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Entenda o que é entorse, lesão da levantadora Macris, e qual o tratamento indicado

Na última quinta feira, a seleção feminina de vôlei conquistou vitória importante sobre o Japão nos Jogos Olímpicos de Tóquio, mas a sensação é de que o saldo final foi bastante negativo. Uma de suas principais peças, a levantadora titular Macris, sofreu uma violenta lesão no tornozelo ao aterrissar de um bloqueio e precisou ser carregada para fora de quadra, abandonando o ginásio em uma cadeira de rodas.


Desde então, são muitas as especulações nas redes sociais sobre o estado físico da levantadora, enquanto a CBV e o COB mantém os torcedores no escuro. A única informação divulgada oficialmente pela confederação é a de que a levantadora sofreu uma entorse. Para entender, de fato, o que caracteriza uma entorse e como é feito o tratamento desse tipo de lesão, o Surto Olímpico ouviu Barbara Roch, fisioterapeuta do esporte formada pela UFMG. É importante deixar claro, porém, que essa matéria é feita sobre lesões de mesma natureza da sofrida pela atleta, em caráter explicativo, e não sobre o caso clínico específico da levantadora.


Em primeiro lugar, segundo a fisioterapeuta, é preciso entender que uma entorse pode englobar diferentes tipos de lesão que possuem graus distintos de gravidade. "Uma entorse de tornozelo é o movimento de virar o pé de forma abrupta. Ela pode acontecer tanto para dentro quanto para fora e isso pode envolver gravidades diferentes, pois cada um lesiona estruturas diferentes." explicou. 


Também é essencial entender que uma entorse não necessariamente envolve o rompimento do ligamento, ainda que essa chance exista. "Pode ser um estiramento, por exemplo, que vai causar a ruptura de somente algumas fibras do ligamento. Tudo isso vai dizer sobre a gravidade e o prognóstico, ou seja, da evolução e reabilitação desse tornozelo para a prática do esporte." Completou a fisioterapeuta.


No caso de Macris, não foram divulgados - oficialmente, por meio da CBV - detalhes da gravidade da lesão e nem se houve, de fato, rompimento total ou parcial de ligamento. Todos esses fatores, em conjunto, são determinantes para que sejam dadas perspectivas reais das chances de retorno da levantadora do Itambé/Minas às quadras ainda neste torneio olímpico. Para Barbara, essas estimativas são complexas de serem feitas. 


"A possibilidade de retorno depende de vários fatores, mas a primeira coisa que fazemos é avaliar a atleta de forma completa. Sei que (na CBV) eles trabalham com equipe multidisciplinar que pode contar com uma avaliação com fisioterapeuta, com médicos e até psicólogos. Uma lesão desse nível pode ter um impacto forte na mente dos atletas." explicou. 


O conjunto desses exames é que vai determinar o curso de tratamento. "O que importa é pensar sobre a funcionalidade do tornozelo, que no caso de uma atleta de vôlei, é a capacidade de andar, correr e saltar sem dores e riscos.", afirma Babi sobre o ponto de partida para planejar um tratamento desse tipo de trauma.


Uma questão que pode acalmar o torcedor brasileiro é o fato de que a CBV e os Jogos Olímpicos possuem recursos extensos para trabalhar a recuperação de atletas lesionados. Então, esse pode ser um fator decisivo para entender a possibilidade de retorno ágil, ainda que esse não seja o foco em um tratamento fisioterapêutico. 


"Considerando todo o corpo de profissionais e recurso da Olimpíada é possível pensar em retorno, mas tudo depende da funcionalidade. Por exemplo, é preciso responder algumas perguntas: o que essa atleta está conseguindo fazer com o membro lesionado? Está sentindo dor? É possível entrar em momentos decisivos e sair? Tudo é avaliado de uma forma multidisciplinar dentro de uma seleção".



"Eu não me arrisco a falar sobre possibilidade de retorno porque eu desconheço esses fatores, Tudo depende, também, dos prazos, dos próximos jogos e do quanto aquela jogadora é essencial dentro de quadra. A equipe médica, junto com o treinador, pode decidir se prefere poupar em um dia para tentar acionar no outro, por exemplo. São muitas variáveis para chegar em uma tomada de decisão."


É claro que, para pensarmos em retorno, primeiro é preciso pensar em tratamento. Também questionamos sobre qual é, normalmente, um tratamento para entorse e como é avaliada a evolução e resposta a ele. A especialista afirma que para o tratamento da entorse existem vários protocolos amplamente aceitos dentro da comunidade cientifica e que, também, trazem bons resultados clínicos. Nesse tipo de lesão, os primeiros momentos são cruciais.


"O que é feito no primeiro momento que a entorse acontece é muito importante, mas o protocolo de tratamento depende, mais uma vez, da avaliação completa. O recomendado é, primeiramente, verificar se há fratura associada, fazer o controle de dor e edema (com gelo, faixa compressiva, etc.) e, a partir daí, avaliar o atleta diariamente para retornar aos pouco para as atividades. Quanto mais grave for a lesão, mais dor, mais edema e mais tempo é preciso para fazer esse controle. Em lesões mais leves, um atleta pode, até mesmo, em um dia voltar às suas atividades com o mínimo de dor.", explica a fisioterapeuta. É preciso agir com cautela, pois um retorno precipitado pode causar lesões e dores crônicas que podem prejudicar a carreira de um atleta no longo prazo.

"A questão é focar na funcionalidade e no risco: entender o que o atleta consegue fazer com o mínimo de dor sem ter um comprometimento do tecido para agravar a lesão no futuro.", completa.


Que nossa atleta de recupere da melhor forma possível!


Fotos: Divulgação/FIVB

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