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Quase na mesma boa forma física, ginasta Caio Souza treina novos elementos


Caio Souza treinou do jeito que deu durante o período de isolamento na casa de sua família, em Volta Redonda: acompanhou os treinamentos virtuais coordenados pela CBG, construiu alguns aparelhos caseiros. Como é do tipo que não gosta de ficar parado, aproveitou até para fazer grafiato nas paredes, fabricar máscaras e a capinar o mato do jardim. Quem já pegou numa enxada sabe que é um exercício dos mais exigentes. Fato é que, ao fim e ao cabo, com todos os esforços somados, quando o treinador Ricardo Yokoyama deparou com a forma física do ginasta, ficou aliviado.

“Fiquei bem surpreendido, e positivamente. Vendo o Caio dentro daqueles quadradinhos do Zoom, não dava para ter uma noção exata. Tínhamos uma ideia de que ele não voltaria tão bem assim. Fisicamente, pude constatar que estava muito melhor do que eu imaginava”.

Segundo Ricardo, em duas semanas de treino em Sangalhos, Caio recuperou toda a coordenação e a noção espacial, que saíram um pouco do prumo devido à distância dos aparelhos. “Não diria que o Caio está 100% hoje, mas já chegou aos 80% de sua melhor condição, o que é muito satisfatório”.

Campeão dos Jogos Pan-Americanos de Lima no individual geral, Caio vivia excelente momento na carreira. Preparava-se para disputar um importante evento, o tradicional DTB-Pokal, em Stuttgart, previsto para os dias 21 e 22 de março, quando a pandemia dissolveu o calendário.

Refeito em grande parte graças aos esforços domiciliares, Caio agora pode mirar mais alto. “Acredito que cheguei da melhor forma possível aqui (em Sangalhos, sede do CT Time Brasil, utilizado durante a Missão Europa). A volta aos treinos foi bem mais tranquila do que poderia ser, se não tivéssemos feito o trabalho em casa. E hoje já estou numa forma física muito superior, graças aos treinamentos aqui em Portugal”, diz o ginasta fluminense.

Tratando de pensar positivamente, Caio festeja a oportunidade de trabalhar com mais calma. “A gente ainda está em evolução. Como não temos nenhuma competição prevista no calendário, aproveitamos para melhorar os elementos que já fazíamos e começar a trabalhar movimentos novos. Estamos também começando a pensar em possíveis opções de séries. Os treinamentos estão caminhando, mas de uma forma mais progressiva”, diz o atleta. “Não me recordo de outra época com tanto tempo para trabalhar. Quando voltamos das férias, no início do ano, já temos competição logo em seguida. E aí temos que correr com tudo. Nisso, o tempo para pensar em lapidação fica escasso. Como se abriu essa janela de tempo agora, estamos aproveitando para melhorar o que pode ser melhorado e aprender coisas novas”.

Caio é um generalista, como prova seu desempenho no all-around em Lima. Mas isso está longe de significar que ele não tenha suas chances de brilhar em aparelhos específicos – isso ocorreu no Mundial do Catar, em 2018, quando alcançou lugar na final do salto sobre a mesa – foi o oitavo colocado. “Compito nos seis aparelhos, mas é claro que sempre temos nossas preferências. Gosto muito de treinar paralela e barra. Por incrível que pareça, não era muito fã de salto. Mas de uns tempos para cá estou me adaptando melhor a eles. Isso está me fazendo gostar mais de treiná-los”.

Caio aproveita a sintonia que tem com Ricardo para identificar os detalhes que vão aprimorar. “Essa parte é muito boa. Todo mundo ganhou um ano pra poder treinar coisas novas e melhorar o que estava sendo feito. Isso está sendo bastante proveitoso. Melhorar um décimo aqui e outro ali faz toda a diferença na competição individual geral. Claro que é muito bom também melhorar as notas de partida para, quando chegar aos Jogos Olímpicos, poder competir contra os melhores. Estamos treinando movimentos novos sim, pra colocar nas séries, mas ainda estão em processo de aprendizado”.

Caio, que tem hoje 26 anos de idade, começou a treinar com Ricardo aos dez, quando trocou o Flamengo por um clube em São Paulo, a AABB, no bairro de Santo Amaro. “Ter cumplicidade com nossa equipe multidisciplinar faz toda a diferença. Como o Ricardo me conhece há muitos anos, fica muito mais fácil. Ele sabe o dia em que estou bem, sabe quando estou mal, quando pode me forçar um pouco mais no treino. Às vezes ele me segura, às vezes estou errando muito e ele me incentiva a ir com calma. Isso é muito importante e gratificante”.

Nesses anos todos, Caio se fortaleceu bastante, e os sonhos se agigantaram também. “Minha determinação continua a mesma. Os sonhos que eu tinha, quando mais novo, eram menores, mais palpáveis: ser campeão brasileiro, participar de uma Seleção...Hoje os meus sonhos são bem mais elevados, mas o exercício de sonhar é o mesmo desde os tempos de garoto. É preciso ter dedicação, compromisso, foco, vontade. Isso é o que permanece naquele Caio de 2004, quando comecei na AABB”, diz o dono de dois ouros e uma prata do Pan de Lima, hoje ginasta da ADC São Bernardo.

Foto: CBG/Ricardo Bufolin

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