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Primeiro ouro do Brasil em provas de pista do Atletismo completa 36 anos


Na tarde abafada do dia 6 de agosto de 1984, exatamente às 16:51, na pista do Memorial Coliseum de Los Angeles, o brasiliense Joaquim Cruz entrou para a história. Aos 21 anos, o atleta nascido em Taguatinga conquistou a medalha de ouro na prova dos 800 m nos Jogos Olímpicos de 1984 – há exatos 36 anos. Derrotou o então recordista mundial, o britânico Sebastian Coe, que ficou com a prata, e estabeleceu o recorde da competição, com 1:43.00.

Medalha de bronze na primeira edição do Campeonato Mundial, realizado em Helsinque, na Finlândia, em 1983, Joaquim, nascido a 12 de março de 1963, entrou na Olimpíada como um dos favoritos. Venceu as eliminatórias e a semifinal. Ganhou a final com sobra. Comemorou com uma pequena bandeira brasileira na pista, depois de abraçar o técnico Luiz Alberto de Oliveira, o seu segundo pai.

“Quando cruzei a linha de chegada, eu falei para mim mesmo: ‘Obrigado, meu Deus’. Depois fui pegar a bandeira que estava com o síndico do meu prédio na curva de largada dos 1.500 m. Decidi dividir aquele momento com o povo brasileiro”, lembrou o campeão olímpico, caçula de seis irmãos, que havia mudado em 1981 para os Estados Unidos, a convite do norte-americano Bob Taylent. Foi treinar na Universidade Brigham Young, na cidade de Provo, em Utah.

Ele ganhou a oportunidade de Taylent, que conheceu numa clínica de basquete em Brasília. A mudança foi possível também porque no Troféu Brasil de Atletismo de 1981, no Estádio Célio de Barros, no Rio de Janeiro, Joaquim bateu o recorde mundial juvenil (sub-20) dos 800 m, com 1:44.3, na cronometragem manual. O recorde vigorou por 16 anos.

Nos Estados Unidos, logo que chegou, passou por uma cirurgia para corrigir uma diferença de tamanho das pernas (a direita era dois centímetros mais curta do que a esquerda). Além do ouro em Los Angeles e do bronze em Helsinque, ganhou prata nos Jogos de Seul-1988, também nos 800 m. Tem dois ouros em Jogos Pan-Americanos – Indianápolis-1987 e Mar Del Plata-1995 – ambos nos 1.500 m. Em 1996, em Atlanta, foi o porta-bandeira do Brasil na cerimônia de abertura. Parou de competir em 1997.

Filho de um marceneiro que deixou a cidade de Corrente, no Piauí, para ajudar a construir Brasília, em 1960, Joaquim gostava de jogar basquete na infância, mas foi convencido a praticar atletismo pelo professor Luiz Alberto de Oliveira, seu único treinador em toda a carreira. No início era resistente à ideia, mas depois que começou a obter bons resultados e a viajar resolveu apostar nas corridas. Para sorte do Brasil.

Até hoje, 36 anos depois, ainda é o único brasileiro a ter uma medalha de ouro nas provas de pista. Em agosto ainda de 1984, ele venceu o Meeting Internacional de Colônia, na Alemanha, com 1:41.77, ficando a quatro centésimos do recorde mundial da época de Sebastian Coe. A marca é ainda recorde brasileiro e sul-americano dos 800 m.

Treinador da equipe de atletismo paralímpica dos Estados Unidos, Joaquim mora em San Diego, na Califórnia, com a mulher Mary Ellingson. Tem dois filhos: Kevin e Paulo. Ele é formado em línguas românicas pela Universidade de Oregon, em 1988, e em educação física na Point Loma Nazarene College (San Diego).

Foto: Agência Corbes/Seattle e Sonho - Conquista/COB

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