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Jogando como uma menina: conheça a golfista Bella Simões, bicampeã mundial infantil


O Brasil tem uma bicampeã mundial de golfe infantil. Com apenas oito anos, seis deles dedicados à modalidade, a brasiliense Bella Simões vem colecionando troféus nas últimas temporadas, ao mesmo tempo em que representa o país em um esporte não tão popular por aqui.

Entre o início, com tacos de plástico no Clube de Golfe de Brasília, até o título mais recente, no último domingo (10), pelo PGA Golf Club Invitational 2021, Bella descobriu o amor pela modalidade e o desejo de ter uma vida voltada à prática deste esporte.

Eu quero ser golfista. Igual a Nelly Korda, a atual número 1 do mundo e campeã olímpica. Eu gosto de jogar, estar no campo, competir. Fazer os drives (tacada inicial para cada buraco). Encontrar minhas amigas e fazer novos amigos.


Bella disputou seu primeiro torneio aos cinco anos e não parou mais. Depois de uma série de eventos no Brasil, a menina, incentivada e acompanhada pelos pais, Rodrigo e Adriana Simões, foi para os Estados Unidos, onde está construindo sua história.

Logo no seu primeiro Campeonato Mundial, jogado em 2019, ela ficou no top-25. “Aí em 2020 ela já estava jogando bem pra caramba e venceu o Mundial. Esse ano repetiu o feito, então em três campeonatos desse porte, ela ganhou dois”, contou o pai de Bella, enquanto a garota sorria para a câmera durante a entrevista, mostrando orgulho das conquistas.

Bella e seus dois troféus de Campeonatos Mundiais de golfe. Foto: Acervo da família
“Eu fico orgulhosa por ver que as pessoas me conhecem pelo golfe. Eu sempre dou o meu melhor em todos os treinos”, disse Bella, ainda lhe faltando palavras para concluir a frase, demonstrando a normal timidez de uma criança. “Penso que tenho que treinar bastante e ter atitude”, concluiu a menina.

Mas se engana quem acha que Bella simplesmente deixou de ser criança. Entre os treinos diários de quatro horas e os estudos online, a menina explica que se diverte brincando de pega-pega e pique-esconde com as crianças do clube de golfe, gosta de assistir uma série infantil chamada Nicky, Ricky, Dicky & Dawn, sua favorita, além de cantar e dançar em casa.

“Ela está me beliscando pra eu não contar, mas na verdade a Bella dá vários shows aqui. Canta, dança, fica super empolgada. Precisa ver, até as músicas da Amy Winehouse ela canta”, brinca Rodrigo. Mas ao ser perguntada sobre sua cantora favorita, Bella é direta. “Eu gosto da Ariana Grande”.

Durante a entrevista, ao fundo da câmera, surge a mãe de Bella, Adriana Simões, para explicar a rotina regrada da filha. “A gente evita dela ficar muito tempo mexendo no celular ou assistindo muita televisão, porque atrapalha na concentração dela. Ela está muito focada em dar conta da escola e do golfe direitinho, sabe? Então nos finais de semana a gente deixa ela ver mais tv e ficar mais no celular”.

Bella treinando suas tacadas antes de mais um campeonato nos Estados Unidos. Foto: Acervo da família
Apesar da pouca idade, Bella teve uma rápida adaptação nos Estados Unidos. Seus pais fizeram um pequeno planejamento para viabilizar a participação em torneios estadunidenses, reconhecidos por serem os de maior nível técnico.

“Ela precisava ter uma sequência maior de campeonatos, algo que ainda falta no Brasil, para as crianças. Então no ano passado decidimos vir para cá (Boca Raton, Flórida), assim, ainda seria possível fazer uma avaliação do trabalho que está sendo feito, ver como as outras crianças estão jogando e saber se a Bella estava conseguindo acompanhar esse desenvolvimento. Entre idas e vindas por causa da pandemia, no último mês decidimos ficar de vez por aqui, para conseguir manter essa rotina toda”, relatou Rodrigo.

Os estudos online e a vida de “mini atleta”

Adaptada aos estudos online durante o período do auge da pandemia no Brasil, Bella foi matriculada numa escola 100% digital nos Estados Unidos, o que facilitaria ainda mais no dia a dia. De acordo com seu pai, os resultados apresentados pela menina, que agora está na 3ª série, foram surpreendentes.

“Tem vez que estamos indo para algum torneio e ela vai conectada na aula, fazendo os exercícios dela e tem dado super certo. E com o idioma, bom, ela sempre competiu aqui, teve muito contato, fez muitas amizades. Hoje, diria que ela já está fluente em inglês. Ela até saiu das aulas do ESL (uso do inglês por falantes de diferentes línguas nativas)”, ressaltou o pai de Bella.

Antes de ir morar nos Estados Unidos, Bella teve contato com outros esportes e atividades artísticas. “No Brasil eu fazia balé, fiz um pouco de circo, natação e até judô”, contou, impressionada com a quantidade de coisas. “E depois eu ia para o golfe ainda, acredita?”, completou a menina, que ainda não se aventurou em outras experiências na nova casa.

Treino de tacadas do banco de areia. Foto: Acervo da família
O golfe está tão inserido na vida de Bella, que influencia até mesmo em artes, sua matéria favorita na escola online. “Eu gosto de inglês e matemática. Mas artes, nossa, eu amo artes. Eu gosto muito de desenhar pessoas, flores, paisagens, campos de golfe. Eu faço muitos campos de golfe”, frisou a menina, dando risada.

Mas como todos sabemos, o esporte não é feito só de vitórias, principalmente dentro do golfe, uma modalidade que requer muita concentração, precisão, além de força psicológica e emocional para lidar com momentos de pressão. E Bella sabe bem disso. No entanto, a jovem demonstra superar bem alguns momentos de frustração.

Quando não tenho um bom desempenho em um torneio, fico sentindo que poderia ter feito melhor, sabe? Mas já logo penso que no próximo campeonato minha atitude pode ser melhor. Penso que tudo pode ser melhor da próxima vez.


O contato com ídolos do esporte

Os títulos de Bella garantiram reconhecimento e status dentro da comunidade internacional do golfe, mesmo tratando-se de uma criança. E isso proporcionou vivências especiais a ela, que pôde ter contato com ícones deste esporte, como Lexi Thompson, 13ª colocada no ranking mundial e campeã do ANA Inspiration em 2014, além de Jessica Korda, 19ª no ranking e representante dos Estados Unidos nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 (irmã de Nelly).

“A Lexi Thompson é a minha golfista favorita. Uma vez fui em um torneio do LPGA e aí eu recebi um abraço dela. Durante seu treino, eu estava próxima, logo atrás né. E ela virou, me viu e disse para eu continuar ali, porque estava dando sorte”, contou Bella, encantada em relembrar o momento.

Ainda durante o assunto, a mãe da menina chegou com dois bonés lotados de autógrafos das jogadoras do LPGA Tour. Empolgada, Bella não hesitou, pegou os dois acessórios e os aproximou da câmera para mostrar, orgulhosa por suas ‘relíquias’.

Foto: Acervo da família
“Imagina, pai, eu jogando no campo do US Open um dia”, disse Bella, com muita animação. E assim a jovem golfista vai lidando com as responsabilidades de ser uma ‘mini atleta’, ainda tentando viver como uma criança de oito anos, sonhadora e divertida.

Foto: Acervo da família

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