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Surto em Tóquio #22 - um dia em Kashima, a cidade de Zico


A quinta-feira foi marcada pela minha primeira cobertura in loco dos Jogos Olímpicos, os jogos de futebol em Kashima. Escolhi ir para a cidade porque era uma das três únicas províncias que liberariam público. Porém, na semana passada, foi decidido que apenas jovens de uma escola local iriam, o que gerou uma grande controvérsia.

De qualquer maneira, era uma viagem de 2 horas entre Tóquio e Kashima que já estava agendada e pensei que faria sentido ir, pois não haveria nenhum evento em Tóquio e seria uma boa chance de ver como outra cidade respirava os Jogos. Em 2016 eu morava em São Paulo e lembro que pelo menos durante os jogos de futebol, existia algo parecido com um clima olímpico - ou de copa do mundo.

Nada disso aconteceu em Kashima.

Às 12h em ponto eu embarquei num ônibus ao lado de vários jornalistas e fotógrafos da Romênia e Coreia do Sul rumo à província de Ibaraki para acompanhar os jogos entre Coreia do Sul e Nova Zelândia e Honduras e Romênia, válidos pelo grupo B do futebol masculino. Em duas horas, chegamos ao Estádio de Kashima.

A estátua na frente não deixa mentir: Zico recebe os visitantes e torcedores do Kashima Antlers, assim como as pegadas imortalizadas por Jorginho, Leonardo e outros brasileiros. O clube mantém um forte laço com o Brasil, em geral é lar de muitos jogadores brasileiros e Zico ainda trabalha em Kashima como diretor técnico. Foi nas ruas de Kashima que Zico orgulhosamente carregou a tocha olímpica.

Foi nestas mesmas ruas, também, que parecia ignorar silenciosamente o grande evento que começava. Ao encontrar um casal de peruanos que morava no Japão há 20 anos, em frente a estátua de Zico, eles pareciam desconfiados de encontrar alguém de fora ali. 


A comunidade brasileira se faz ver na cidade. Bem ao lado do estádio, existe o Restaurante Berimbau. Até cogitei ir lá almoçar, mas Ricardo, o dono, amavelmente me disse que o restaurante está funcionando apenas por reservas e delivery, devido ao aumento no contágio de casos de covid-19 na província de Ibaraki. O centro de mídia contava apenas com uns cup noodles sem graça e a ideia que isso seria minha única refeição por 24 horas foi meio demais. Ele até poderia me preparar uma refeição emergencial, mas não precisava.

Aproveitei as duas horas até o início do jogo para andar pela cidade, que é bem pequena. Com menos de 70 mil habitantes, sendo quase um terço deles acima de 65 anos, a fama de ser uma cidade pacata fez juz. Uma leitora viu meus stories e se solidarizou, mas eu até que me diverti andando pelas ruas vazias até que achei um super mercado alimentício, com muita comida gostosa e fiz a festa. 

Curiosamente foi a primeira vez que eu vi a comida japonesa que conhecemos tipicamente no Brasil. Olha que eu não sou muito fã, mas aqui eu adorei. Aproveitei a ida ao mercado para comprar muita coisa que eu não tinha comprado ainda, de produtos alimentícios de primeira necessidade (chocolate!) a xampu e sabonete. Agora não preciso ir mais num supermercado até o fim dos jogos.

De volta ao estádio, cheguei correndo para o início de Coreia do Sul e Nova Zelândia. Sobre o jogo e o seguinte (Romênia e Honduras), você pode ler tudo aqui. Por aqui eu acrescento que foi um desafio para mim porque pela primeira vez desde meus tempos de plantões de fim de semana redação na Folha da Manhã - jornal de Campos dos Goytacazes - em 2006 eu não cobria um jogo de futebol. Definitivamente não é meu esporte favorito, mas curti. E na coletiva de imprensa, acabei fazendo boas perguntas, o que meio que salvou a parte em inglês, já que foi dominada pelos coreanos e romenos em perguntas nos próprios idiomas.

Na volta, um pequeno drama. A coletiva acabou às 22h30 mas o ônibus de volta para Tóquio só passaria de volta às 2h. Até aí tudo bem, até que me falaram que o busão passaria… "talvez". A funcionária bem legal ficou encantada com meu cordão cheio de pins - posso mostrar depois - e puxou papo, mas o pânico falou muito alto. Os funcionários são todos muito solícitos e sempre nos ajudaram, mas a incerteza que teria o ônibus era bizarra. Foram 24h que rolaram muitos perrengues com amigos, que o meu de perto é sussa, mas fiquei com medo de ser um dia específico ruim para todos hehehe Mas 1h40, lá veio o aviso que o ônibus estava nos esperando. 


Desta vez eu e dois jornalistas de Honduras embarcamos e chegamos a Tóquio por volta das 4h. Eu só consegui chegar em casa às 6h da manhã… e 9h precisava estar no Parque do Tiro com Arco para acompanhar a Ana Marcelle dos Santos. Queria muito ter visto o masculino à tarde, mas foi necessário dormir um pouco… e quero estar na final masculina tanto por ele quanto pelo o que pode ser a medalha inédita do Bangladesh. Quem sabe a final não será entre Ruman Shana e Marcus D'Almeida?

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