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Entrevista: derrota doída não tira confiança de Nathalie Moellhausen, que foca em Paris 2024

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*DIRETO DE TÓQUIO - Makuhari Messe Hall

Sempre soubemos que a espada feminina era uma das mais imprevisíveis de se prever na esgrima olímpica. Não à toa, e apesar do título mundial em 2019, sabíamos que a medalha de Nathalie Moellhausen nos Jogos Olímpicos de Tóquio seria bem difícil. Porém, com um azar no sorteio, a brasileira pegou logo de cara a bicampeã mundial Rossella Fiamingo. O que não imaginávamos é o quão doída seria a sua derrota nesta manhã de sábado no Japão (24). 

Visivelmente abatida após o jogo, Nathalie conversou longamente com a imprensa brasileira e italiana presente na zona mista, revelando uma característica importante de sua personalidade que já havíamos destacado em um momento oposto, o do título mundial: sua resiliência e confiança nos muitos percursos que a vida oferece. "Apesar de eu estar muito triste, o tempo certamente vai ser me dar uma explicação para tudo isso", acredita Moellhausen.

Essa derrota não tira nada dos meus projetos, pelo contrário. Espero continuar fazer tudo aquilo que eu estou fazendo, com força, porque não adianta deixar se derrotar pela derrota. A vida continua.

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Ela garante que o placar desfavorável no início (3-0) não teve impacto no resultado final. "Eu não acho que foi tão fundamental, porque os primeiros toques foram como acontecia geralmente nos nossos confrontos. Ela perdeu o controle do jogo por conta das mudanças que eu efetuei depois do segundo ponto. Depois eu ativei as novas estratégias e funcionaram. Eu realmente acreditei até no último toque".

Foi uma tática que ela estava treinando arduamente por dois meses, mas ficou no quase. Ela revelou que pensou em todas as possibilidades de como o confronto fosse se desenrolar, incluindo que fosse começar na desvantagem e terminar no toque dourado. Depois da única vitória diante de Fiamingo, num longínquo campeonato europeu de 2011, haviam sido quatro vitórias tranquilas da italiana, antes do sexto confronto deste sábado.

Segundo a brasileira, "Ela fez muitos erros, eu consegui fazer um jogo com ela que eu nunca fiz. Se eu tenho que encontrar um conforto, pelo menos é esse. Tendo um pouco mais de segurança ao final no que eu tava fazendo teria permitido em avançar, abrir essa porta".

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Moellhausen revelou que tirará um tempo de descanso, mas que isso não afeta em nada seus projetos, inclusive com foco em Paris 2024. "Com certeza não gostei desta derrota. Realmente tenho muita vontade de expressar todo o trabalho gigante que fiz, porque realmente estava me sentindo super bem. Cortar agora… é uma pena, porque as sensações são muito boas. Acho que a vida é dia a dia. Vou me planejar agora, mas sempre deixo que a vida me leve onde deva ir. Veremos. Com certeza, gostaria de trazer mais medalha para o Brasil".

O próximo torneio da elite da espada feminina é a Copa do Mundo de Tallin, Estônia, entre 19 e 20 de novembro e a brasileira Nathalie Moellhausen é a atual número 4 do mundo mundial. Sobre o sorteio, ela reafirmou que não foca em coisas que não pode controlar. "Eu perdi por um toque na Copa do Mundo de Kazan nas oitavas. Se tivesse vencido poderia seguir top2 e não cruzar com ela, mas não posso pensar nessa forma. Tanto isso quanto o sorteio foi por esse caminho, então tem alguma coisa aí que preciso entender", refletiu.

Ela ainda acredita que poderá tirar lições da derrota e de toda a experiência para continuar crescendo não só pessoalmente, mas também na sua esgrima. "Acho que o esporte é uma coisa e a experiência de vida é outra e a gente passa através de situações na vida, de adversários, de relações, de derrotas, que chegam na nossa vida por uma situação muito específicla que ajuda a gente a evoluir".

Fotos: Miriam Jeske/COB

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