Últimas Notícias

Indefinição das vagas no judô paralímpico tem lado positivo, avalia técnico da seleção


Única seleção gerida pela Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV) ainda sem vagas definidas para os Jogos de Tóquio, remarcados para 2021, a equipe de judô paralímpico deveria, ao menos em tese, estar mais ansiosa que as demais. Mas na visão do técnico Jaime Bragança, essa incerteza toda pode jogar a favor dos atletas.

"Em tudo, precisamos tentar enxergar o lado positivo. Nesse caso, o fato de não haver ainda vaga definida não deixará nenhum atleta acomodado, pensando que é férias, que pode parar de treinar", disse o sensei, durante o programa "CBDV Ao Vivo", transmitido nesta quinta-feira (30) no Instagram da Confederação. "Todo mundo está ativo. A grande verdade é que ninguém sabe quais serão as ações para classificação: se farão novos eventos, em quais datas... Precisamos esperar um pouco", completou.

Dos 13 judocas com possibilidade de classificação, alguns se encontravam em situação mais confortável antes da pausa nas competições, casos de Antônio Tenório, Alana Maldonado e Willians Araújo. Mas a meta da comissão técnica é, assim que os qualificatórios forem retomados, tentar encaixar a maioria na delegação que irá ao Japão. "Precisamos continuar trabalhando, dentro das condições de cada um, e sonhando com as vagas."

Com todos em quarentena, foi preciso entender a realidade de cada um antes de prescrever os treinos domésticos. Por exemplo, alguns têm áreas externas em suas casas, o que permite exercícios ao ar livre. O trabalho das psicólogas Carolina Campos e Fernanda Carneiro também vem sendo fundamental. "Desde o encerramento dos treinos, elas entraram em contato com os atletas e mapearam as condições de cada um. O que vimos é que eles estão aceitando bem", comentou Jaime, referindo-se a como os atletas têm encarado o período de isolamento.

Por sua vez, os judocas enviam vídeos e fotos das atividades para mostrar à comissão técnica o trabalho longe do tatame. "A gente vinha numa preparação de reta final, os Jogos já haviam começado, praticamente, apesar de ainda ter dois eventos classificatórios. Quando começou a pandemia, veio uma preocupação em tentar adaptar dentro do possível. O cancelamento foi um aspecto positivo porque a gente pode se reorganizar, todos terão igualdade para voltar a treinar, se preparar bem e fazer grandes Jogos", analisou o sensei.

Renovação a caminho
Um dos trunfos da seleção de judô é a mescla entre veteranos como Antônio Tenório, de 49 anos, e Karla Cardoso, de 38, com promessas a exemplo de Luan Pimentel (22) e Giulia Pereira (20). Isso faz parte de um processo desenvolvido desde 2009 pela atual comissão.

"Acho que conseguimos colocar em prática essa mescla de atletas experientes com os jovens. O ciclo de Londres, por exemplo, teve o Willians muito novo surpreendendo e conseguindo um quinto lugar. Você pega os atletas medalhistas, eles vão passando toda essa bagagem aos mais jovens", explicou Jaime, referindo-se ao pesado Willians Araújo.

Em um dos pontos mais importantes do programa, o treinador deu seu ponto de vista a respeito da dificuldade encontrada no país em revelar talentos: "A gente ainda passa no Brasil por uma questão de preconceito, de várias formas. Até na própria família, quando se depara com uma criança de baixa visão ou que nasce cega. Por proteção, acaba excluindo a criança da atividade física. Não tem mágica. A pessoa precisa ter anos de contato com o esporte para chegar ao alto rendimento", falou.

Segundo ele, estudos mostram que a idade entre nove e dez anos é a ideal para as crianças iniciarem a prática no judô. "Só que a gente não vê as crianças cegas chegando na modalidade com essa idade. Tem ainda a falta de preparação dos profissionais. As pessoas veem o ensino do judô para o deficiente visual como algo muito difícil de se fazer. Precisa do conhecimento, é lógico, mas todos poderiam estar capacitados. A gente fala de inclusão, o ideal fosse que toda escola de judô recebesse o aluno com deficiência e desenvolvesse o seu trabalho", concluiu.

Foto: Divulgação

0 Comentários

.

APOIE O SURTO OLÍMPICO EM PARIS 2024

Sabia que você pode ajudar a enviar duas correspondentes do Surto Olímpico para cobrir os Jogos Olímpicos de Paris 2024? Faça um pix para surtoolimpico@gmail.com ou contribua com a nossa vaquinha pelo link : https://www.kickante.com.br/crowdfunding/ajude-o-surto-olimpico-a-ir-para-os-jogos-de-paris e nos ajude a levar as jornalistas Natália Oliveira e Laura Leme para cobrir os Jogos in loco!

Composto por cinco editores e sete colaboradores, o Surto Olímpico trabalha desde 2011 para ser uma referência ao público dos esportes olímpicos, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.

Apoie nosso trabalho! Contribua para a cobertura jornalística esportiva independente!

Digite e pressione Enter para pesquisar

Fechar