Últimas Notícias

Coluna Buzzer Beater - NBA é a voz ativa


*Por João Rafael Venâncio


Nesta quarta-feira, o mundo dos esportes foi pego de surpresa. O Milwaukee Bucks se negou a entrar em quadra por uma partida de playoffs da NBA, que poderia dar a classificação às semifinais de conferência. A atitude se deu por conta de mais um ataque policial nos EUA. No último fim de semana, Jacob Blake, homem negro, foi baleado por um policial branco pelas costas. A decisão dos jogadores de Milwaukee gerou um efeito cascata na liga e, após o boicote, jogadores de outras equipes também seguiram o mesmo  caminho e se recusaram a entrar em quadra, forçando a liga a adiar as partidas.

É sempre bom entendermos o contexto que a decisão se dá, já que esta é uma das temporadas em que o antirracismo e o pedido por justiça aparecem de maneira mais explícita ao público. Os abusos de autoridade deixaram os atletas revoltados e as redes sociais foram uma plataforma muito poderosa para que eles pudessem expressar opiniões e também passar uma mensagem.

Entretanto, a ação não ficou apenas na internet. Jogadores foram às ruas protestar após os assassinatos de George Floyd e Breonna Taylor, em manifestações antirracistas nos Estados Unidos e se tornaram líderes de comunidades, como Giannis Antetokounmpo. O candidato a MVP desta temporada fez um discurso poderoso e emocionante para a população. Malcolm Brogdon, do Indiana Pacers, foi até Atlanta marchar pelos direitos da população negra e citou que o avô dele fez o mesmo, há muitos anos, marchando com Martin Luther King.

Com a decisão da retomada da NBA, com temporada regular e playoffs, com a tensão racial se alastrando nos EUA, o destaque foi para Kyrie Irving. O armador do Brooklyn Nets liderou um movimento para que os jogadores não voltassem a jogar pela NBA, além de criar um fundo 1,5 milhão de dólares para que as jogadoras da WNBA fossem contempladas, caso não quisessem começar a liga por questões sociais.

A liga, em si, ouve bastante os jogadores e permite as manifestações. Neste retorno, eles puderam entrar com mensagens sociais ao invés de seus nomes em suas camisetas. Kyle Korver, Damian Lillard e Russell Westbrook são alguns exemplos de atletas com mensagens em suas camisetas. Frases como “Black Lives Matter”, How Many More” e palavras como “Peace” e “Equality” são utilizadas pelos atletas. Também ganharam uma biografia de Malcolm X cada.  Nos jogos, atletas com joelhos no chão em protesto durante o hino dos EUA. Gesto que ficou imortalizado com Colin Kaepernick, na NFL, e acabou custando a carreira do quarterback.

Não ter rodada foi algo histórico. O que levou algumas pessoas a especularem o fim da temporada. Ainda na quarta, antes da decisão de boicote, foi noticiado que jogadores de Toronto Raptors e Boston Celtics manifestaram o desejo de sair da bolha da NBA, em Orlando. Na noite de quarta-feira, também foi noticiado após reunião entre os jogadores, que Los Angeles Clippers e Los Angeles Lakers se colocaram contra a continuação da temporada. Duas das principais equipes candidatas ao título se colocaram contra o retorno da liga. Mas, na quinta-feira, os jogadores decidiram pela continuação dos playoffs.

É importante lembrar que não é de hoje que os atletas se movimentam contra o racismo. Ainda nesta década, Eric Garner foi assassinado por policiais dizendo “I can’t breathe” (não consigo respirar). O caso de 2014 ganhou repercussão e os atletas entraram em quadra com camisetas expressando sua indignação.

É muito triste ainda termos que falar sobre estas situações. Porém é necessário, já que a mesma reclamação existe na sociedade há décadas e pouca coisa ou nada é feito. Não ter jogado é uma mensagem para todos. O que vai acontecer daqui pra frente ainda não sabemos, mas o que podemos ter certeza é que os jogadores não vão se calar e vão passar uma mensagem para todos, encorajando e inspirando a população a lutar pelos seus direitos.


foto: Reprodução

1 Comentários

.

APOIE O SURTO OLÍMPICO EM PARIS 2024

Sabia que você pode ajudar a enviar duas correspondentes do Surto Olímpico para cobrir os Jogos Olímpicos de Paris 2024? Faça um pix para surtoolimpico@gmail.com ou contribua com a nossa vaquinha pelo link : https://www.kickante.com.br/crowdfunding/ajude-o-surto-olimpico-a-ir-para-os-jogos-de-paris e nos ajude a levar as jornalistas Natália Oliveira e Laura Leme para cobrir os Jogos in loco!

Composto por cinco editores e sete colaboradores, o Surto Olímpico trabalha desde 2011 para ser uma referência ao público dos esportes olímpicos, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.

Apoie nosso trabalho! Contribua para a cobertura jornalística esportiva independente!

Digite e pressione Enter para pesquisar

Fechar