do Brasil.

Até hoje as duas nações possuem ligações comerciais importantes, com o país sul-americano mantendo os chineses como seus principais parceiros econômicos. Hu Jintao permaneceria no cargo até 2013, quando seria substituído por Xi Jinping. O primeiro líder nacional a de fato não ter participado de guerrilhas e, consequentemente da fundação da República Popular da China, sob a égide do Partido Comunista, em 1949. Xi nasceria somente quatro anos mais tarde, já com o país sob a liderança de Mao.

Fotos: Getty Images (2), China Daily (3,4), Embaixada Brasileira (5).


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