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'Preparação para Tóquio depende da volta à normalidade', diz diretor do CPB


Ninguém sabe ao certo quando a vacina contra a Covid-19 estará pronta e acessível para que o mundo volte ao seu eixo normal. Desta forma, qualquer planejamento para os próximos meses passa por tal expectativa. E assim também é com a preparação da delegação que defenderá o Brasil nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, em 2021. Chefe da missão brasileira no Japão e diretor técnico do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Alberto Martins explicou como tem sido organizar o paradesporto de alto rendimento em meio a tantas incertezas.

"Toda nossa preparação vai depender de quando retornaremos a uma realidade mais próxima da normalidade. Será que em janeiro estaremos prontos? Ou fevereiro, março? Temos discutido muito no departamento de alta performance com o departamento de ciência", disse o professor, em uma entrevista a Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV).

"Hoje, a ciência e as comissões técnica estão se reinventando. Reinventando a periodização, os treinamentos. A psicologia, reinventando a abordagem para a preparação mental. Eu, como chefe de delegação, não posso pensar só nas modalidades CPB. Por isso será muito importante nossa conversa com os diretores técnicos das demais confederações e modalidades. A ideia é termos uma proposta de trabalho de cada", completou o dirigente.

Graças a um rígido protocolo de higienização elaborado pelo departamento médico do CPB juntamente com os profissionais da área técnica, o Centro de Treinamento Paralímpico, localizado em São Paulo, reabriu no início de julho após mais de 100 dias fechado. Porém, apenas profissionais de atletismo, natação e tênis de mesa vêm utilizando parte da estrutura e, mesmo assim, seguindo normas bem específicas. 

São sempre grupos pequenos, com três a cinco pessoas por vez, que têm suas temperaturas checadas logo na chegada ao local. A circulação dentro do CT é feita em caminhos determinados, ou seja, do estacionamento ou porta de entrada até a arena do treino. E nunca um grupo tem contato com o outro. Assim, caso uma pessoa teste positivo para o coronavírus, é possível isolar apenas o grupo do qual ela fazia parte sem precisar interromper a rotina dos demais. 

"Não é possível fazer o treino como era antes porque ainda não conseguimos disponibilizar todo o serviço necessário. A massoterapia, por exemplo, que é muito importante, não estamos fazendo. A própria academia não está aberta. Fizemos um outro protocolo individualizando os equipamentos. Levamos os aparelhos lá para a pista de atletismo, para o tênis de mesa e para a natação", disse Martins.

O diretor do CPB foi bem claro ao afirmar que outros esportes, como o futebol de 5, o goalball e o judô, geridos pela Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV), seguem sem previsão de retorno ao CT. "Desde o protocolo inicial está prevista uma segunda fase, mas não temos perspectiva ainda. A grande preocupação nossa é haver a necessidade de fechar o CT novamente. Porque se isso acontecer, para retomar depois, vai ser bem mais difícil", explica.

Assim, mesmo que Martins admita a possibilidade de um descompasso técnico em Tóquio – já que, em alguns países de fora, os eventos esportivos estão voltando aos poucos –, o foco continua sendo no bem-estar de todos. "A gente quer as medalhas em Tóquio? Sim! Mas queremos a saúde dos nossos atletas. Não podemos pensar em Tóquio como sendo a última Paralimpíada que vai existir", concluiu.


  • Foto: Al~e Cabral/CPB

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