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Estrela da Tóquio 2020, Abe mostra serenidade e confiança em mais três ouros olímpicos no judô

Abe hifumi buddokan japão


DIRETO DO NIPPON BUDOKAN, EM TÓQUIO

O judô japonês está em festa, e com razão. Até esta segunda-feira (26) foram quatro ouros, uma prata e um bronze, em seis provas disputadas nos Jogos Olímpicos de 2020. A chance desse número dobrar na Olimpíada de Tóquio é enorme. E os irmãos Abe contribuíram bastante para isso. "Realizamos dois sonhos num dia", disse Hifumi, sobre o ouro conquistado por ele e por sua irmã Uta.

Na manhã (brasileira) de domingo, enquanto Daniel Cargnin continuava a escrita do Brasil medalhar no judô desde 1984, os olhos dos japoneses estavam atentos ao templo sagrado do Budokan por outro motivo: os irmãos Abe estavam prestes a fazer história. Ambos duas vezes campeões mundiais, Hifumi no 66kg masculino e Uta no 52kg feminino, buscavam seu espaço no Olimpo.

Judoca Abe hifumi comemora abe uta nos Jogos Olímpicos
Bastidores de Hifumi comemorando a vitória de Uta antes de entrar no tatami (Foto: IJF)
A mídia japonesa, é claro, explorou ao máximo, a história dos dois jovens irmãos - ele tem 23, ela tem 21 - que poderiam ganhar o ouro no mesmo dia. Isso já havia acontecido no Mundial de Baku, em 2018, mas no ano seguinte, também em Tóquio, Hifumi perdeu na semifinal para Maruyama Juhiro. Para delírio dos voluntários, que aplaudiram muito, os dois levaram o ouro neste domingo (25). 

Uta foi a primeira a levar o ouro e na saída do tatami recebeu um forte abraço do irmão que lutaria em seguida. Na coletiva de imprensa, Hifumi declarou que "estava assistindo ela. Eu tinha certeza que ela ganharia a medalha de ouro e me daria sorte. Imagino que ela tenha me passado toda sua boa energia".


Apesar de ser mais nova, foi Uta que começou a ter um bom desempenho ainda no ensino médio e isso motivou os dois a "sonhar com a medalha de ouro. Foi minha ambição e perspectiva ganhar o ouro", de acordo com a tradução ao português disponível durante a coletiva de imprensa. Nos Jogos Olímpicos, as respostas em geral são dadas nas línguas maternas, salvo algumas exceções quando os entrevistados falam em inglês.

O Surto Olímpico perguntou como foi lidar com a pressão de levar o ouro, seja pela exposição nos últimos meses quanto pelo nervosismo do domingo. Foi a única pergunta em inglês para Hifumi em meio a um auditório lotado de jornalistas japoneses e alguns brasileiros, acompanhando Daniel Cargnin.


Senti que tinha a pressão de ganhar a medalha e ao mesmo tempo eu estava determinado e percebi que deveria estar concentrado e focado no meu estilo de jogo. Eu sentia uma pressão mas nada que poderia me atrapalhar.


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O que mais impressiona em Hifumi é seu olhar plácido em meio a declarações impactantes, como sua meta de ganhar quatro ouros consecutivos. Apesar de ser jovem, ele já se enxerga como um mentor da nova geração nos próximos jogos. "Espero liderar nos melhorar a minha técnica para que eu possa ser o melhor dos judocas. E difundir o meu estilo do judô"

Apesar de a pandemia de coronavírus ter atingido o mundo sem ele ter sua vaga olímpica garantida, Abe acredita que o adiamento de 12 meses o ajudou. Neste período, ele pode trabalhar em seu estilo de jogo e sua mente. "Os meus adversários estão conscientes diante da minha tática, e eu aproveitei essa oportunidade", contou o judoca que como vários outros japoneses, se poupou do Mundial de 2021. 

Abe Uta e Abe Hifumi irmãos japoneses ouro olímpico
Irmãos japoneses comemoram dia mágico no Budokan (Foto: Kyodo)
O que mais impressiona ao olhar estrangeiro é que os irmãos Abe apesar de dominarem com tranquilidade os adversários internacionais, possuem grandes rivais japoneses. A número 1 do mundo na categoria 52kg é a atual campeã mundial Shishime Ai, mas Uta, número 3, já tinha sua vaga assegurada há muito tempo.

Já nos 66kg, Abe é apenas o 5° melhor do ranking da IJF, enquanto Maruyama é o 2° e venceu os dois últimos campeonatos mundiais. Abe disputou apenas o Grand Slam de Antalya (2021) e Dusseldorf (2020) nos dois últimos anos, vencendo ambos nos últimos dois anos. No Mundial de 2019, Maruyama passou por Abe na semi e parecia ser o favorito.

Foi a única categoria que a Federação Japonesa de Judô não escolheu por critério técnico, organizando um combate em forma de seletiva em dezembro de 2020. Mais de 400 mil pessoas assistiram a luta ao vivo, que se estendeu por 24 minutos épicos.



Daí que a mídia japonesa perguntou bastante sobre esse momento difícil da carreira de Abe, em que ele parecia estar perdendo a vaga. "Tive dificuldade, porém, aprendi com meu erros. Nada do que eu passei pode ser um desperdício, já que os esforços anteriores me ajudaram a ganhar a medalha de ouro e estar calmo e me dedicar 100% ao meu estilo de judô e ganhar a medalha de ouro".

"Me lembro que no ano passado tive diversos desafios para alcançar a classificação. E essa classificação foi difícil e sem essa experiência não teria estado aqui e levado o ouro. E nesse sentido, aqui eu represento Maruyama também".
Abe hifume judoca japones chora
Abe Hifumi libera as emoções ao vencer o ouro (Foto: Reuters / Hannah Mckay)
Falando em serenidade, ele ainda explicou que sempre teve um comportamento tranquilo e tenta estar concentrado totalmente naquilo que quer conquistar e esse é o seu segredo por parecer sempre tão calmo. 

"De alguma maneira essa tranquilidade é mostrar minha gratidão. Eu agradeci a organização dos Jogos Olímpicos e a todos que contribuíram para o exitoso evento. Apesar da situação atual, ainda assim é um grande orgulho organizarmos os Jogos de Tóquio", declarou antes de passar um recado para a população japonesa

Estejam certos que todos os procedimentos contra covid-19 estão sendo implementados e fiquem tranquilos que estamos tomando o máximo de cuidado.

Foto: IJF

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